Sustentabilidade ambiental: uma questão social e política
26/11/2014 16:47
Padre Josafá Carlos de Siqueira, S.J.

O Reitor padre Josafá Carlos de Siqueira, S.J., fala sobre a importância da discussão da sustentabilidade no ambiente social e político.

A realidade brasileira tem nos mostrado que as sucessivas crises ambientais vão se tornando cada vez mais frequentes em nosso cotidiano, assumindo de maneira efetiva os cenários das preocupações políticas. Já não é possível colocar estas questões ambientais que hoje têm abrangência global e local, entre muitas outras que fazem parte das plataformas políticas dos partidos, pois as mesmas estão mais ligadas com uma nova maneira de pensar e de se relacionar com a natureza, mais relevantes do que simplesmente a busca de processos mitigatórios que não resolvem a gravidade dos problemas que a cada dia vão se agravando em nossa realidade social. Se outrora estes problemas ambientais aconteciam em escalas pouco preocupantes, agora a situação se mostra de maneira mais contundente, sobretudo num cenário planetário de mudanças climáticas.

Um bom exemplo disso tem sido a ênfase dada em nossos noticiários, mostrando a gravidade do problema da água em algumas regiões do Brasil, questionando a tradicional cultura da abundância dos recursos hídricos, e colocando em cheque a falta de decisões políticas de longo prazo, para minimizar esta crise que afeta a vida de milhões de brasileiros. É preciso colocar a problemática da sustentabilidade dos recursos hídricos na pauta dos assuntos prioritários dos planejamentos políticos, buscando um processo de conscientização e reeducação na relação com a água, não apenas no consumo humano, mas, sobretudo, os mecanismos de irrigação, que hoje são os maiores consumidores deste recurso da natureza. Não basta apenas afi rmar os valores e os princípios universais da água, e as obrigações previstas que estão em nossas leis de recursos hídricos, mas é preciso colocar eticamente esta questão nos debates e decisões políticas, pois a escassez vai continuar nos perseguindo nos próximos anos, exigindo mudanças em nossos hábitos e costumes.

No momento de pós-eleições que vivemos em nosso país, temos que ficar atentos às propostas concretas que os candidatos eleitos farão sobre a sustentabilidade ambiental, não de maneira utópica e sonhadora, mas apoiadas nos subsídios dos estudos científi cos e no engajamento efetivo de suas realidades concretas. Sem um testemunho efetivo e convincente na luta pela sustentabilidade ambiental, torna-se difícil convencer a população, cada dia mais consciente dos problemas que afetam o seu cotidiano. Não podemos ignorar que os mais pobres sofrem a humilhação da privação do recurso hídrico, que teologicamente foi dado pelo Criador a todos os seres viventes, sem distinção, e de maneira prioritária aos que foram criados à imagem e semelhança de Deus. Não nos esqueçamos daquela frase de Madre Teresa de Calcutá: “As palavras comovem, mas o testemunho é que convence, converte e muda o destino das pessoas”. Chegou a hora de darmos o testemunho da sustentabilidade.

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