Começa a X Semana de Cultura Religiosa
20/09/2018 12:13
Luana Vicentina

Papa Francisco e questões sobre fé e cultura foram temas discutidos no primeiro dia de encontros

Palestra Deus é Jovem. Foto: Gabriela Azevedo.

Deus é jovem: O pensamento do Papa Francisco e a juventude contemporânea foi o foco de uma das primeiras e mais aguardadas palestras da X Semana de Cultura Religiosa, que teve início na segunda-feira, dia 17. A professora Tereza Cavalcanti, do Departamento de Teologia, e o representante da pastoral da juventude da Arquidiocese do Rio de Janeiro Reinaldo Neves debateram a importância da figura do Papa Francisco para a Igreja e para a geração atual e futura, no encontro mediado pela professora de Ética Cristã Bárbara Bucker.

Tereza Cavalcanti abordou a encíclica Laudato Si’ e pontuou a importância que a sociedade deve dar para a questão da ecologia. De acordo com ela, sem a preservação da natureza todas as outras causas se tornam menores, pois o meio ambiente é a base para a vida. Ela também ressaltou o papel de atuação do jovem na Igreja e como o Papa pode ser visto como um modelo para a juventude.

— Os jovens são responsáveis por denunciar o que está fora do lugar. Essa é a vocação da juventude. Mas, além da denúncia, é preciso criar projetos de mudança. Quando o Papa fala em uma Igreja em saída, ele convida o jovem a ser essa iniciativa.

Jovens interagindo durante momento reflexivo da palestra Deus é Jovem. Foto: Gabriela Azevedo.

Para a teóloga, o discurso do Papa Francisco frisa que a Igreja deve deixar de lado os rótulos e valorizar o que existe de positivo nas pessoas. Ela afirmou que o Papa marca uma ruptura na Instituição Católica, que historicamente tinha uma posição julgadora em diversos assuntos.

— Sobre a questão da sexualidade, por exemplo, ele não vem carregado da ideia de pecado e impureza que vinha se arrastando na história da Igreja. O Papa abre portas e não se coloca na posição de juiz, ele quer ouvir o povo.

Reinaldo Neves lembrou as ditaduras na América Latina e salientou que, para a juventude, fazer uma leitura adequada da realidade é fundamental. De acordo com o jovem, isso só é possível se a história não for esquecida. Ele explicou, ainda, como a cultura do individualismo na atualidade impede de enxergar o próximo, e abordou a valorização da vida no Setembro Amarelo.

— Precisamos superar o individualismo e nos unir. Cada um tem um sonho, mas só um sonho sonhado em conjunto pode se concretizar. Hoje a taxa de suicídio está começando a ficar um pouco mais evidente para nós. Antes isso era tratado como um problema invisível.

Reinaldo Neves ressaltou a importância do Setembro Amarelo. Foto: Gabriela Azevedo

Após a palestra, o estudante Miguel Picard contou que, mesmo não sendo religioso, se sente acolhido com o discurso do novo Papa porque ele demonstra uma preocupação com questões sociais e com as minorias. O estudante afirmou que fica feliz ao ver a renovação que o Papa traz para a Igreja.

— Eu acho que o novo Papa é muito inclusivo com os grupos que não recebiam tanta visibilidade antes. Eu particularmente nunca liguei muito para religião, mesmo com a minha família sendo religiosa. Mas, quando eu comecei a ler sobre as mudanças que o novo Papa estava propondo, eu fiquei super interessado.

No encontro do dia, intitulado Semeando diálogo entre ciência e fé, o Vice-Reitor Comunitário, professor Augusto Sampaio, apresentou um panorama das ações sociais realizadas na Universidade, como o programa institucional de bolsas e auxílio aos estudantes, que ajuda os jovens de baixa renda a realizarem suas pesquisas científicas. Ele salientou o cuidado que deve ser mantido entre a Universidade e a comunidade.

— A PUC sempre esteve aberta a oferecer ajuda, mas, antigamente, a Universidade era vista entre a sociedade carioca como um espaço exclusivo dos riquinhos e riquinhas da Zona Sul. Hoje, temos um número de bolsistas até maior do que o esperado.

O Vice-Reitor Comunitário, professor Augusto Sampaio falou das ações sociais feitas na PUC. Foto: Thaiane Vieira 

O padre jesuíta Luís Corrêa Lima, professor do Departamento de Teologia, discorreu sobre a antropologia bíblica, o avanço da ciência e a superação da leitura literal da Bíblia. Como consequência desses avanços, ele citou a autonomia das ciências, a igualdade racial, de gênero e orientação sexual e o espaço para o pluralismo.

— Semear diálogo entre ciência e fé é uma tarefa para a civilização ao longo dos séculos e também para as nossas vidas. Muita coisa depende da gente, do que fazemos dentro da Igreja, nas nossas práticas locais e cotidianas.

Na décima edição, com o tema Sementes de Saber, Sabor e Sabedoria, a Semana de Cultura Religiosa é realizada anualmente pelo Departamento de Teologia e é direcionada aos alunos matriculados na disciplina de Cultura Religiosa e a todos os demais interessados em participar. As atividades prosseguem até sexta-feira, dia 22, no Salão Dom Luciano Mendes.

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