Expressão de um estilo de vida enraizado no equilíbrio do urbano com a natureza foi como Oskar Metsavht definiu a grife Osklen no bate-papo, mediado pelo professor Sérgio Mota, do Departamento de Comunicação Social, com os alunos da PUC-Rio, no dia 31. Fundador e diretor criativo da marca, ambientalista e presidente do Instituto E, Metsavaht abordou o conceito ASAP (As Sustainable As Possible), explicou como funciona o processo criativo das coleções e discutiu o caos moderno como estopim para as possibilidades de inovações.
Considerado uma das cem pessoas com negócios mais criativos no mundo, o empresário referiu-se a Osklen como um laboratório de inovação voltado para um caráter mais humanista e solidário com o planeta. Há vinte anos, a marca promove um chamado para a urgência da adoção de práticas e atitudes mais sustentáveis. Para ele, quando o consumidor veste uma roupa, ele obrigatoriamente veste a ideia presente nela, no caso da Osklen, “Sustentabilidade, logo que possível”.
– Nós não estamos falando de sustentabilidade porque está na moda, a Osklen foi protagonista do que existe hoje de marca ecológica. Criamos projetos, muitas vezes do zero, na Amazônia e em comunidades de baixa renda, e trouxemos para cá com uma pegada ambiental. A sustentabilidade não está apenas nos materiais, mas profundamente no desenvolvimento das peças.
O artista contou sobre o processo de criação das coleções e a importância da busca pela autenticidade. Segundo Metsavaht, embora o produtor não tenha o capital necessário para engajar uma rede de marketing eficaz para o produto, a originalidade é a maior força que a marca pode ter. De acordo com ele, é importante ter a audácia de desejar algo e correr atrás, além de experimentar as inúmeras formas e imagens dos conceitos.
Formado em medicina, Metsavaht ressaltou a relevância do estudo para os trabalhos e disse nunca ter abandonado a área. Para o empresário, a combinação entre o gosto do corpo humano e a arte desencadeou na moda. Ele acredita que o conhecimento no campo médico o ajuda ser um artista melhor com uma visão ampliada do indivíduo.
O presidente do Instituto E discutiu os conceitos das coleções e a complementaridade entre as peças. Para Metsavaht, a moda expressa diversas circunstâncias e experiências pautadas em conceitos pré-definidos pelo diretor criativo. Segundo ele, as linhas editorais são construídas com base na correlação do material e do conteúdo das peças e, quando combinadas, elas contam uma história ao consumidor.
– Prefiro muito mais quando uma pessoa entra na loja, percorre por ela e entende a escolha das cores, formas e texturas, e o porquê de elas terem aquela expressão. Ao passar pelas blusas, o consumidor lê as páginas de um livro meu, pois naquele conjunto há uma narrativa que eu estou contando.
O diretor criativo comentou a construção do conceito que originou a coleção Surfing the City da Osklen. Metsavaht analisou as cidades como projeções da dicotomia entre o concreto e humano. De acordo com o artista, a inspiração surgiu espontaneamente em um momento de distração da vida.
– Certa vez, meus amigos me perguntaram se eu andava surfando e eu ri, dizendo que estava ocupado viajando o mundo pela Osklen. Nas cidades, eu tinha o costume de passear de carro à noite e comecei a ver a riqueza na arquitetura, nas imagens. Naquele momento, percebi que, na verdade, estava surfando as cidades.
Metsavaht comparou o momento atual com a época da Renascença, caracterizada pela união do espírito humano com as artes e pelo caos instalado com a ruptura tecnológica. De acordo com o empresário, durante o Renascimento, os estudos de perspectivas e as novas técnicas provocaram um dos momentos mais criativos na civilização. Para ele, hoje vive-se um período de inúmeras possibilidades instaladas pela ruptura do conhecimento digital.
– O caos cria um espírito no ar de possibilidades para captar os momentos e transformá-los artisticamente em coisas riquíssimas. É importante pegar o que está solto e criar uma história que tenha um propósito.