Na programação do quarto dia da 1ª Semana de Jornalismo da PUC-Rio, o diretor do Departamento de Comunicação da PUC-Rio, professor Leonel Aguiar, proferiu a palestra Teorias do Jornalismo. Ele abordou a trajetória do jornalismo e o cenário de transição em que se encontra a profissão.
Aguiar defendeu o jornalismo como forma de conhecimento e dilemas contemporâneos. Para ele, o modo como o conhecimento é reproduzido está relacionado com a crise da modernidade, assim como a questão metodológica na complexidade da produção do saber. Segundo o professor, há uma concessão da sociedade no século XIX que atribuiu esse poder ao jornalismo.
- Não existe uma ordem do discurso que não seja constituída ou marcante, de poder e de saber, e, no caso do jornalismo, produz um saber sobre o mundo, sobre o cotidiano. E quem tem esse poder de produzir essas narrativas é um grupo de profissional muito específico que a sociedade do século XIX outorgou em chamar de jornalistas. Foi concedido em reproduzir um discurso sobre a realidade social imediata, com a capacidade de produzir uma mediação dos conflitos e as disputas de interesses que existem em toda a sociedade democrática.
O professor acredita que o bom jornalismo é o de interesse público. A ética jornalística está no modo como se escreve a notícia, assim como o papel do jornalista está na busca pela verdade, pontuou Aguiar. Ele afirmou ainda que, na profissão, é feito um balanço das fontes, e que produzir a notícia é uma consequência, contextualizada a particularidade do momento.
- O jornalismo serve para fornecer aos cidadãos informações para que tenham a capacidade de desempenhar criticamente uma atuação política na sociedade. É um lugar de produção de conhecimentos sobre essa experiência imediata da realidade, o cotidiano. Torna-se um direito da sociedade e um dever, portanto, do jornalista, produzir informações de qualidade, voltadas para o interesse público. De modo que isso, certamente, irá contribuir para o avanço da democracia.
O professor apontou o jornalista como o mediador social, especificamente na forma de noticiar e na reportagem. Ele acredita na relação do jornalismo com a democracia como uma relação de uso. Apesar disso, Aguiar relatou com a informação jornalística busca o lucro e envolve os interesses políticos e econômicos.
- A informação jornalística busca o lucro, isso é inseparável. A constituição da profissão e a comercialização da notícia, isso é um paradoxo. Esse público cria uma estratégia para se tornar de interesse do público também, ao mesmo tempo em que ele deixa de ser voltado exclusivamente aos interesses políticos, como era antes, e se torna voltado aos interesses dos leitores, que é mais heterogêneo. Não é mais um público de classe social como aquele jornal antigo de opinião, a burguesia emergente usando o jornalismo como instrumento de luta para afirmar seus ideais.
Segundo Aguiar, todas essas questões vão se manifestar nas mídias sociais por uma valorização das narrativas na primeira pessoa do singular. Para ele, a sociedade precisa ter opinião formada sobre tudo, condicionada pelas corporações midiáticas. Apesar disso, essa transição envolve alguns dilemas, relatou o professor, como os esvaziamentos do espaço público e o individualismo.