A importância de se estudar as diferenças existentes no continente africano e aproximá-las do pensamento brasileiro foi o tema abordado pelo historiador e diplomata Alberto da Costa e Silva, que esteve na Universidade no dia 4 de outubro. Integrante da Academia Brasileira de Letras (ABL), o escritor é especialista em história e cultura da África e ganhou o Prêmio Camões 2014.
Costa e Silva, que foi embaixador em Lagos, na Nigéria, e em Cotonu, na República do Benim, afirmou que ainda há estereótipos em relação ao continente africano. Para ele, as pessoas têm visões preconceituosas porque não aceitam o diferente. O diplomata ressaltou a existência de várias “Áfricas” e a dificuldade de se obter uma unidade em meio a tanta diferença.
– Não há uma África, há Áfricas. Assim como existem Américas diferentes. Eu faço essa distinção para mostrar que nem tudo é igual. Não se pode generalizar sobre a África, assim como não se pode fazer uma generalização do Brasil. Nós tratamos de histórias humanas. Para isso, não há regras, e sim diferenciações.
O historiador acredita que é preciso apresentar referências além da Europa nas escolas. Para ele, deve-se trazer o passado africano para o imaginário do brasileiro. Ele destacou que as primeiras disciplinas de História da África nas universidades estudavam apenas o período pós-colonial. Segundo o diplomata, faltava interesse pela história real da África.
– Em 1960, quando publicaram a primeira revista sobre o tema, já havia universidades na Inglaterra escrevendo sobre a África. Nesse sentido, chegamos atrasados. Nós, brasileiros, temos a África em nossas casas, mas não prestamos tanta atenção nela e não sabemos como estudá-la.
O encontro foi organizado pelo Departamento de Letras e pelo Programa de Pós-Graduação em Literatura, Cultura e Contemporaneidade. Além do escritor, o debate teve a presença da professora Eneida Leal Cunha, do Departamento de Letras, e da doutoranda de Letras Antonia Costa de Thuin, que convidou o diplomata.