Especialistas discutem resolução de conflitos na América Latina
28/10/2016 18:22
Raul Pimentel

Colômbia e as Farc, Venezuela e Mercosul foram destaques em debate sobre segurança internacional promovido pelo IRI

O embaixador Gabriel Gaspar

A situação da Colômbia com as Farc e a presidência pro tempore da Venezuela no Mercosul foram os principais temas discutidos na mesa Segurança Internacional e Resolução de Conflitos na América Latina, que fez parte do programa do Seminário Internacional Desafios e Oportunidades das Relações Internacionais na América Latina, organizado pelo Instituto de Relações Internacionais (IRI/PUC-Rio) em parceria com a Embaixada do Chile no Brasil e o Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF). 

Estavam presentes no encontro o embaixador Gabriel Gaspar, do Ministério de Relações Exteriores do Chile; o diretor da América do Sul no Ministério de Relações Exteriores do Brasil, Tarcisio Costa, e o secretário-executivo da Escola Sulamericana de Defesa do CDS-Unasur, Antonio Jorge Ramalho. A professora Monica Herz, do IRI, mediou o encontro sobre a região, repleta de complexidades e curiosidades.

Apesar das questões internas em cada país, a América pode ser vista como uma região pacífica no que diz respeito à guerra entre nações, como observou Tarcisio Costa. Apenas dois conflitos armados podem ser vistos na América do Sul no século XX: a guerra do Chaco (1932-1935), entre Bolívia e Paraguai, e a guerra peruano-equatoriana (1941). Esta última faz parte de um processo de disputas territoriais que só foi acabar em 1998, com um tratado de paz entre os dois países. Em 2016, foram comemorados 18 anos do acordo.

De acordo com o secretário Antonio Jorge, ao longo tempo é possível ver uma ação bem-sucedida das elites governantes de criar um ambiente de paz entre os Estados, especificamente na América do Sul. Essa relativa estabilidade gera mais confiança para atrair investimentos estrangeiros e melhores condições para o comércio.

Entretanto, países apresentam conflitos históricos com organizações armadas, como é o caso da Colômbia e sua luta com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). Guerrilha comprometida com a implantação do socialismo no país, as Farc tinham cerca de 8 mil combatentes em 2013.

O secretário executivo da Escola Sulamericana de Defesa do CDS-Unasur, Antonio Jorge Ramalho

Recentemente a população do país pôde votar, por meio de um plebiscito convocado pelo presidente Juan Manuel Santos, se aceitavam ou rejeitavam um acordo de paz com as Farc. O “não” venceu com pequena margem, por 50,23%, ou 6.429.730 votos.

– Todos querem a paz, mas nem todos a entendem da mesma forma. Ainda há caminho para conseguirmos, mas são precisos esforços em outras áreas para que a população apoie o sim – disse o embaixador Gabriel Gaspar, sobre a situação colombiana, lembrando o apoio das Nações Unidas ao fim do conflito.

Tarcisio Costa

Tarcisio Costa concordou com o posicionamento do embaixador, e acrescentou que o “não” da população colombiana foi aos termos do acordo, e não à proposta de paz em si.

A presidência da Venezuela também foi comentada. Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai são contra a entrega da presidência para a Venezuela, que, pela ordem alfabética, deveria assumir o posto após o fim da presidência uruguaia. Os quatro países acusam a Venezuela de não ter cumprido as metas do protocolo assinadas em 2012, quando o país entrou como membro efetivo do bloco. Tarcisio Costa comentou que a retomada da tendência de baixa em conflitos depende, em larga medida, da evolução da dinâmica interna dos países andinos, em particular da Venezuela: “É uma situação muito complexa, com muitos fatores e variáveis”. Ou, nas palavras do secretário Antonio Jorge: “Pode-se reclamar de tudo na América Latina, menos de tédio”.

Mais Recentes
Interfaces da geopolítica
Nove pesquisadores discutem geografia política e gestão do território na IV edição do CONGEO
Experiências de impacto social
Empreendedores e pesquisadores se reúnem para debater políticas de administração pública em Portugal e no Brasil
Jovens empreendedores
Estudantes contam como criaram um negócio na época da Universidade por meio das redes sociais sem grandes custos