Em aula magistral, acadêmico aborda o uso de economia e dados para avaliação de políticas públicas

Na quarta-feira, 12, o professor Claudio Abramovay Ferraz do Amaral, do Departamento de Economia, recebeu o título de Professor Titular da PUC-Rio. A posse teve a presença do Vice-Reitor, padre Álvaro Mendonça Pimentel, S.J., e o Vice-Reitor para Assuntos Acadêmicos, José Ricardo Bergmann.

Em uma sessão do Conselho Universitário, Ferraz proferiu uma aula magistral. Após a leitura do Vice-Reitor Acadêmico Bergmann, do parecer da comissão central de carreira docente, o professor de economia fez uma explanação sobre o uso de economia e dados para a avaliação de políticas públicas.

O professor coordena a Rede de Pesquisa em Economia Política da Latin American and Caribbean Economic Association (LACEA). Dentro das pesquisas, ele apresentou estudos sobre as causas e consequências da corrupção e da qualidade de governos, incentivos políticos e seus efeitos sobre a economia e a avaliação do impacto de políticas nas áreas de governança, educação e criminalidade. Antes de ser titular, Ferraz atuava como professor associado do Departamento de Economia da PUC-Rio.

Padre Álvaro comentou da felicidade em celebrar mais uma titularidade na PUC-Rio, e definiu a cerimônia como uma etapa de florescimento. Para o Vice-Reitor, a Universidade é um ambiente que permite as pessoas desenvolverem os dons para chegar ao grau de exigência, que é o título. Ele ainda ressaltou a importância que uma titulação como essa tem para a comunidade universitária.

- Esperamos que isso seja um modelo, um exemplo, para alunos e professores que se dedicam à carreira acadêmica. E a importância é o reconhecimento da trajetória dele aqui na Universidade e também como um lugar que proporciona esse crescimento para os profissionais da área. No caso, em particular do professor Claudio, pela sua pesquisa, que tem um impacto direto em decisões importantes para as políticas públicas.

O professor de economia, que foi professor visitante na Stanford e na Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), relatou por que não se pode afirmar que um maior gasto na educação gera automaticamente um melhor resultado. Para ele, isso ocorre por um conjunto de fatores que fazem com que diferentes lugares gastem dinheiro, mas sem receber o retorno na aprendizagem.

- A educação é uma área, não só no Brasil, mas em geral, em que existe uma grande dificuldade em transformar o dinheiro que você gasta em aprendizagem. Parte tem a ver com gestão das escolas, parte está relacionada com a capacidade dos professores. E, no caso do Brasil, isso está ligado com a corrupção. Dinheiro que desaparece e não vai para os municípios.

Segundo Ferraz, o que aconteceu na economia nos últimos 25 anos foi algo que ele definiu como uma revolução empírica. De acordo com o professor, está relacionado com a mudança da análise dos economistas sobre os efeitos e causas em áreas como a educação e, também, a saúde.

- Os economistas começaram a usar cada vez mais dados e também técnicas para estimar efeitos causais de áreas que antes não eram tão estudadas, como a educação, criminalidade, saúde e corrupção. Ou seja, você usa experimentos naturais que acontecem no dia a dia para medir impacto de políticas.

Para o economista, a maior dificuldade em fazer economia experimental é ter experimentos, que muitas vezes não acontecem todo dia. Ele disse que, em alguns casos, é preciso convencer um governo que esteja disposto a colocar em prática alguma política pública que tenha impacto.

Ferraz se graduou em Economia em 1994, pela Universidade da Costa Rica, e completou o mestrado na mesma área, três anos depois, na Universidade de Boston. Ele concluiu o doutorado em 2006, na Universidade da California, com a pesquisa Essays on the Political Economy of Corruption and Environmental Regulation in Brazil.