Projetos para melhorar a qualidade de vida
29/10/2021 18:07
Carolina Smolentzov

Alunos desenvolvem pesquisas com bioimpressão e Realidade Virtual para auxiliar o atendimento na medicina

Dois alunos da Pós-Graduação de Design, Mario Ricardo da Silva Lima, do doutorado, e Vinícius Pontes Arcoverde, do mestrado, desenvolvem projetos que podem revolucionar a medicina. Em suas respectivas pesquisas, eles exploram formas de auxiliar tanto a comunidade médica quanto os pacientes. Para levar adiante o que planejam, os dois trabalham no recém-inaugurado BiodesignLab, do Departamento de Artes & Design (DAD). Lá, é possível fazer um fígado impresso com células de rato, modelos 3D de crânios e tumores, assim como cirurgias em Realidade Virtual e aplicativos para médicos compartilharem exames.

Modelo 3D de crânio de adulto com QR code

Com graduação em Design de Produtos e Design Gráfico, o doutorando Mario Lima já trabalhou com um dos coordenadores do BiodesignLab, o professor Jorge Lopes. A dissertação de mestrado, orientada por Lopes e a professora Jackeline Lima Farbiarz, também do DAD, experimentou impressão 3D aplicada na área da educação infantil. Atualmente, o projeto de Lima parte do uso de células para realizar a bioimpressão.

– A bioimpressão tem muitos caminhos. Um deles é utilizar células para engenharia de tecidos, que é um campo promissor e está com muitos avanços nas últimas décadas, como na questão da célula tronco e da terapia celular. Inicialmente, eu achava que não conseguiria trabalhar com isto no Brasil, sendo designer. Pesquisando e entrando em contato, vi que já estava acontecendo no Brasil, inclusive com expoentes internacionais. O laboratório Biodesign adquiriu uma bioimpressora de uma empresa brasileira, e agora temos ela, imprimindo com um material que emula células, mas ainda não utilizamos as células – detalha.

Projeto do aluno de Doutorado Mario Lima

O BiodesignLab é parceiro de um laboratório da UFRJ que faz experimentos com material biológico. Segundo o doutorando, o objetivo é imprimir um órgão com células do próprio paciente que receberia um transplante, possível a partir das células tronco. Ele explica que, a princípio, seriam utilizadas células de rato para imprimir parte do fígado, até que, futuramente, seja possível o uso de material humano de fato.

Como designer, Lima sempre tentou encontrar na trajetória acadêmica formas de trazer benefícios para sociedade, ao invés de privilegiar a questão do mercado. No BiodesignLab, ele trabalha ao lado de médicos, biotecnologistas, designers, biólogos, engenheiros químicos, sempre com uma perspectiva interdisciplinar. O doutorando também defende que a bioimpressão tem um amplo campo. Um deles é o uso das células humanas para emular a pele em testes de novos fármacos e terapias, o que diminui o uso de animais como cobaias, por exemplo. Mas a produção do laboratório é constante, e Lima afirma que os pesquisadores estão apenas no começo.

– Eu acredito que o designer pode trazer alguma contribuição nessa área da engenharia de tecidos e da bioimpressão, porque ele consegue conjugar diferentes campos de saber. Acredito na interdisciplinaridade como forma de trazer novos olhares para as questões. Eu tenho a sorte de lidar com pessoas que têm este pensamento parecido, de trocar, de trabalho em equipe, com menos estrelismo e mais vontade de gerar soluções e novos saberes.

O aluno de mestrado Vinícius Pontes Arcoverde é graduado em Design de Mídias Digitais, também pela PUC-Rio. A trajetória dele na área da medicina começou ainda na iniciação científica, com o professor Jorge Lopes. Na pesquisa de mestrado, o foco é facilitar a rotina dos profissionais e criar ferramentas de uso prático, que permitam uma visão mais real da situação do paciente. Ele desenvolve um simulador cirúrgico em Realidade Virtual e um aplicativo para que os médicos possam ver exames em 3D, sem a necessidade da logística de um modelo físico.

– Antes o médico tinha que abrir o paciente para descobrir alguma coisa. Depois, raios-x, tomografia, e cada vez mais a ideia é diminuir a abstração para o médico ter a informação que ele queria. É tentar, pela experiência de usuário, por bom design e boa aplicação da Realidade Virtual, trazer isto para o meio médico. 

Projeto do aluno de Mestrado Vinícius Pontes Arcoverde

Para Pontes, o trabalho desenvolvido no Biodesign é muito prático, e o grande diferencial deste espaço é a troca entre o mercado de trabalho e a pesquisa acadêmica. A parceria com o grupo Dasa (Diagnósticos das Américas), de acordo com ele, facilita a produção por causa da escala industrial.

– Tem a questão de tornar a impressão 3D cada vez mais barata, e viável como um serviço, caso um médico queira usar. O laboratório tem uma parceria forte com a indústria e o mercado. Portanto, existe mais facilidade em ter investimento e material. Lá, há pessoas incríveis para se colaborar. As pessoas que frequentam o laboratório são muito boas no que fazem e estão prontas para ensinar e também para aprender com todo mundo.

O mestrando conta também que alterou a dissertação ao longo do tempo, ao se deparar com limitações nas simulações no computador. Junto aos pesquisadores do laboratório, outros caminhos foram achados para melhorar o aspecto da visualização de exames para algo que agregasse valor para o trabalho dos médicos. Pontes avalia que o mais importante é nunca perder de vista o objetivo de inovar e, para ele, a novidade deve ser sempre pensada para o mundo real: que tenha aplicabilidade, reduza incertezas e melhore a qualidade de vida.

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