Diálogos sobre cultura e arte negra
15/05/2018 17:12
Lucas França

Artistas negros compartilham experiências e conversam sobre as oportunidades do mercado em debate na Universidade

O Coletivo Nuvem Negra organizou na segunda-feira, 14, a mesa de debate Cultura e Arte Negra. O encontro teve a presença da atriz e cantora Zezé Motta, do ator Licínio Januário e da bailarina Rainha do Afoxé Filhos de Gandhi Yza Diordi. Mediada pela atriz e integrante do Nuvem Negra Mari Oliveira, a conversa reuniu alunos nos pilotis da Ala Kennedy e abordou temas como teatro e apoio à arte negra.

Zezé Motta, que em abril lançou o oitavo álbum solo da carreira, tem mais de 30 participações em novelas e filmes, com destaque para o papel no longa-metragem Xica da Silva, de Cacá Diegues, que a impulsionou. Durante a conversa nos pilotis, Zezé afirmou a necessidade de negros ousarem na arte. Para ela, os artistas negros devem contar as histórias do povo, mas também devem pensar nos clássicos.

— É muito importante que a gente conte a nossa história, crie até coisas de ficção escritas, interpretadas e dirigidas por nós, que vivemos o dia a dia do racismo. Mas acho também que devemos ousar e montar clássicos. Por que não? Temos que fazer isso para mostrar que podemos tudo. Devemos ocupar todos os espaços e segmentos.

A atriz e cantora Zezé Motta. (Foto: Fernanda Maia)

As possibilidades que a arte gera foram apresentadas por Yza Diordi. Segundo a bailarina, ser artista é se mover na sociedade e alcançar outras pessoas que ainda não tiveram contato com a arte. Ela acredita que a arte é um instrumento potente na formação de pessoas e na condução delas por um caminho positivo, mesmo em um país como o Brasil, destacou.

— A arte no nosso país é um instrumento contra a violência. É uma responsabilidade da sociedade trabalhá-la, inclusive a partir dos ensinos básicos, para que o pensamento artístico seja inserido no indivíduo. Isso abre caminhos não só para a pessoa viver da arte, mas para ela ter um condutor de uma vida saudável. O que me trouxe até aqui foi a dança afro, por exemplo.

Yza Diordi, bailarina afro e Rainha do Afoxé Filhos da Gandhi. (Foto: Fernanda Maia)

O ator Licínio Januário, que recebeu o prêmio de melhor ator na 19ª edição do Festival de Teatro do Rio de Janeiro, defendeu a ideia de negros e negras assistirem a peças e criações uns dos outros. Para ele, esse apoio entre si faz com que os negros se fortaleçam. Esse apoio, de acordo com o ator, movimenta capital e mais oportunidades de trabalho. Januário lembrou que este momento é propício para a utilização do Black Money, movimento para fomentar o desenvolvimento de ações empreendedoras e criação de produtos para a comunidade negra.

 — Temos que pensar no conceito do Black Money e seguir o conselho dos mais velhos que eram unidos e se fortalecer. Os nossos estão aí para nos ajudar, devemos pedir ajuda uns para os outros. Eu busco alcançar um degrau maior e gerar possibilidade para que a nova geração vá mais longe do que eu.

Licínio Januário, ator e escritor. (Foto: Fernanda Maia)

Mais Recentes
Alunos terão desconto em moradia universitária
PUC-Rio fechou parceria com Uliving, maior rede deste tipo de serviço no país
Álvaro Caldas lança quinto livro de sua carreira
Nos anos de pandemia, a janela se tornou uma ligação vital para mundo exterior
Tecnologia, Inovação e Negócios no Instituto ECOA
Encontro reúne alunos e convidados para discutir o fornecimento de água e saneamento no Rio de Janeiro