Características de um bom líder
23/05/2017 17:22
Elissa Taublib/ Arte: Beatriz Meireles

Trabalho de mestrado em Administração discute a influência do gestor no comando de empresas. Para pesquisadora Raffaela Sauerbronn, chefe deve ser transparente, justo e correto.

O que caracteriza um bom líder no ambiente de trabalho? De que forma ele influencia o ânimo e a satisfação dos funcionários? Esses questionamentos são respondidos na dissertação de mestrado em Administração, pela PUC, de Raffaela Sauerbronn. O estudo sobre liderança autêntica discute atributos como transparência ética, autoconhecimento e justiça.

Gerente de equipe na BB Gestão de Recursos – Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários S.A. (BB DTVM), Raffaela explica que o bom líder não busca status ou poder e não é cópia de ninguém. Ela marca que a autenticidade do profissional é perceptível quando as ações estão alinhadas com o que líder acredita. Destaca, ainda, a relação entre o conceito de presença afetiva e o que se refere como contágio emocional. A gerente nota que a afetividade influencia na saúde e no bem-estar dos funcionários.

– O líder é uma referência, ele vai orientar todos para executar uma tarefa. Se ele está estressado, o moral da equipe fica para baixo e prevalece um sentimento ruim. Se as pessoas percebem o líder como positivo, elas ficam mais tempo na empresa.

A pesquisadora afirma que o chefe de um estabelecimento deve valorizar o autoconhecimento de forma a compreender a influência que tem nos funcionários. Ela aponta, também, que o líder deve tomar as decisões de forma justa e deve valorizar opiniões divergentes.

– A troca de ideias com os funcionários é importante. Em muitos casos, quem está em uma posição de liderança acha que sabe tudo, mas ele tem que ouvir o que as pessoas têm a dizer: todo mundo tem algo a contribuir. Quando passei a ser gerente de uma equipe, entendi que, para se fazer um bom trabalho, você tem que procurar entender e discutir.

De acordo com a mestre em Administração, o dirigente deve ser sensível com relação às imperfeições e problemas de cada empregado. Raffaela expõe que quando há casos, no trabalho, em que um dos integrantes de uma equipe não produz, a presença de um bom líder pode fazer com que essa pessoa contribua dentro dos limites e possibilidades que apresenta.

O gestor, na opinião da pesquisadora, deve direcionar os trabalhadores para o objetivo comum. Ela alega que liderança não diz respeito à autoridade, mas a fazer com que os funcionários despertem neles mesmos a vontade de realizar o ofício. Para Raffaela, a transparência ética na relação do gerente com a equipe é importante.

– Grande parte da minha pesquisa foi inspirada em uma ex-chefe minha, que hoje já está aposentada. Ela é considerada por muitos uma líder autêntica, porque sempre foi transparente em todas as informações. Isso, tanto em relação ao que tínhamos que produzir, quanto no que condiz aos processos de mudança que ocorriam na empresa.

Orientadora da dissertação de Raffaela e coordenadora de pesquisa no IAG, Flávia Cavazzote declara que o líder transparente não tem agenda oculta, o que o torna confiável perante a equipe. A professora de Administração e Liderança reconhece que o gestor verdadeiro e aberto transmite segurança ao grupo.

– Ele diz o que pensa e faz o que diz. O líder autêntico é transparente e correto. Ele lidera por convicção, tem consciência sobre suas e se preocupa com o impacto que tem nas pessoas e nas organizações.

Flávia alega que muitas ideias sobre liderança divulgadas na mídia empresarial não se baseiam em uma investigação científica. Ela afirma que, para incentivar políticas eficazes, a seleção e formação de lideranças deve se pautar em princípios robustos e verificados.

– A pesquisa sobre este tema é importante porque a liderança é um catalizador de processos que podem ser extremamente produtivos e gerar crescimento para as pessoas e as empresas, ou não. Quanto mais conhecimento tivermos, melhores serão as nossas práticas e todos os processos que visam otimizá-las.

Raffaela acredita que este é um momento de reflexão para quem exerce um cargo de chefia. Ela ressalta a importância de se conhecer o papel do líder e de se ter consciência do impacto que ele tem na equipe. A mestre relata que resolveu se aprofundar no tópico de liderança após ser aluna de Flávia Cavazzote na disciplina sobre liderança. Ela diz que, no curso, relacionou o tema com situações não só do trabalho, mas também da vida pessoal.

– Você também é um líder em sua casa, dentro da perspectiva de que você tem funcionários, outras pessoas que estão sob a sua orientação. Na aula, discutimos a crise de liderança política no Brasil, e compreendi que o assunto tem muitos desdobramentos – conta a administradora.

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