A 2ª Conferência Internacional de Estudos da Imigração Chinesa no Brasil ocorreu nos dias 5 e 6 de junho e foi organizada pelo Instituto Confucius da PUC-Rio em parceria com a Universidade de São Paulo e a Universidade de Macau. O primeiro dia de debates, na quarta-feira, 5, abordou a questão da diáspora chinesa ao apresentar a saída dos chineses do país de origem nos últimos 200 anos. Em contraponto, foi discutido a volta dessas pessoas e dos descendentes deles à China devido ao crescimento econômico que ocorreu na região desde a metade do século passado.
O professor Hong Liu, da Universidade Tecnológica de Nanyang, em Singapura, abordou o crescimento econômico da China e as implicações culturais. Ele comentou os esforços de instituições chinesas em planejar políticas que deem suporte e revertam a diáspora. Para ele, isso ocorrerá por meio da divulgação da prosperidade que a nação chinesa vive atualmente.
— A história da imigração chinesa vai de uma China decadente economicamente a um crescimento desse poder comercial, o que atraiu olhares e deu novas perspectivas ao país. As instituições servem como ferramenta de reverter a diáspora, difundindo a situação, as questões e os estudos sobre o país.
A diretora do Centro para o Estudo de Raça e Etnia na América da Brown University (EUA), Evelyn Hu-Dehart, relacionou a diáspora chinesa à globalização por meio de comparativos históricos. Segundo ela, a principal responsável pela emigração dos chineses foi a decadência da economia do país em um mundo marcado pelas novas relações comerciais.
— O país sofreu por, de repente, se ver inserido em um mundo de constantes mudanças ocorrendo no eixo de capital global, pautado pelas relações comerciais mais estreitas. Foi isso que ocasionou a saída dos chineses, indo para outras partes do mundo. Elas perceberam que a China, naquele momento, não estava adaptada a essa tendência global.
O professor Leonardo Berenger, do Departamento de Letras, ressaltou a importância da imigração chinesa para o Brasil. Ele destacou a troca cultural entre os dois países, por conta das pluralidades que essas nações têm e que tendem a se miscigenarem. Berenger citou também o enriquecimento acadêmico que surgiu a partir desse contato frequente e que, para ele, provocará uma rica produção de conhecimento.
– Essa relação é decisiva não só em aspectos linguísticos culturais, pela troca cultural com a China, que é riquíssima e plural como a do Brasil. A tendência é que essa mobilidade chinesa construa um Brasil diverso com tantas influências de comunidades externas. Também pela sua produção acadêmica, visto que as universidades chinesas produzem um conhecimento de muita solidez. E é de uma importância capital toda a aproximação comercial com a China, sendo ela um país central no eixo comercial global.