A força infinita da ciência
09/11/2018 15:09
Ana Carolina Moraes

O curador da coleção de aves do Museu Nacional, Marcos Raposo, faz palestra sobre a relação da ciência e da filosofia no Seminário do Centro de Ciências da Conservação e Sustentabilidade do Rio.

O professor Marcos Raposo falou sobre as dificuldades da pesquisa científica na era da pós-modernidade. Foto: Amanda Dutra

O Museu Nacional e os desafios da ciência na pós-modernidade foram os temas abordados no Seminário do Centro de Ciências da Conservação e Sustentabilidade do Rio, que ocorreu no dia 7, no auditório B8. O professor da UFRJ e curador da coleção de aves do Museu Nacional, Marcos Raposo, foi o palestrante convidado. O professor falou sobre os grandes desafios que os cientistas enfrentam na atualidade, e como isso refletiu no incêndio que atingiu o Museu Nacional em setembro deste ano.

Ao iniciar a conversa, Raposo fez um apanhado dos pensamentos de filósofos e cientistas ao longo da História. Seu objetivo foi ilustrar como a dualidade da filosofia, de Platão e Aristóteles, também se reflete na ciência, com Linnaeus e Darwin. Segundo o professor, a lógica deve ser observada como um caminho a ser seguido, e não um fim.

- A ciência, assim como todo tipo de conhecimento, é inesgotável, mas os fatos não são fixos, e variam de acordo com o contexto histórico – assinalou Raposo.

Apesar da mutabilidade, o pesquisador acredita que a ciência é fundamental na obtenção de uma linha de pensamento confiável. Ao refletir sobre o Museu Nacional, Marcos Raposo ressaltou a importância do papel da instituição em reunir os conhecimentos obtidos no passado. No incêndio, revelou o pesquisador, foram perdidos registros de dialetos indígenas de tribos que não existem mais, por exemplo. O palestrante também falou do impacto que o acidente provocou na vida dos pesquisadores, com trabalhos de vidas inteiras perdido.

- A gente pode usar a filosofia de certa forma para começar a pensar em um diagnóstico do que aconteceu. O incêndio Museu é, nada mais nada menos, do que o nosso desprezo total pelo saber. O conhecimento é, de certa forma, relativo, mas a ciência continua sendo o conjunto de estratégias que melhor garante a obtenção dele.

Sobre os desafios da pós-modernidade, o professor afirmou que a pluralidade é o maior deles. Como o indivíduo é bombardeado com uma quantidade elevada de informações no seu dia a dia, ele não consegue definir em que acreditar, ou não. Para Raposo, o saber virou uma prioridade secundária na sociedade contemporânea, e o papel do cientista é combater a ignorância com informações e fatos.

- O problema da polarização que temos hoje é este, os paradigmas são tão distintos que não conseguem dialogar. E é aí que a ciência consegue ajudar. Como você rompe um paradigma? Com informação. Ela acaba criando um acúmulo de informações anômalas, que tornam o paradigma impossível e fazem a pessoa se questionar. E o que temos que fazer como cientistas é informar cada vez mais.

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