Energia limpa, pura e sem barulho
04/12/2015 05:50
Caio Sartori / Foto: Weiler Filho

Usina fotovoltaica construída em parceria com a Light contribui para a geração de energia solar no Brasil

Inauguração da usina, no dia 25 de novembro, levou professores da Universidade à sede da Light

Apesar do grande índice de insolação, o Brasil investe muito pouco na geração de energia solar. Em novembro, a Universidade inaugurou, em parceria com a equipe de Pesquisa & Desenvolvimento da Light, uma usina fotovoltaica no museu da empresa, no Centro. É o primeiro sistema da América Latina capaz de ser monitorado em tempo real, placa a placa, via internet. Além da geração de energia limpa, o projeto, que nasceu depois de dois anos de desenvolvimento e envolveu dois departamentos da Universidade, incentiva a pesquisa desse tipo de produção energética: até agora, já rendeu uma dissertação de mestrado, um artigo e uma apresentação em seminário na Espanha, ano passado.

A usina pode ser visitada pelo público – leigo ou especializado – no Museu Light da Energia. De acordo com o professor do Programa de Metrologia da PUC-Rio, Maurício Nogueira Frota, principal articulador do projeto, a usina em parceria com a Light contribui para que haja um crescimento não só no campo da pesquisa, como também na forma de mostrar ao público como funciona todo o processo.

– A usina que nós montamos é diferente porque é uma usina-laboratório que tem esse propósito de permitir a criação de experimentos lúdicos, para que possa ser usada pelos visitantes do museu – explica.

Segundo o professor do Departamento de Engenharia Elétrica Reinaldo Castro Souza, que também participou da parceria com a Light, as pessoas que conhecerem o sistema vão perceber que essa tecnologia é limpa, pura e sem barulho, diferente da eólica, por exemplo. Para o professor, a energia solar é uma possível saída para o “deserto” que o país está atravessando no setor elétrico.

– A cada dia que passa, os reservatórios (de energia elétrica) estão mais vazios. Antes de ter água para energia, você tem que ter água para beber. Nunca, na história deste país, o Nordeste teve 4,6% do nível dos reservatórios em dezembro.

 O dado citado por Reinaldo mostra o nível da crise do setor. Segundo dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), além do Nordeste, outras regiões passam por um momento conturbado. No Norte, o nível atual (até o dia 2 de dezembro) é de apenas 18,4%. No Sudeste/Centro-Oeste, o número chega a 27,7%, enquanto o Sul do país é a única área que não passa por problemas: os reservatórios daquela região estão com 97,3% do volume.

Recentemente, Reinaldo acompanhou uma arquiteta que implementou um sistema de microgeração distribuída em casa, a fim de mudar o modo de produção de energia. Com o método, cerca de 70% do consumo passaram a ser fornecidos pelo aparelho solar, enquanto o resto ficou por causa de um contrato mais simples com a Light, para suprir a demanda à noite e em dias sem sol. Ela, explica o professor, investiu R$ 12 mil no sistema, mas viu a conta mensal cair de R$ 400 para R$ 120, em média.

– O museu pode ser um incentivo para pessoas que têm uma tarifa alta ou que exercem atividade comercial em casa poderem fazer a microgeração distribuída.

Reinaldo também observa que o momento atual – COP21, crise econômica, poluição – tende a gerar novas alternativas, o que poderia promover um aumento na produção de energia limpa. Sobre o potencial pouco aproveitado do Brasil na geração de energia solar, o professor assinala que o principal problema é o custo das placas, que ainda precisam ser importadas. Entretanto, segundo ele, há uma forma de fazer os preços caírem: uma maior demanda – algo que já vem ocorrendo.

– Já existem escritórios que são contratados para fazer um estudo em casa, para ver o potencial e o preço de se fazer uma geração fotovoltaica – comenta.

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