Equipe do Laboratório de Aerodesign embalada para decolar em Mundial nos EUA
19/12/2016 09:00
Elissa Taublib

Equipe da PUC-Rio vai disputar, em abril do próximo ano, na Flórida, o Mundial de Aerodesign organizado pela Sociedade de Engenheiros da Mobilidade (SAE). Mérito é dourado pelo vice-campeonato nacional do avião com aproximadamente três metros de envergadura construído em laboratório multidisciplinar da Universidade  

Avião de 3,17 metros de envergadura foi construído em dez meses no Laboratório de Aerodesign da PUC
Com 3,17 metros de envergadura – distância entre as pontas das asas –, o avião construído em dez meses no laboratório de Aerodesign da PUC obteve segundo lugar na categoria avançada do SAE Brasil Aerodesign. A equipe AeroRio, composta por 25 estudantes de engenharia, representará a Universidade no campeonato mundial SAE Aerodesign East, em Lakeland (Flórida, EUA), em abril de 2017. As competições, organizadas pela Sociedade de Engenheiros da Mobilidade (SAE), permitem aos alunos aprenderem como é o desenvolvimento do projeto aeronáutico. 
Com orientação do professor Eduardo Costa e Silva, do Departamento de Engenharia Elétrica, a PUC recebeu o maior número de menções honrosas na 18ª edição do SAE Brasil Aerodesign. No encontro, que ocorreu do dia 3 a 6 de novembro, em São José dos Campos (São Paulo), participaram 95 equipes, divididas nas categorias micro, regular e avançada. Mestrando em Engenharia Elétrica, o capitão Igor Lins e Silva afirma que o grupo busca reunir estudantes com interesse na área.
– Agregamos pessoas com paixão por aviação, por aeromodelismo, que pilotam. Nosso maior objetivo é fazer com que se divirtam com o Aerodesign. No laboratório, as pessoas aprendem, mas devem estar felizes com isso – diz o capitão.
Igor comenta que a pontuação do voo, na categoria avançada, é dada em relação à carga e velocidade do avião. Após o voo, um integrante deve retirar a carga do avião o mais rápido possível. A equipe da PUC obteve tempo de retirada de 2.8 segundos, o que lhe rendeu uma menção honrosa.
Equipe na competição nacional em São José dos Campos, São Paulo
Estudante de Engenharia Mecânica, Pablo Milheiro conta que o projeto desenvolvido para a competição simula como os aviões são feitos na indústria. Ressalta, ainda, que a PUC, como a maioria das universidades brasileiras, não tem um departamento de engenharia aeronáutica. Para ele, isso torna desafiador o aprendizado dos conceitos ligados diretamente à área.
– Mesmo se você faz Engenharia Mecânica ou Elétrica, não pode tirar dúvidas sobre aeronáutica em cadernos da matéria. Temos que pegar livros que nunca foram falados em sala, correr atrás de literaturas que não conhecemos, ou que não há quem indique – afirma Pablo.
Estudante de Engenharia de Controle e Automação, Renan de Lima destaca que o processo de construção do avião ocorre no laboratório e começa com a divulgação do regulamento pela SAE Brasil. Os estudantes desenvolvem rascunhos de ideias para a realização do modelo 3D do avião. Nessa etapa, o grupo é dividido em subáreas, como aerodinâmica, desempenho e projeto elétrico. Após o término do projeto, todos são responsáveis pela construção. Renan explica que o grupo construiu três aeronaves, duas foram para a competição em São José dos Campos, e uma, o protótipo, caiu durante o voo, no fim de julho.
– Quando colocamos o avião para voar, já passamos por muita coisa. Nós vemos o projeto, que há quatro meses era um rascunho, na pista, pronto para decolar. Na primeira vez em que botamos o avião para voar, ele caiu. Cair é pensar no erro, realizar as alterações e reconstruir.
De acordo com Renan, a maior dificuldade do projeto é conciliar o trabalho no laboratório com a vida acadêmica e pessoal dos alunos. Ele caracteriza a equipe como um organismo vivo, e reitera que atrasos ou falhas em uma parte do processo afetam todo o projeto.
O aluno afirma a importância das redes sociais ao mostrarem os métodos construtivos do projeto para equipes de menor porte. Aluna de Engenharia de Produção, Dominique Deschatre considera que isso representa uma tentativa de divulgar conhecimento. Ela conta que o laboratório já produziu um vídeo time-lapse do processo de laminação, que consiste na fabricação das peças em fibras de carbono.
– Um dos principais processos utilizados é a laminação. Nós nos aperfeiçoamos nisso há cinco anos, desde que a equipe atual surgiu. Somos sempre muito elogiados na competição, nossa equipe é uma das poucas que realiza isso com maestria.
Para Dominique, 2016 foi um ano histórico, porque foi a primeira vez em que eles voltaram da competição com os dois aviões intactos. A aluna enfatiza a multidisciplinaridade da operação, que envolve áreas como aerodinâmica, projeto elétrico, design e finanças. Segundo ela, a equipe está muito feliz com o resultado dos esforços realizados e está unida e focada em trazer o título para o Brasil e para a Universidade.
– Sempre que botam o avião na pista, dá aquele frio na barriga. Pensamos ‘é agora, será que vai voar?’. Mas sempre que voa, é uma concretização de que o projeto deu certo, de que tudo que fizemos valeu a pena.
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