Revolução energética a partir dos telhados
11/05/2015 16:48
Bárbara Baião / Foto:Greenpeace/Otavio Almeida

Jovens de cinco regiões do Brasil recebem treinamento do Greenpeace para popularizar o uso da energia solar.

A verdadeira revolução energética deve sair de nossos telhados. É com esse raciocínio que o Greenpeace, organização não governamental mundialmente conhecida pela atuação em questões ambientais, preparou 30 jovens de cinco regiões brasileiras para difundirem o uso de energia solar ao redor do país. Previsto para durar dois anos, o projeto Multiplicadores Solares pretende organizar cinco atividades ao ano, em cada estado, com oficinas práticas e palestras. O processo de treinamento dos novos ativistas envolve a instalação de placas solares em duas escolas públicas de São Paulo e Uberlândia.

Ao longo do curso, os jovens tiveram contato com a matriz energética brasileira, a legislação da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), traçaram estratégias de atuação e aprenderam como é o processo de construção de fogões e lanternas que funcionam a partir da energia solar. Uma das coordenadoras do projeto, Vânia Stolze afirma que essas informações vão permitir que o grupo tenha autonomia para criar os próprios projetos.

 – Empoderados em diferentes aspectos, desde energia solar em sua face técnica, à demanda política, eles poderão desenvolver atividades de engajamento público, sejam visitas a escolas, universidades, e outras instituições, como também buscar parcerias para novos projetos de instalações de sistemas solares.

Grupo de Multiplicadores explica o processo de instalação dos 48 painés solares na Escola Municipal Milton Magalhães Porto, em Uberlândia

No próximo dia 17 maio, os multiplicadores do Rio, equipe formada por cinco pessoas, realizam uma ação durante o Jogo Regional de Escoteiros, no Aterro do Flamengo. Os jovens terão 15 minutos com cada grupo de escoteiros para explicar de que forma o contexto climático do Brasil é favorável para geração de energias renováveis, como a solar e eólica. Uma minimaleta composta por placa solar, bateria, controlador e lâmpadas vai explicar como um sistema movido a energia do sol funciona na prática. Para a multiplicadora solar do Rio Natalia Chaves, é preciso chamar atenção das pessoas para uma mudança de atitude em relação ao meio ambiente.

 – Queremos que nossa sociedade interaja com o meio ambiente de uma forma mais sustentável não só para o meio natural, mas também para garantir nossa sobrevivência como espécie. É isso que chamamos de revolução energética. Na Alemanha, com condições menos favoráveis do que o Brasil, essa energia já é amplamente utilizada. Por que aqui ainda não?

Segundo estudos da Empresa de Pesquisa Energética Projeto do Greenpeace prevê a montagem de placas solares em escolas (EPE), o uso pleno do potencial solar do Brasil poderia gerar até 287 mil gigawatts-hora por ano somente em moradias. Isso representa mais do que o dobro do consumo energético residencial contabilizado atualmente.

Em resposta à crise hídrica e a necessidade de garantir o abastecimento de energia, o governo federal anunciou, em abril, a intenção de instalar painéis fotovoltaicos em duas hidrelétricas estatais da Bahia e Amazonas. A ideia é aproveitar a área alagada para aumentar a produção de energia a partir da luz solar.

A contratação de 31 usinas solares durante um leilão de energia, realizado no fim do ano passado pelo governo, também pode representar um avanço para a ampliar a produção energética sustentável. Para Vânia, a ação dos multiplicadores é importante para mostrar que a mudança de atitude deve partir de cada cidadão.

 – A crise hídrica, provocada pelas mudanças climáticas e descaso do governo na diversificação da matriz elétrica brasileira, levou à necessidade da contratação de usinas solares para energia de reserva. Mas, a verdadeira mudança de paradigma deve vir com a descentralização da produção de energia. E é aí que a tarefa dos multiplicadores será primordial para mostrar à sociedade que a verdadeira revolução energética deve acontecer em nossos telhados.

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