Trabalho de casa bem feito
14/09/2018 18:26
Julia Carvalho

A executiva Maria Silvia Bastos compartilha os desafios que enfrentou durante a carreira e analisa o cenário econômico atual do país

 

Maria Silvia foi a primeira mulher a ocupar a presidência de diferentes empresas. Foto: Amanda Dutra

Com um pensamento otimista para o futuro do Brasil e disposta a trocar ideias com as pessoas Maria Silvia Bastos participou da Primeira Semana de Mercado Financeiro na PUC-Rio, no dia 13. A ex-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) respondeu às curiosidades do público, dúvidas e inquietações sobre a trajetória como executiva e o cenário econômico brasileiro.

Maria Silvia começou a carreia aos 24 anos como professora da PUC-Rio e economista pesquisadora da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Como executiva, entrou no mercado durante a considerada década perdida, de 1980, e transitou pelos dois setores, público e privado. Ela foi a primeira mulher a assumir a presidência de todas as empresas em que trabalhou, como Icatu Seguros, BNDES e Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), e hoje é presidente do grupo financeiro Goldman Sachs.

Ela afirmou que todas as áreas em que trabalhou são fascinantes, mas, segundo ela, a experiência mais prazerosa foi durante seu mandato de secretária municipal da Fazenda no primeiro mandato de César Maia na Prefeitura, na década de 1990. Ela diz ter muito orgulho de tudo o que conseguiu realizar e deixar de legado. Segundo a economista, ter uma visão integrada da empresa e um espaço diversificado é muito importante.

— Quando eu fui para a CSN, estava grávida de gêmeos, em uma empresa que tinha acabado de ser privatizada e era um lugar super masculino e muito machista. Mas eu acho que deu muito certo exatamente por isso, porque era tão diferente. Eu, por ser mulher, ser informal e não ser engenheira, acabei conseguindo chegar aos funcionários e eliminar níveis hierárquicos. A mudança nos uniformes foi uma revolução dentro da usina. Olhar os diferentes setores da empresa é uma coisa muito intuitiva, não é prestar atenção só se o aço está bem produzido, bem distribuído, é ter esse feeling de se preocupar com algo a mais que faz uma diferença enorme.

Ao ser questionada sobre a economia do país, Maria Silvia afirmou que é muito difícil o estado gerir empresas. Segundo ela, o governo precisa prover bens públicos, e lucro é incompatível a uma empresa estatal, porque ou a empresa busca ter lucro ou tem um propósito social. Apesar de tudo, a executiva vê o futuro com bons olhos, no qual o Brasil é um país de grandes oportunidades, de tamanho continental, uma língua única e que tem a democracia como forma de governo. Por isso, comentou, é preciso que o dever de casa seja feito para que o país desperte ainda mais o interesse de investidores.

— É papel tanto da diretoria quanto do conselho administrativo de incentivar a inovação. Se não entrarmos na inovação, vamos continuar em uma economia fechada e que não compete. Todo mundo quer ter o melhor produto, mas é contra a concorrência, simplesmente vai ficar no meio do caminho, somos um país grande demais para viver isolado do mundo. Inovação não é só tecnologia, é você melhorar processos, ter atenção aos custos, pensar as coisas de forma diferente e realizar as coisas de forma diferente

Para Maria Silvia fazer, transformar e mudar é fundamental. Ela afirmou que planejamento não é tudo e que errar é bom para adquirir experiência, já que ajuda na busca pelo acerto. Aprender com quem sabe mais, ter empatia, ter atitude e entender que tudo o que se aprende é útil são aspectos fundamentais, segundo a executiva, para quem quer se destacar no mercado. 

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