Eleições 2018 e perspectivas
25/09/2018 16:31
Nicole Polo

Especialistas em relações internacionais, direitos humanos e saúde debatem as expectativas e receios na conjuntura eleitoral

As Eleições de 2018 são decisivas para o futuro das cooperações econômicas, sociais e políticas entre os países do hemisfério Sul, para o futuro dos direitos humanos e para a saúde pública no país. Foi o que afirmaram a professora Fátima Melo, do Departamento de Relações Internacionais da PUC-Rio, o advogado Rodrigo Deodato, da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), e o assessor Luiz Eduardo Fonseca, do Centro de Relações Internacionais em Saúde da Fiocruz, que na segunda-feira, 25, participaram de encontro no auditório do Auditório Padre José de Anchieta e expuseram as preocupações e perspectivas do cenário eleitoral.

A professora Fátima Melo contextualizou a posição do Brasil na cooperação Sul-Sul nos últimos anos. Segundo ela, nos anos de 1990, o Estado privilegiou as relações político-econômicas com as nações do hemisfério Norte. Contudo, durante o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a colaboração e troca entre os países do Sul tornou-se prioridade. A professora afirmou que a liderança brasileira foi notória no estabelecimento das ligações, como na criação da agenda do BRICS (Brasil, Índia, África do Sul, China e Rússia) e do IBAS (Índia, Brasil e África do Sul).  Segundo Fátima, no atual governo, não há uma vontade de continuar essa cooperação e, por isso, o foco para o eixo Norte-Sul foi reestabelecido. Ela acredita que essa atitude, na conjuntura mundial de nacionalismo, pode ser perigosa.

Gabriela Azevedo

- A gente vê que, com a eleição do Donald Trump, a estratégia se inviabiliza. Ainda assim há a tentativa desses setores de insistir em priorizar a retomada de relações com as potências tradicionais, mesmo quando o Norte claramente se fecha.

Rodrigo Deodato enfatizou na precarização das questões dos direitos humanos que já ocorre há um tempo. Ele ressaltou que o governo não segue as recomendações e relatórios das organizações e tratados de defesa dos direitos humanos das quais é signatário. Além disso, segundo o advogado, o Estado não apresenta solução ou medida para combater as execuções que existem no país. Deodato disse estar preocupado, pois esses assassinatos não são pautas dos candidatos.

Gabriela Azevedo

- É preciso dizer que, levando em conta os direitos humanos, os altos índices de execuções sumárias, extrajudiciais e arbitrárias no pais deve ser mais debatido no contexto de eleição. Um pais que, em 2016, teve mais de 62 mil pessoas assassinadas por arma de fogo. O tema não ser trazido enfaticamente, é um fator complicador. A segurança é vista como um foco entre os candidatos, mas não há o recorte especifico das execuções, em especial quando estamos falando de um genocídio da juventude negra. Isso é um aspecto que não aparece nos debates e, quando surge, é de forma afastada do contexto dos diretos humanos.

Luiz Eduardo Fonseca afirmou que as relações internacionais e a saúde estão ligadas. Segundo ele, as trocas comerciais e o fluxo de pessoas, no mundo, aumentaram o “intercâmbio de doenças”. Isso também reflete o acesso desigual à saúde que as sociedades apresentam. Fonseca afirmou que o bem-estar de uma pessoa vai além do seu biológico. Segundo o assessor, tanto os profissionais de saúde como os diplomatas querem a paz, já que uma pessoa precisa da saúde mental também. Contudo, os candidatos não apresentam propostas claras sobre isso.

- Todos os candidatos colocam as relações internacionais no último ponto, e isso é importante. Alguns diluem tanta a questão das relações internacionais que eu tive que ir buscar na parte da economia. Observei que quanto mais diluída a questão das relações internacionais, mais você consegue identificar, no programa, mais propostas econômicas de liberalização.

Gabriela Azevedo

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