Nossa casa comum
23/11/2015 04:25

Para nós que nos formamos anos atrás (no meu caso, muitos anos atrás!) a questão ecológica ou ambiental não aparecia ou aparecia bem pouco.

Para nós que nos formamos anos atrás (no meu caso, muitos anos atrás!) a questão ecológica ou ambiental não aparecia ou aparecia bem pouco. Falava-se sim de justiça social nas relações dos seres humanos entre si e, sobretudo, com as classes mais desfavorecidas da sociedade. Na Igreja, no início dos anos 70, o Papa Paulo VI foi um dos primeiros a falar explicitamente da exploração inconsiderada da natureza e da possiblidade de uma catástrofe ecológica. Desde então, tanto na sociedade como na Igreja, multiplicaram-se as referências e comentários às questões ecológicas. Nesse contexto, sobressaem as conferências organizadas pelas Nações Unidas sobre o tema do meio-ambiente e das mudanças climáticas, como a que terá lugar em Paris em dezembro. Nos organismos que tratam de questões sociais, particularmente na Igreja, às palavras “justiça social” acrescentou-se “e ecologia”. Foi o caso do Secretariado Central dos jesuítas para questões sociais, em Roma, que passou a ser de “Secretariado em prol da Justiça Social” a “Secretariado em prol da Justiça Social e da Ecologia”.

Hoje se sublinha muito que essas duas questões, justiça social e ecologia, são inseparáveis e intimamente inter-relacionadas. O Papa Francisco no título da sua Encíclica, “Louvado Sejas”, sobre os problemas socioambientais, acrescenta “sobre o cuidado da casa comum”. Esse conceito de “casa comum” está, senão sempre explícito, sim subjacente ao longo de toda a Encíclica. Na casa, no apartamento onde mora uma família não se podem separar os aspectos físicos, o ambiente, da convivência, das relações entre os seus membros, e, sobretudo, das necessidades dos membros mais vulneráveis e necessitados. Na “casa comum”, nesse mundo em que vivemos: “Não há duas crises separadas: uma ambiental e outra social; mas uma única e complexa crise socioambiental. As diretrizes para a solução requerem uma abordagem integral para combater a pobreza, devolver a dignidade aos excluídos e, simultaneamente, cuidar da natureza” (Louvado Sejas, n.139).

 

Francisco Ivern, S.J., Vice-Reitor da PUC-Rio

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