Tragédia social: informalidade, desemprego e desigualdade
23/03/2021 17:26
Giovanna De Luca

O sociólogo Ricardo Antunes é convidado pelo Departamento de Serviço Social para analisar as relações trabalhistas no país e reflete sobre as crises pré-Covid-19

Com o tema O trabalho no capitalismo pandêmico: para onde vamos?, o Departamento de Serviço Social realizou a Aula Inaugural, no dia 19 de março, com a participação do professor titular de Sociologia no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) Ricardo Antunes. No encontro via Zoom, o acadêmico defendeu que a pandemia não foi a única responsável pela desventura atual no mercado de trabalho, ele considera que a Covid-19 potencializa um quadro que já era caótico.

- Reconheço que não foi a pandemia que causou a tragédia social atual, acredito que ela tenha desnudado e potencializado exponencialmente um quadro que antecede a doença.

O professor afirmou que no momento que a pandemia da Covid-19 eclodiu, o cenário global e especialmente o brasileiro, já estava economicamente, socialmente e politicamente dilacerado. Ele lembra que no final de 2019 e no início de 2020, grande parte dos países vivenciou uma recessão econômica.

Segundo o sociólogo, no caso do Brasil, as dificuldades foram ainda maiores, pois além do setor financeiro liquidado, apontou, já existia uma profunda crise social que estava instalada desde o mandato do ex-presidente Michel Temer, que sancionou leis que modificaram os vínculos empregatícios entre empregadores e empregados. Por causa disso, o professor entende que grande parte dos trabalhadores passou a ter condições semelhantes com as que são enfrentadas por terceirizados.

Na teoria defendida por Antunes, essa informalidade proporciona péssimas condições de trabalho, mas em meio a milhões de desempregados, observou, era “a única opção para a classe proletária”.

- No que diz respeito à questão do trabalho antes da pandemia, nós já vivenciávamos altos índices de informalidade, precarização e desemprego. A proliferação de trabalhos intermitentes, ocasionais e flexíveis não é nada além de uma explosiva taxa de inativos. Quando se junta desemprego, que na época beirava 14 milhões com o desemprego oculto, perto de 20 milhões, segundo índices oficiais, contribui para a ampliação de níveis abissais de desigualdade social e de miserabilidade social. Recentemente, foi divulgado que nós havíamos chegado a 30 milhões de miseráveis. É muito importante dizer não são 30 milhões de pobres, já são 30 milhões de miseráveis que hoje passam fome.

 

 

 

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