Memórias do mundo do trabalho: um centenário
03/05/2017 18:01
Professora Margarida de Souza Neves/ Fotógrafo desconhecido

Há cem anos, greves gerais surgiram para reinvindicar por melhores condições de trabalho e salários dignos.

Trabalhadores em greve reunidos no Centro do Rio de Janeiro (revista Careta, Julho de 1917)

2017 é uma data importante para o mundo do trabalho no Brasil. Há cem anos, as greves, inicialmente no Rio de Janeiro e em São Paulo, e depois em outras cidades, mostraram ao país que o tempo da “inviolabilidade da vontade senhorial”, herança de quatro séculos de escravismo transplantada para o incipiente universo fabril, já não era incontestável. Pela primeira vez, greves gerais ecoaram reivindicações por melhores condições de trabalho e salários dignos.

As vitórias dos movimentos de 1917 não foram grandiosas. Mas o Estado, que considerava greves como um caso de polícia, teve que negociar com as lideranças dos trabalhadores, e reconhecer que o mundo do trabalho era parte da política.

Nenhuma das crianças obrigadas ao trabalho nas fábricas para complementar a renda familiar; nenhuma das mulheres que enfrentavam o trabalho fabril depois da jornada doméstica; nenhum operário que se viu diante da violência da polícia; ninguém que tenha vivido aquele distante 1917 jamais esqueceu as ruas desertas de uma cidade em greve; o transporte público paralisado; o medo estampado nos jornais; o silêncio das máquinas paradas; a primeira experiência da força da organização dos trabalhadores. Poucos, no entanto, relacionaram o que ocorria então nas fábricas brasileiras com o quadro europeu resultante da primeira Grande Guerra ou com a revolução russa, também de 1917.

Por reconhecer que 2017 é um centenário significativo, o Núcleo de Memória da PUC-Rio quer fazer dessas crônicas um registro da história e da memória do trabalho e dos trabalhadores da Gávea, em 1917 um bairro operário, assim como da memória e da história do trabalho como tema de estudo e de pesquisa na PUC-Rio, e dos diversos trabalhadores, sejam eles funcionários, prestadores de serviços, operários, pesquisadores, professores ou quaisquer outros que fizeram e fazem realidade a Universidade. Porque esse centenário merece ser lembrado.

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