A segunda edição do Encontro Cultura e Consumo Brasil (CCB) teve início na quinta-feira, 13, e reuniu professores, mestrandos e doutorandos para debater sobre as áreas de pesquisa voltadas ao modo de produzir e consumir cultura na sociedade brasileira. Com o tema CCB: Como ser relevante no sul global?, os pesquisadores puderam tirar dúvidas com diversos professores durante um momento reservado para mentorias.
Na abertura, o doutor em administração de empresas Marcus Hemais mediou a mesa composta pela professora de marketing da PUC-Chile Daiane Scaraboto e pela professora da Escola de Negócios da UFRJ Maribel Suarez. O professor Bernardo Figueiredo, da Escola de Economia, Finanças e Marketing da RMT University na Austrália, também participou da abertura por videoconferência. Eles teceram um painel sobre as perspectivas globais e regionais da Consumer Culture Theory (CCT).
Para Figueiredo, o principal motivo de existirem poucas pesquisas brasileiras é a própria falta de submissão de publicações e o fato de a língua mais usada no meio acadêmico ser o inglês. Ele afirma que estudiosos dedicados à administração e ao marketing devem procurar estabelecer uma interdisciplinaridade com a antropologia, a sociologia e outras ciências, para enriquecer a elaboração das teses em cultura e consumo.
– Existem outras disciplinas que são mais avançadas em certos métodos, e não tem nada que nos impeça de cruzar essas fronteiras. Tem duas formas de valorizar o Sul no que diz respeito a pesquisas: Uma delas é tentar entender a diferença entre contexto substantivo e contexto teórico, e investir no desenvolvimento da teoria, usando o Brasil como exemplo para análise. A outra forma é usar autores brasileiros e latino-americanos, como Gilberto Freyre e Florestan Fernandes, para compor o embasamento das pesquisas.
Em seguida, a professora Maribel Suarez falou sobre o crescimento do número de publicações que utilizam abordagem da CCT. Ela citou alguns desafios, como o predomínio de revistas generalistas, em que os editores têm pouco discernimento das diferentes propostas dentro do campo de comportamento e consumidor; o desconhecimento e preconceitos, ainda que decrescentes, a respeito dos métodos qualitativos; e o estabelecimento de critérios de avaliação realistas para as pesquisas publicadas nos periódicos brasileiros.
Já a professora Daiane Scaraboto abordou sobre o Consumer Culture Theory Consortium, da qual ela é representante na América Latina. Ela explicou que o CCT foi fundado com o objetivo de promover um fórum formal de troca de ideias entre pesquisadores e apoiar o estudo da Cultura de Consumo por meio de uma instituição oficial.
Na palestra Lentes Teórico-epistemológicas para Estudos em CCB, o professor do IAG Luís Alexandre Pessôa, doutor em Letras, abordou a semiótica como metodologia de análise de dados. Pêssoa afirmou que o campo de aplicação da semiótica é extenso, e que os pesquisadores devem escolher apenas uma entre tantas vertentes teóricas para se aprofundar e fazer um recorte da temática do artigo em construção.
– Se você faz uma análise do discurso usando Foucault é ótimo, se você faz uma análise usando a semiótica Peirceana é ótimo, se você faz modelagens, equações estruturais, é ótimo. Eu não estou aqui para vender um método. Mas é importante a gente saber que a semiótica também está disponível para o estudo de CCT.
Estudos Críticos do Consumo foi o tema discutido pelo professor Eduardo Ayrosa, do Programa de Pós-Graduação da Unigranrio. Ele diferenciou o conceito de teoria tradicional e teoria crítica, e levou os ouvintes a refletirem sobre o que é ser crítico e o que é ser julgador.
– A crítica é uma posição do intelecto. Devemos ser suficientemente curiosos para aprender novas maneiras de nos referir aos fatos da vida.