Setembro Amarelo: Empatia e atenção ao próximo
24/09/2018 11:03
Beatriz Puente

Mesa redonda discute saúde mental entre jovens e mulheres

Adriana Moraes falou das estatísticas de violência contra a mulher.

A saúde mental da mulher foi o tema da primeira roda de conversa realizada no dia 19 de setembro, no Anfiteatro Junito Brandão, por alunos em parceria com Pastoral Universitária. As psicólogas e psiquiatras convidadas, Luana Velloso, Adriana Moraes e Verônica Capela, abordaram sobre as cobranças e abusos psicológicos pelos quais as mulheres estão submetidas em uma sociedade patriarcal e que podem levar ao suicídio.


Luana citou o livro “Os sofrimentos do jovem Werther”, no qual o rapaz tira a própria vida. Ela relacionou a obra ao Efeito Werther (apelidado com o mesmo nome), que consiste na imitação do ato de suicidar-se. Para a psicóloga, é importante discutir o tema sem incentivar as pessoas a fazerem o mesmo.


- É preciso falar disso, mas como falar se pode gerar uma bola de neve? Afinal, devemos falar do suicídio ou não? Acaba virando um tabu e temos que desconstruir isso, ter sensibilidade e cuidado ao falar.


Com o auxílio de dados estatísticos, Adriana comparou os tipos de violência contra a mulher e fez ligações entre eles. Ela explicou que a violência física, por exemplo, agride também a psique da pessoa. A questão da superação também foi um dos aspectos levantados pela psicóloga, no sentido da não vivência da dor e, consequentemente, o não enfrentamento dos problemas.


- Existe muito essa cultura de passar por cima do problema. Tudo a gente tem que superar porque a vida continua. E não é assim. Temos que, ao invés de dar a volta por cima, ir por dentro do problema, e enfrentá-lo. 

A psiquiatra Verônica Capela explica as falas que são sinais de que algo não está bem.


A psiquiatra Verônica Capela discorreu sobre as falas de alerta, como por exemplo “Eu não aguento mais”, e como os detalhes são importantes na identificação do problema. O tratamento foi outro aspecto citado por ela. A questão do paciente suicida estar sujeito a um tratamento constante e em vigilância deve ser cuidadosa, segundo a psiquiatra.


- Devemos sempre ter muito cuidado ao lidar com isso, porque o suicídio é algo que, infelizmente, sempre vai estar ali. Alertamos a família e, principalmente, os amigos, para que eles estejam juntos, fazendo coisas, dando atenção, e não considerar como uma fase.

Na segunda mesa de debates, as professoras Daniela Romão, do Departamento de Psicologia, Zena Eisenberg, do Departamento de Educação, e Ana Franqueira, Da Universidade Veiga de Almeida, discutiram temas como a privação e a exposição dos sentimentos dos suicidas que estão na faculdade. Elas explicaram as possíveis reações e comportamentos dessas pessoas. O momento foi dedicado a tirar dúvidas e discutir assuntos propostos pelos alunos.

Para a psicóloga Daniela Romão, a necessidade de abordar os colegas com um simples “está tudo bem? ” ao perceber um comportamento diferente pode ser decisivo para a vida daquela pessoa. Ela ressaltou, também, o papel dos professores ao identificar atitudes de desinteresse e isolamento do aluno.

- Não precisa insistir muito com a pessoa. Se ela quiser falar, ela vai, se ela não quiser, ela não vai, e temos que respeitar, lidar com isso de outra forma. Mas não podemos ser passivos. Os professores que não querem construir uma relação com os alunos, a ponto de conseguir identificar esses sinais, são, para mim, antiprofissionais.

Na mesa redonda, Daniela ensina como abordar o assunto.

Ana Franqueira citou o crescimento de grupos em redes sociais nos quais os integrantes debatem os transtornos psíquicos no sentido de que a identificação ajuda no tratamento. Entretanto, para ela, o entendimento apenas da dor própria e daquela que se parece com a sua é problemático por ser restritiva.

- A gente escuta muito “aquela dor é igual a minha”, mas, afinal, que dor é igual a outra? Isso não existe. Vejo pais que perdem os filhos e cada um lida com a “mesma dor” de uma forma, para cada um deles é uma forma diferente de sentir. E também tem o fato de não entender a dor do outro, apenas a sua. Isso é um problema, é falta de empatia.

Ana Franqueira fala sobre o luto indivudual e as formas de se lidar com ele.

Com as redes sociais em alta entre os jovens, Zena Eisenberg explicou as contradições entre a privação dos sentimentos ruins e exposição da felicidade na internet. Coordenadora do Noap, ela usou a plataforma do Instagram para exemplificar o estereótipo de vida perfeita propagado na rede e que, muitas vezes, contribui para problemas psicológicos.

- A gente só posta os passeios, a reunião de amigos, a viagem. Ninguém coloca a briga com o filho, a nota baixa, as dificuldades da vida mesmo. Cria-se um modelo de vida maravilhosa que não acontece na realidade. Isso causa frustação para quem vê e não se identifica. Temos que lembrar que a vida não é o que está no Instagram.

Mais Recentes
Alunos terão desconto em moradia universitária
PUC-Rio fechou parceria com Uliving, maior rede deste tipo de serviço no país
Álvaro Caldas lança quinto livro de sua carreira
Nos anos de pandemia, a janela se tornou uma ligação vital para mundo exterior
Tecnologia, Inovação e Negócios no Instituto ECOA
Encontro reúne alunos e convidados para discutir o fornecimento de água e saneamento no Rio de Janeiro