Jornalismo e Meio Ambiente
18/06/2019 17:28
Gabriela Azevedo

Profissionais compartilham experiências na área ambiental e comentam o papel do jornalista na sociedade

Jornalistas e alunos debateram como o jornalismo e comunicação podem contribuir melhor para as reflexões ambientais. Foto: Bia Côrtes

A mesa sobre jornalismo e agenda ambiental fez parte da programação do primeiro dia de atividades da I Semana de Jornalismo da PUC-Rio. A mesa foi composta pelos jornalistas Agostinho Vieira, Ana Lucia Azevedo e André Trigueiro, com a mediação do professor Alexandre Carauta, do Departamento de Comunicação Social. Durante o debate, os profissionais discutiram sobre sustentabilidade, desmonte de políticas públicas no Brasil e o papel do jornalismo no processo de educação ambiental.

Segundo o professor de jornalismo ambiental André Trigueiro, do Departamento de Comunicação Social, o desenvolvimento sustentável é um tema que alcança todas as áreas do saber e do conhecimento. Para ele, ser jornalista da editoria de meio ambiente significa entender o que é o Brasil. O professor também explicou que a função social do jornalista é denunciar problemas e sinalizar rumo e perspectiva.

- Eu não sou jornalista ambiental, sou jornalista. Seu eu for cobrir uma matéria de economia, política, esporte, cultura, ciência e tecnologia, o meu olhar é sistêmico. Esse olhar é para perceber as leis que regem a vida e o universo.      Quando falamos de meio ambiente estamos falando de um modelo de desenvolvimento, um projeto de civilização. O jornalismo está ajudando a mudar o rumo das coisas. Não sou imparcial em relação a sustentabilidade, mas isso não faz de mim um militante, pois não é possível defender um modelo político insustentável.

Agostinho Vieira fala sobre as tragédias ambientais no Brasil. Foto: Bia Côrtes

Jornalista do Projeto Colabora, Agostinho Vieira comentou sobre o surgimento de mídias independentes e a criação do Colabora. Ele ressaltou o desinteresse do público para matérias que abordam o tema meio ambiente e a falta de um olhar para a urgência climática em pautas sobre tragédias ambientais.  

-No Projeto Coloabora, gostamos de dizer que praticamos jornalismo de propósito, e esse propósito é a sustentabilidade. As nossas editorias são os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), e as nossas matérias têm um selo dos nossos objetivos. Mas há um desinteresse em matérias sobre mudanças climáticas em relação a outros temas ligados ao meio ambiente. Isso ocorre porque a conexão entre os acontecimentos e a emergência climática não é feita. As pessoas acham que isso é um problema que vai acontecer no futuro.

Ana Lucia Azevedo disse que é fundamental que os responsáveis pelos crimes ambientais tenham uma punição. Foto: Bia Côrtes

A repórter Ana Lucia Azevedo, do jornal O Globo, cobriu os desastres de Mariana e Brumadinho. Durante a palestra, ela relembrou o processo de apuração nas tragédias. Ana Lúcia explicou a relação entre ciência, saúde e meio ambiente, e destacou que o dano ambiental não é uma questão de parcialidade, mas sim de um crime.

-Tivemos o desastre da mineração, mas também desastres na área da saúde, que estão ligados a questões climáticas e à falta de saneamento. Zika, febre amarela e chikungunya nunca desapareceram do Brasil, isso porque não temos saneamento, nem política urbana. Essas doenças são um problema ambiental.  Outro fato é o analfabetismo ambiental. Se temos problemas ambientais, temos problemas nas áreas mais essenciais da vida. Os jornalistas e o público não conseguem perceber que ambiental, na verdade, é o local onde estamos agora, o ar que respiramos, a água que bebemos e qualidade de vida.

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