Hotéis e creches para cachorros
17/05/2019 19:13
Beatriz Puente

Setor pet diversifica atividades e oferece lazer, conforto e segurança para cães e donos

Nas creches e nos hotéis os cães são supervionados durante todo o tempo. Foto: Amanda Dutra

Piscina, cômodos com ar condicionado, recreação e alimentação regulada são algumas das regalias oferecidas pelos hotéis e creches para cachorros no Rio de Janeiro. Este tipo de serviço já é uma tendência em São Paulo e começa a conquistar o coração dos cariocas que agora podem viajar ou passar o dia fora de casa e têm opções de onde deixar os cães.

A aposentada Carmen Silveira, 67 anos, deixa os dois vira-latas, Rufus e Luna, pelo menos duas vezes ao ano em um hotel especializado. Ela conta que consegue viajar tranquila quando deixa os dois bichinhos hospedados. Para ela, esse atendimento não é um luxo e, sim, é uma necessidade.

- Eu moro em casa, por isso eles estão acostumados a ter espaço. Se você não tem alguém da família que goste de cachorro, que possa ficar e tenha espaço, fica difícil. Essa coisa de hotelaria hoje é necessidade. E eu vejo que eles ficam felizes, vão animados, são bem cuidados, brincam. Deixo eles sempre quando viajo e já precisei deixar quando fiz uma cirurgia.

As atividades são fundamentais para os cães amiores gastarem energia. Foto: Amanda Dutra

Hospedagem, DayUse, DayCare, conhecido como creche, veterinário, fisioterapia e natação são alguns dos serviços da RioPet Gávea. A dona do local, Rosana Soares, 48 anos, explica que a ideia surgiu há quase dez anos. Ela trabalhava com cachorros e quis empreender e inovar na área que já tinha experiência. Hoje, a loja recebe cerca de 50 cachorros por dia.

- Eu tinha canil, mas é complicado e chegou um ponto que era muito trabalho e não dava tanto retorno financeiro. Resolvi criar o hotel, onde eu iria poder trabalhar com os cães, algo que amo fazer, e sem as preocupações de um canil.

Rosana adminstra a RioPet há quase 10 anos. Foto: Amanda Dutra

A veterinária Cláudia Regina Moraes orienta os donos que, antes de deixar o animal em algum lugar, verifiquem as instalações do estabelecimento.  Mas, alerta, é preciso tomar algumas medidas preventivas para que a saúde dos pets seja resguardada.

- Antes de tudo, o dono tem que ver se o local é limpinho, se tem estrutura para atender emergências, segurança na área da piscina, por exemplo, se há funcionários acompanhando o tempo todo os animais. Mas o cachorro precisa estar vacinado direitinho e ter uma boa socialização com os outros cachorros também.

Rosana explica que, tanto para os cães que ficam na creche quanto os que estão hospedados, há uma rotina diária, com alimentação diferenciada, piscina, descanso, brincadeiras e avaliação veterinária ao chegar e ao sair. Segundo ela, os donos que trabalham fora são os que mais procuram o serviço de DayCare para evitar que o animal fique sedentário ou deprimido.

- Quem busca nosso serviço de creche é quem fica fora de casa o dia todo e não quer deixar o animal sozinho. Nós mandamos fotos e vídeos dos cachorros pelas redes sociais, para verem que eles estão brincando, correndo, que estão bem. As pessoas acham que só passear com o cachorro de manhã é suficiente. Talvez seja para um shih tzu, que é raça pequena. Quando o dono sai de casa, o que o cachorro fica fazendo? O cão dorme, fica deitado. É saudável para o cão ter atividade, interagir com outros cães, correr.

Há atividades diárias para os animais hospedados e que ficam na creche. Foto: Amanda Dutra

Ézio é um pitbull de cinco meses que frequenta a creche duas vezes por semana. Os donos, Carolina Castro e Bernardo Ferraz, trabalham o dia todo fora e, quando resolveram adotar o filhotinho, já estavam decididos a não deixar ele sozinho no apartamento. Carolina explica que eles também se preocuparam, desde cedo, com a socialização do cão por causa de características da raça, conhecida como agressiva, e que, por isso, foi difícil achar um local que o aceitasse.

- Existe esse preconceito com o pitbull, e por causa disso nós sempre tentamos inseri-lo em atividades e adestrá-lo desde cedo. A RioPet Gávea aceitou fazer o processo de socialização porque ele era muito novo, e seria mais fácil de adaptar o convívio com outros cães. Antes, ele tinha medo de água, por exemplo, e agora adora piscina. Ele ama ir para lá, brinca bem com os outros e volta cansado porque fez muita atividade. É uma despesa que temos, mas que temos a certeza de que vale a pena.

Em meio à crise econômica, o mercado pet é um dos poucos que apresenta um crescimento considerável no país. Com diárias que variam entre R$ 50 e R$ 200, o setor movimentou mais de R$ 20 bilhões no ano passado, segundo o relatório da Euromonitor. Para 2019, estima-se um faturamento acima de R$ 22 bilhões.

O local recebe cerca de 50 cães por dia. Foto: Amanda Dutra

No ramo desde 2014, o Park Clube do Totó montou um modelo de parque aquático exclusivo para cães e donos aproveitarem juntos, além dos serviços de hospedagem e DayCare. Dono do estabelecimento, Marco Antônio Vieira conta que recebe cerca de 200 cães por fim de semana. O espaço tem áreas com areia, grama e água. Segundo Vieira, a ideia de um lugar de lazer para animais surgiu a partir de uma experiência que ele teve.

- Eu estava na praia com o meu cachorro e veio um guarda municipal reclamar comigo. Estamos no Rio de Janeiro e não podemos levar nossos animais na praia quando está calor. A proibição dos animais na areia e no mar foi o que me deu a ideia de ter esse espaço em que os donos e os cães podem ficar juntos, brincar e se divertir.

Marco Antônio afirma que o crescimento desse setor é facilitado porque o mercado é pequeno, unido e há margem para inovações, tanto assim, que o Park Clube do Totó vai abrir duas franquias ainda este ano.

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