Dez anos da Conferência de Aparecida: memórias e perspectivas é o tema do VIII Simpósio de Teologia da PUC-Rio, que começou nesta terça-feira, 3, na Universidade. O encontro, que prossegue até quinta-feira, 5, vai refletir sobre o que ocorreu antes e depois do lançamento do Documento de Aparecida, produzido na V Conferência Geral do Episcopado Latino-americano e do Caribe, em 2007.
A abertura do simpósio foi feita pelo Cardeal Arcebispo do Rio de Janeiro e Grão Chanceler da PUC-Rio, Dom Orani Tempesta, e contou com a participação do Reitor da PUC-Rio, padre Josafá Carlos de Siqueira S.J., do bispo auxiliar do Rio, Dom Joel Portella, do Vice-Decano do CTCH, professor Karl Erik Schollhammer, e do diretor do Departamento de Teologia, professor Leonardo Agostini.
O Reitor comentou a relevância do Documento de Aparecida, principalmente no pontificado do Papa Francisco. Para ele, o Sumo Pontífice reproduz o espírito de Aparecida nas ações pastorais e nos documentos que produz.
- O Documento é referencial de um projeto de Igreja defendido e assumido pelo Papa – afirmou.
Após a abertura, foi realizada a primeira mesa de discussão com o Arcebispo de Mariana, Dom Geraldo Lyrio Rocha, o Arcebispo de Campo Grande, Dom Dimas Lara Barbosa, mediada pelo Cardeal Orani. Os religiosos relembraram a experiência deles durante a Conferência, como foi feita a elaboração do documento e as dificuldades do projeto.
Dom Orani leu o prefácio do livro Nossa Senhora Aparecida e o Papa Francisco – A devoção do Papa pela Padroeira do Brasil, escrito pelo Pontífice. No texto, Francisco relata a experiência na V Conferência e destaca o empenho dos participantes para a elaboração do texto final. O Cardeal afirmou ser importante valorizar o Documento.
- É preciso redescobrir Aparecida, pois ela trouxe muitos bens à Igreja, principalmente na evangelização, e precisa ser mais aprofundada.
Segundo padre Leonardo Agostini, que é organizador do Simpósio, os encontros buscam não somente revisitar o Documento de Aparecida, mas pensar o impacto dele na Igreja e na vida das pessoas. Padre Agostini aponta dois eixos centrais no Documento, que são a Cristologia e a Eclesiologia. A partir deles, as questões referentes à pobreza, à educação e à ecologia são desenvolvidas.
Segundo Dom Geraldo, a Conferência de Aparecida ganhou relevância por diferenciar-se das anteriores na abordagem dos assuntos. Para ele, as anteriores se preocuparam com a ação da Igreja, porém, a V Conferência se debruçou no sujeito da evangelização, no discípulo e no missionário. O bispo afirmou, também, que a eleição de um papa latino-americano contribuiu com o impacto positivo do Documento produzido na Conferência.
- O Documento de Aparecida teve uma expressão que nenhum dos outros conseguiu, por várias razões, inclusive porque o coordenador da equipe de redação de Aparecida torna-se o Sumo Pontífice e leva para o Supremo Pontificado a visão de Aparecida. Além disso, a evangelização é entendida como um encontro com Jesus Cristo. Quem se encontra com Jesus, torna-se discípulo seu, e quem é discípulo de verdade é missionário
Dom Dimas reafirmou a importância do Papa Francisco para o Documento de Aparecida e destacou que, ainda assim, o Documento é mais visto e discutido fora do Brasil que dentro.
- Visitando as Assembleias do Celam, Aparecida é tônica, é referência, enquanto que para nós, em boa parte dos centros dos estudos, e muitos bispos que foram nomeados depois do Documento, já não se referem tão diretamente a Aparecida. Isso não significa que esquecemos o Documento de Aparecida, significa que temos uma outra metodologia, na realidade muito mais dinâmica do que outras.
O VIII Simpósio de Teologia da PUC-Rio ocorre entre esta terça, 3, e quinta-feira, 5, no Espaço Dom Luciano Mendes, antigo Salão da Pastoral, das 8h às 18h. Na programação, haverá mesas de debate e discussões a respeito do Documento.