Obesidade como causa de diabetes
09/06/2015 16:15
Giulia Saletto/ Infográfico: Diogo Maduell

Dieta e exercícios físicos auxiliam na prevenção da doença

Nos últimos anos, a diabetes tem sido uma grande preocupação para a saúde pública no Brasil. Os riscos e complicações da doença podem levar a problemas cardiovasculares, falhas no sistema nervoso e até a cegueira. E os principais vilões responsáveis pelo desenvolvimento da diabetes tipo 2 em adultos são a obesidade e o excesso de peso.

Segundo o médico Alexander Benchimol, pesquisador do Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia (IEDE) e da Escola Médica da PUC-Rio, cerca de 90% dos diabéticos tipo 2 estão acima do peso, o que demonstra conexão entre o excesso de peso e a doença. Para ele, há uma epidemia no país, tanto de obesidade como de diabetes, com um número preocupante de casos que aumentam a cada ano.

– As duas epidemias caminham juntas. A obesidade aumenta e vemos o risco de diabetes aumentar. De acordo com as estatísticas deste ano, 52.5% dos brasileiros estão acima do peso. Infelizmente, os dados são crescentes – aponta.

Para reduzir esses números, é necessário que as taxas de obesidade e excesso de peso também diminuam. Além dos medicamentos, é fundamental que o paciente diabético mude os hábitos, faça atividade física e adote uma dieta balanceada. De acordo com o pesquisador, é uma forma tanto de controle como de prevenção da doença.

– Fazer atividade faz parte do tratamento. Isso é importante, porque pode ajudar na prevenção da diabetes. O indivíduo que tem uma vida mais saudável tem menos risco de desenvolver diabetes, assim como outras doenças. E o paciente que já tem a doença, pode conseguir controlá-la e evitar complicações.

Os 12 milhões de diabéticos no país torcem cada vez mais para avanços tecnológicos que possam ajudar no controle da doença. A partir deste ano, novos tratamentos e medicamentos chegam ao mercado brasileiro e prometem uma qualidade de vida melhor aos pacientes. No início de 2016, o mercado deve receber um aparelho com sensor que pode avaliar os níveis de glicose sem precisar furar o dedo do paciente. A facilidade no monitoramento e na avaliação vai permitir uma melhora no tratamento também.

Além disso, uma nova categoria de medicamento, chamado gliflosina, vai propiciar a eliminação da glicose pela urina e, assim, reduzir os níveis de açúcar no sangue. A eliminação da substância resulta em uma baixa da pressão arterial e até facilita a perda de peso, que pode ajudar os pacientes que têm dificuldade de emagrecer.

Mesmo com todos os avanços nos tratamentos da diabetes, Benchimol ressalta que a prevenção da doença é tão importante quanto o tratamento. Especialmente porque a diabetes é uma doença assintomática, ou seja, não apresenta sintomas muito aparentes. Uma estatística preocupante é saber que metade dos pacientes que sofre de diabetes tipo 2 não sabe que tem a doença. De acordo com Benchimol, muitos pacientes não procuram tratamento exatamente por isso. Os sintomas principais, como sede e excesso de urina, só começam a aparecer quando as taxas de glicose no sangue já estão muito elevadas. Normalmente, o aumento ocorre de forma lenta e menos agressiva, com isso, o paciente não sente muitos sintomas e não procura avaliação médica.

– É importante que todo mundo faça uma avaliação médica regularmente, em especial os indivíduos que estão acima do peso e têm um risco maior – aconselha.

O médico ainda reforça que ser portador da diabetes não significa viver uma vida de sofrimento. A pessoa que muda os hábitos consegue levar uma vida saudável e tranquila. Ele orienta que é necessário se tratar para que não haja complicações como pressão alta ou a falta de sensibilidade dos nervos.

A dentista Solange Ferman foi diagnosticada com diabetes tipo 2 durante a segunda gravidez, quando os exames de pré- -natal evidenciaram uma alta de glicose no sangue. Para ela, aceitar a condição não foi muito fácil no início. Solange contou que, ao descobrir a doença, ficou muito assustada e chegou a entrar em uma fase de negação.

– A história de todas as pessoas que conheço e que ficaram diabéticas é igual. Primeiro, você leva um susto, fica desesperada, e se acha injustiçada frente à vida.

Solange percebeu que, se conhecesse melhor sobre a diabetes, ela seria capaz de se conscientizar e tratá-la de modo efetivo.

Depois de fazer um curso de educadora de diabetes e se aposentar, Solange decidiu participar da Associação dos Diabéticos da Lagoa (Adila), que recebe vários pacientes diabéticos para todo o tipo possível de ajuda.

– Nossa associação, que fica no Hospital da Lagoa, atende gratuitamente todos os diabéticos com testes de glicemia e busca desenvolver educação sobre a doença.

Mais Recentes
A missão de ouvir diferentes vozes
Série Especial: Entrevista com os Vice-Reitores
As difíceis decisões de um Vice-Reitor
Série Especial: Entrevista com os Vice-Reitores
Desafios de uma Universidade de excelência
Série Especial: Entrevista com os Vice-Reitores