Projeto Endowment: transparência e segurança
24/06/2022 14:37
Maria Fernanda Firpo

Na primeira reunião presencial do Fundo Patrimonial da PUC-Rio, conselheiros discutem sobre futuras metas e programas de captação de recurso

Foto: Jorge Paulo Araujo

Após dois anos com reuniões on-line por causa da pandemia, os Conselheiros do Projeto Endowment da PUC-Rio se encontraram presencialmente na sala do Conselho Universitário no dia 3 de junho. Criado em 2019, o programa tem como objetivo financiar projetos de pesquisa, bolsas de estudos e modernização da Universidade a partir de doações de antigos alunos. Além dos 12 conselheiros, estiveram presentes o Reitor, padre Josafá Carlos Siqueira, S.J., o Vice-Reitor Geral, padre Anderson Antonio Pedroso, S.J., a diretora do Departamento de Direito, professora Caitlin Mulholland, o diretor do Departamento de Economia, professor Juliano Junqueira Assunção, o diretor do Departamento de Administração, professor Leonardo Lima e o diretor do Departamento de Medicina, professor Jorge Biolchini.

Durante a reunião, os conselheiros do Projeto Endowment comemoraram o alcance da meta de R$10 milhões doados, além de discutir pontos para a melhoria do programa. Responsável pela fala de abertura, o Reitor destacou a relevância do fundo patrimonial para projetos e pesquisas que surgem na instituição. Segundo ele, a PUC-Rio transformou-se em um espelho para outras universidades, além de deixar um legado importante. Em seguida, o Vice-Reitor Geral enfatizou a importância de ex-alunos da Universidade continuarem com a tradição da Companhia de Jesus, que existe desde o tempo de Santo Inácio, de se preocupar em dar prosseguimento às obras da instituição.

Vice-Reitor Geral, padre Anderson Antonio Pedroso, S.J., e o Reitor, padre Josafá Carlos de Siqueira, S.J. / Foto: Jorge Paulo Araujo

Atualmente, os doadores podem decidir se querem contribuir para o Fundo Patrimonial do Endowment ou diretamente para os departamentos. A grande vantagem de doar para o fundo é a transparência que existe sobre o recurso, o que confere mais segurança ao colaborador. O professor Juliano Junqueira Assunção afirmou que a produção científica do Departamento de Economia aumentou durante os últimos anos por conta do grande engajamento e contribuições recebidas. No entanto, apesar deste sucesso, ele assinalou que o setor de economia tem dificuldades de retenção do quadro docente, pois alguns professores deixam a instituição para trabalhar no exterior ou no serviço público.

Professor Juliano Junqueira Assunção. / Foto: Jorge Paulo Araujo

De acordo com Assunção, a rotatividade do corpo docente significa que a Universidade contribui para a sociedade e cria quadros de excelência. Atualmente, um dos objetivos do departamento é criar condições de pesquisa para que o professor possa desenvolver as atividades e pesquisas da mesma forma que centros europeus e americanos. Para que isso seja possível, o departamento recebe financiamento de uma rede de ex-alunos e professores, que entendem a importância de um projeto como este. Entretanto, segundo Assunção, a estrutura é limitada em termos de captação, pois não existe um sistema de governança nem transparência para os doadores.

– Nossos doadores típicos dão um recurso para o departamento, mas não recebem nenhuma informação adicional sobre como o recurso foi gasto. É preciso ter um voto de confiança muito severo. O que eu acho interessante do Endowment é justamente a possibilidade de criar uma governança, o doador tem a segurança de que o recurso está protegido e que esses recursos vão atingir objetivos.

Para o presidente do Conselho de Administração do Endowment, Carlos Augusto Junqueira, uma das metas é transformar o Fundo Patrimonial em sinônimo da PUC-Rio. Mesmo que seja considerado saudável os departamentos ainda receberem doações diretas, assinala, devem existir limites para essas doações. Segundo Junqueira, o ideal seria que as doações fossem direcionadas para o Fundo Patrimonial. Além disso, ao doar para o Endowment, é possível fazer uma contribuição com propósito específico. De acordo com o advogado, estas ofertas são vinculadas a valores grandes.

– A diferença da doação de propósito específico para uma doação regular para o Endowment é que a instituição usaria apenas os juros de rendimento do valor doado. Por exemplo, se a pessoa doa R$ 100 mil por ano, o rendimento pode ser de R$ 5 ou R$ 6 mil em valor líquido, até porque tem taxa de administração, Imposto de Renda e outras cobranças que incidem no valor.

Presidente do Conselho de Administração do Endowment, Carlos Augusto Junqueira. / Foto: Jorge Paulo Araujo

Segundo Junqueira, dois projetos de captação de bolsas financiados pelo Fundo Patrimonial estão em desenvolvimento, entre eles um de iniciação científica e outro voltado para tecnologia de mulheres negras pela Coordenação Central de Extensão (CCE) com o Departamento de Informática. Outro ponto discutido na reunião foi a melhoria da comunicação com os antigos alunos da PUC-Rio e o estabelecimento de parcerias sólidas com instituições naturalmente grandiosas, como o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM) e o Aquário Marinho do Rio de Janeiro (AquaRio).

Conhecimento e mentoria

De acordo com o presidente da Associação dos Antigos Alunos e Endowment da PUC-Rio, Ricardo Lagares, a necessidade de fortalecer os laços com os ex-alunos da PUC, e criar uma rede de comunicação com eles, é importante para que seja possível o aumento das doações e captações de recursos. A ideia já existe no exterior e precisa ser impulsionada aqui no Brasil. Lagares lembrou que a PUC-Rio foi pioneira ao criar um Endowment de uma universidade baseada na Lei dos Fundos Patrimoniais (Lei 13.800). Segundo ele, outros cursos de diferentes instituições, como a Escola Politécnica da USP, já tinham fundos de investimentos, no entanto, nenhum deles incluía instituição como todo. Para ele, esta primeira reunião do Endowment presencial, após dois anos de afastamento, foi extremamente importante para a caminhada do projeto.

Além de financiar os projetos para cada departamento, os antigos alunos foram os principais doadores do plano de inclusão digital durante o período da pandemia. Por conta do estado de calamidade pública que o mundo se encontrava, a associação decidiu parar de captar recursos para o Fundo Patrimonial e decidiu priorizar os esforços para o combate da pandemia.

-- Esta reunião tem um significado realmente abrilhantado, como se fosse aquele encontro para darmos início de fato à uma caminhada conjunta de todos, rumo à uma direção em prol do ideal de ajudar o próximo e proporcionando o bem mais valioso aos que mais necessitam: o conhecimento.

Presidente da AaA, Ricardo Lagares. local da sede do fundo patrimonial / Foto: Catarina Kreischer

Apenas em meados de 2021, eles voltaram a captar fundos para o projeto e em maio de 2022 a meta de R$ 10 milhões que foi instituída em março de 2020 já tinha sido batida. Além disso, segundo Lagares, umas das principais razões da criação do Projeto Endowment é para realizar o desejo de ver um aluno da PUC-Rio ganhar o prêmio Nobel. Mas para que este sonho seja alcançado é preciso criar planos e se preparar, assim como ocorre nas universidades estrangeiras.

-- Nós temos que fazer um plano e escolher pessoas que podem ter essa possibilidade de serem laureadas. É preciso fazer um plano de teste de 20 anos, assim como acontece nos Estados Unidos. Não pense que esses 386 americanos laureados surgiram em um piscar de olhos. Isso foi planejado, estudado e essas pessoas preparadas. Elas foram colocadas nos melhores laboratórios com os melhores mentores, e podemos fazer isto, mas é preciso de um planejamento.

Mais uma proposta que está em discussão é um programa de mentoria e, para fazer parte dele, seria necessário fazer uma doação ou uma contribuição anual, algo em torno de R$ 800. A meta deste plano é obter cerca de 10 mil antigos alunos que sejam associados Endowment e, assim, arrecadar cerca de R$ 8 milhões. Outro objetivo a ser alcançado é dobrar a atual meta batida de R$10 milhões em 12 meses.

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