A riqueza do conhecimento e da inovação
19/07/2016 17:23
Padre Josafá Carlos de Siqueira, S.J.

O Reitor da PUC-Rio, padre Josafá Carlos de Siqueira, S.J., valoriza o conhecimento gerado nos vários projetos desenvolvidos pela PUC-Rio que contribuem para a melhoria da produção científica, do ensino, da inovação e do aumento de patentes em nosso país.

Segundo dados recentes da Confederação Nacional da Indústria, nas últimas décadas mais da metade da riqueza mundial foi gerada pelo conhecimento, superando outras parcelas atribuídas aos fatores de produção tradicional como recursos naturais, capital, trabalho etc. Nos países ricos, o investimento é maior em ativos intangíveis como capital humano, pesquisa científica, P&D de produtos, desenvolvimento de mercados, eficiência de governança, entre outros. Dados Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) (2013) nos mostram que no Brasil, a falta de inovação tem comprometido uma maior inserção global do país, pois apesar de ocuparmos o 9º lugar na economia mundial, estamos em 70º lugar em inovação. Fontes da World Economic (2015/16) revelam que caímos 18 posições no ranking global de competitividade, e entre os BRICS, estamos em 75º lugar, atrás da China (28º), Rússia (45º), África do Sul (49º) e Índia (55º). Mas a pergunta que se faz é a seguinte: o que a educação tem a ver com isso? Se analisarmos a partir da óptica da baixa capacidade de inovação, vamos verificar que temos uma baixa qualidade da educação básica, uma reduzida oferta de ensino profissional e pouca proximidade do ensino superior com a indústria, exceto algumas Universidades. É curioso que a produtividade do Brasil cresceu apenas 4% nos últimos 14 anos, ao contrário da Alemanha, Estados Unidos e a Coréia do Sul. Basta ver as patentes, onde produzimos poucas e com alto custo. Enquanto a África do Sul, país parceiro nos BRICS, produziu em 2008 um total de 5.331 patentes com um investimento P&D/patentes de 0,88 milhões de dólares, o Brasil produziu em 2010 apenas 785 patentes, com o investimento P&D/ patentes em 33,75 milhões de dólares, segundo fonte do Banco Mundial. Se compararmos as poucas patentes em relação ao volume de publicações científicas, vamos verificar que estamos muito atrás de outros países, tanto dos chamados desenvolvidos, como também dos BRICS. Na China, a relação entre patentes e artigos científicos é de 0,658; na Índia é de 0,086, n o Brasil é 0,024, segundo fonte do MCTI. Na Universidade esta inovação está muito relacionada com a participação na indústria, sobretudo nas áreas de engenharias, pois os dados do MCTI nos mostram que, enquanto nos Estados Unidos 65% dos engenheiros doutores estão nas empresas, no Brasil, 95% deles estão nas Universidades e somente 1,7% nas empresas. Outro dado que também nos preocupa no Brasil, com relação às engenharias, é a diferença entre o aumento do número de matrículas e a redução do número de concluintes, isto se compararmos com outras áreas como ciências sociais, direito, educação, saúde etc. Segundo fonte do OCDE/MEC, o número de engenheiros formados no Brasil é menos de 1/3 da média da Organização para Cooperação Internacional para o Desenvolvimento Econômico. Isto nos revela o quanto temos que reforçar o nosso ensino de engenharia, repensando e adaptando os nossos currículos e diminuindo a defasagem entre o ensino nos cursos e as inovações exigidas nas empresas. Vamos aproveitar as experiências positivas que temos feito nas engenharias na PUC-Rio, aprofundando nos avanços do novo marco legal da inovação (Lei 13.243/16) para estreitar cada vez mais a relação entre Universidade e empresa, mesmo sabendo que precisamos evoluir muito na regulamentação desta Lei. Que saibamos também valorizar o conhecimento que tem sido gerado nos Departamentos, no Instituto Gênesis, na Empresa Júnior, no Tecgraf, nas Unidades Complementares, e nos vários projetos de pesquisa desenvolvidos na PUC-Rio, pois estes contribuem para a melhoria de nosso país na produção científica, no aumento das patentes, e na melhoria do ensino e da inovação.

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