Teorias do Jornalismo
04/06/2019 16:23
Núbia Trajano

O papel do jornalista em torno dos dilemas contemporâneos é tema de palestra da I Semana de Jornalismo da PUC-Rio

O diretor do Departamento de Comunicação da PUC-Rio, Leonel Aguiar. Foto: Amanda Dutra.

Na programação do quarto dia da 1ª Semana de Jornalismo da PUC-Rio, o diretor do Departamento de Comunicação da PUC-Rio, professor Leonel Aguiar, proferiu a palestra Teorias do Jornalismo. Ele abordou a trajetória do jornalismo e o cenário de transição em que se encontra a profissão. 

Aguiar defendeu o jornalismo como forma de conhecimento e dilemas contemporâneos. Para ele, o modo como o conhecimento é reproduzido está relacionado com a crise da modernidade, assim como a questão metodológica na complexidade da produção do saber. Segundo o professor, há uma concessão da sociedade no século XIX que atribuiu esse poder ao jornalismo.

- Não existe uma ordem do discurso que não seja constituída ou marcante, de poder e de saber, e, no caso do jornalismo, produz um saber sobre o mundo, sobre o cotidiano. E quem tem esse poder de produzir essas narrativas é um grupo de profissional muito específico que a sociedade do século XIX outorgou em chamar de jornalistas. Foi concedido em reproduzir um discurso sobre a realidade social imediata, com a capacidade de produzir uma mediação dos conflitos e as disputas de interesses que existem em toda a sociedade democrática. 

Platéia atenta a palestra Teorias do Jornalismo. Foto: Amanda Dutra

O professor acredita que o bom jornalismo é o de interesse público. A ética jornalística está no modo como se escreve a notícia, assim como o papel do jornalista está na busca pela verdade, pontuou Aguiar. Ele afirmou ainda que, na profissão, é feito um balanço das fontes, e que produzir a notícia é uma consequência, contextualizada a particularidade do momento.

- O jornalismo serve para fornecer aos cidadãos informações para que tenham a capacidade de desempenhar criticamente uma atuação política na sociedade. É um lugar de produção de conhecimentos sobre essa experiência imediata da realidade, o cotidiano. Torna-se um direito da sociedade e um dever, portanto, do jornalista, produzir informações de qualidade, voltadas para o interesse público. De modo que isso, certamente, irá contribuir para o avanço da democracia.

O professor apontou o jornalista como o mediador social, especificamente na forma de noticiar e na reportagem. Ele acredita na relação do jornalismo com a democracia como uma relação de uso. Apesar disso, Aguiar relatou com a informação jornalística busca o lucro e envolve os interesses políticos e econômicos.

- A informação jornalística busca o lucro, isso é inseparável. A constituição da profissão e a comercialização da notícia, isso é um paradoxo. Esse público cria uma estratégia para se tornar de interesse do público também, ao mesmo tempo em que ele deixa de ser voltado exclusivamente aos interesses políticos, como era antes, e se torna voltado aos interesses dos leitores, que é mais heterogêneo. Não é mais um público de classe social como aquele jornal antigo de opinião, a burguesia emergente usando o jornalismo como instrumento de luta para afirmar seus ideais. 

Leonel na mediação do encontro. Foto: Amanda Dutra

Segundo Aguiar, todas essas questões vão se manifestar nas mídias sociais por uma valorização das narrativas na primeira pessoa do singular. Para ele, a sociedade precisa ter opinião formada sobre tudo, condicionada pelas corporações midiáticas. Apesar disso, essa transição envolve alguns dilemas, relatou o professor, como os esvaziamentos do espaço público e o individualismo.

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