Voz para o meio ambiente
30/11/2015 04:20
Barbara Baião

Cerca de 400 pessoas se reuniram nas praias de Ipanema e Copacabana para reivindicar que os governantes reunidos na COP21 estabeleçam metas para reduzir os impactos ambientais no planeta

Em meio aos dez quilômetros já percorridos pela lama do maior desastre ambiental do Brasil, cerca de 400 pessoas se reuniram, ontem, nas praias de Ipanema e Copacabana para exigir políticas sólidas que freiem mudanças climáticas e a devastação ambiental. Às vésperas da Conferência das Partes (COP21) em Paris, a Marcha pelo Clima carioca, embora tenha sido pensada por Organizações Não Governamentais (ONGs) como o Greenpeace e o SOS Mata Atlântica, foi aderida por diversos segmentos da sociedade civil, entre partidos políticos e cidadãos engajados.

No documento conjunto, os organizadores destacaram como principais reivindicações o desmatamento zero, fim de subsídios aos combustíveis fósseis e agropecuária industrial e o incentivo à produção de energia renovável. Em setembro, durante conferência da ONU, a presidente Dilma Rousseff anunciou o compromisso de reduzir, nos próximos 15 anos, 43% das emissões brasileiras de gases causadores do efeito estufa. Mas, de acordo com a presidente da ONG Defensores da Terra, Lara Moutinho, é preciso formalizar uma agenda que seja discutida também pela população.

- O Brasil é um dos primeiros países que ousou e estipulou metas, até mesmo na última edição da COP. O problema é que essas metas são sempre construídas em gabinetes, de cima para baixo. Eu entendo que seja algo muito técnico, mas tem que ser um processo mais participativo, até porque a questão da mudança climática atinge o planeta como um todo. É preciso comprometer mais a participação e controle social sobre o Estado.

A negligência dos responsáveis pelo rompimento das barragens da mineradora Samarco, que varreu do mapa o distrito de Bento Rodrigues, em Mariana, em Minas Gerais, permeou a fala e a performance dos manifestantes. A Ala ‘Vale Nada’, uma referência à companhia Vale do Rio Doce – que controla a Samarco - vestiu-se de lama para proclamar a morte do Rio que leva o nome da terceira maior mineradora do mundo em decorrência da tragédia. Qualquer pessoa poderia aderir ao protesto.

Para o deputado federal Alessandro Molon, recém filiado ao partido Rede Sustentabilidade, cuja bandeira principal é a preocupação com o meio ambiente, a mobilização popular é uma maneira de pressionar o poder público.

- A marcha é importante para sinalizar que a sociedade civil está ligada na COP21 e espera decisões ousadas. É também uma sinalização para as autoridades brasileiras, para que tenham responsabilidade nas decisões que podem influenciar a manutenção do clima abaixo dos 2ºC e na preservação ambiental, sobretudo no momento do acidente em Mariana, e que, apesar dele, ainda tem gente defendendo facilitar o licenciamento ambiental no Congresso – afirmou o deputado, que é professor do Departamento de Direito da PUC-Rio.

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