O professor Emérito do Departamento de Filosofia da Universidade de Paris 8 Patrice Vermeren esteve na PUC-Rio para ministrar o minicurso Depois de 1968, o ano filosófico interrompido: debates sobre democracia e acontecimento. Foram cinco encontros, de 19 a 23 de agosto, voltados para alunos de pós-graduação para debater o movimento de Maio de 68, que ocorreu na França. Os protestos deste período foram iniciados por movimentos estudantis insatisfeitos com o sistema educacional francês e que queriam revisar costumes com lutas políticas, obras filosóficas e a força da cultura juvenil.
O professor Gustavo Chataignier, do Departamento de Comunicação Social, convidou Vermeren para vir à Universidade com o auxílio do Instituto de Estudos Avançados em Humanidades (IEAHu) que tem o intuito de apoiar e promover ações acadêmicas interdisciplinares e interdepartamentais. De acordo com Chataignier, o curso já estava pronto e ele fez o convite para o professor lecionar sobre esse fato, que é considerado marco histórico para os filósofos.
- Patrice é ator e testemunha, de certa forma, de Maio de 68. Ele tem seu brilho próprio, estudou muito e tem grandes filósofos como colegas.
A filosofia, na tradição francesa, era acadêmica e foi fundada institucionalmente no século XIX com o apoio do Estado. O objeto do doutorado do Vermeren é uma filosofia nomeada de eclética que queria, dentro do currículo, preparar o aluno para aplicação da teoria ainda tradicional. De acordo com o professor, o movimento é um marco importante, pois, após a Segunda Guerra Mundial, há um rompimento com a tradição e uma insurreição popular que superou barreiras étnicas, culturais, de idade e de classe.
- Antes de 68, apresentam-se diferentes filosofias com pensamento tradicional. Entretanto, o movimento rompe a continuidade de uma tradição para reivindicar a igualdade – observou Vermeren.
Vermeren destaca que, para firmar a filosofia francesa contemporânea, foi fundamental o aparecimento de grandes teóricos como Jacques Rancière e Alain Badiou. Para Badiou, a saída da academia não é uma crítica ao discurso teórico, mas sim uma abertura para aquilo que não é conceitual. A filosofia passa a ser pensada como uma ruptura, deve-se reinventar para iniciar novos processos. É uma oportunidade para abertura das instituições e democratizá-las.