Estação científica em Noronha inova por sustentabilidade
20/04/2017 17:27
Por: Elissa Taublib/ Fotos: Fernanda P. Szuster e Miguel Darcy

Projeto do Escritório Modelo de Arquitetura e Urbanismo com a Marinha é finalista de prêmio de arquitetura sustentável.

Estação em Fernando de Noronha terá espaços de exposição das informações coletadas pelos pesquisadores. Render: Miguel Darcy

Com utilização de energia renovável e materiais naturais, o projeto Estação Científica de Fernando de Noronha representou o Escritório Modelo de Arquitetura e Urbanismo da PUC entre os finalistas da 4ª edição do Prêmio Saint-Goban de Arquitetura – Habitat Sustentável. O projeto apresenta uma proposta interdisciplinar, de uma sede adaptada à natureza que a cerca. A base científica seria composta por laboratórios e alojamentos para pesquisadores de diversas áreas. A fim de promover a educação ambiental e a preservação do arquipélago, ela dispõe de espaços de exposição das informações coletadas pela comunidade científica.

O projeto foi coordenado pelos professores Vera Hazan, Luciano Alvares, Leila Silveira e Fernando Betim e desenvolvido em conjunto com os estagiários do Escritório. A iniciativa surgiu a partir de uma cooperação técnica entre a Universidade e a Secretaria da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (SECIRM) - órgão vinculado à Marinha-, no fim de 2014. A Estação se integra em um grupo de bases de pesquisa nas Ilhas Oceânicas e poderia ser visitada por turistas por meio de voos comerciais. Supervisora do Escritório Modelo, a professora Vera Hazan observa o aspecto interdisciplinar do local.

– Há muitos interesses na área: urbanismo, sociologia, geologia, história, patrimônio. A parceria firmada entre a Marinha e a PUC, por meio do Escritório Modelo. Uma vez construída a Estação, as suas portas estariam abertas para a Universidade como uma das entidades pesquisadoras.

Estudantes e professores trabalham em conjunto no Escritório Modelo. Foto: Fernanda P. Szuster

O professor Fernando Betim afirma que a ideia é que a Estação seja sustentável no quesito social, econômico e ambiental. Ele destaca que a estrutura de madeira da base mantém o carbono preso dentro da construção. Estudante de arquitetura, o estagiário Antonio Mauricio Pessoa explica que mais carbono é absorvido no plantio da madeira reflorestada do que é produzido na parte de transporte e obra. Ele observa que é preciso utilizar painéis solares e captação de água para garantir o funcionamento da Estação.

– A infraestrutura da ilha é muito precária, então, a inserção desse projeto no local depende de como o construímos e de como ele deve se manter lá. Em Fernando de Noronha, questões como água encanada e energia são complexas, então temos que tomar cuidado com isso – diz Antonio.

Vera ressalta a biodiversidade de Fernando de Noronha e chama atenção para a irregularidade da ocupação da área. Defende, ainda, que a presença do Escritório na Ilha, com a Marinha, possa reforçar o interesse do governo federal em conservar o patrimônio ambiental do espaço. Vera afirma que a Estação é uma construção limpa, porque geraria poucos resíduos. Para a professora, a base científica deve ser um exemplo a ser reproduzido.

– Uma vez aprovado esse projeto, nós iríamos para Fernando de Noronha e ensinaríamos para o pessoal da Marinha e para os moradores como lidar com a construção de madeira, explicaríamos como ela pode substituir as atuais construções que não seguem esse modelo – declara.

O projeto da base na ilha oceânica prevê laboratórios e alojamentos para pesquisadores de diversas áreas. Render: Miguel Darcy

De acordo com o professor Luciano Alvares, o projeto foi planejado de forma a aproveitar a logística de transporte da Marinha. Para isso, ele revela que a estrutura de madeira já seria pré-montada no continente e deslocada em partes para a ilha. Alvares ressalta que a construção não tem concreto e a descreve como uma obra seca.

Desde 2015, o Escritório Modelo já realizou três expedições científicas em Fernando de Noronha – com passagem pelo arquipélago de São Pedro e São Paulo. Vera Hazan comenta a atuação dos estagiários como pesquisadores nessas viagens. Estudante de arquitetura, Julia Tabet participou da terceira excursão ao local onde seria construída a Estação Científica.

– Fui responsável por visitar o terreno e fazer as apresentações, uma responsabilidade muito grande. Eu acompanhei todo o processo, pude entender para quem estamos projetando. Ter experiência no lugar faz toda a diferença, coloca-se em prática o que é aprendido na Universidade.

A base faz parte de uma pesquisa de estruturas flexíveis, que envolve professores com doutorado e mestrado e estudantes do Escritório Modelo. Vera enfatiza que o conceito da Estação gira em torno da possibilidade da construção de se adaptar - não se tornar obsoleta. Ela se refere aos estagiários como colaboradores de projetos e afirma que os coordenadores realizam um papel duplo: são arquitetos e professores.

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