Rock, MPB e música clássica, uma mistura que foi o ponto de partida da mais nova obra do professor Arthur Dapieve, do Departamento de Comunicação Social. O livro Do Rock Ao Clássico: Cem crônicas afetivas sobre a música | center>>aborda a paixão do autor pelo tema e que ficou impressa em textos publicados na coluna do jornalista, ao longo de 25 anos no jornal O Globo. E no dia do lançamento do livro, houve um bate-papo de Dapieve com o compositor Francis Hime e do ex-Titã Charles Gavin sobre música, é claro.
Arthur Dapieve é comentarista do Estúdio i (GloboNews), do Redação SporTV e apresentador de um programa sobre música clássica na rádio on-line do Instituto Moreira Salles. Durante o trabalho como colunista no O Globo, o crítico redigiu inúmeras crônicas dedicadas ao rock internacional, ao rock brasileiro, à música popular, à black music e à música clássica.
Dapieve diz que construiu esse gosto musical eclético porque procurou escutar diferentes gêneros, sem preconceito. Nomes como Bob Dylan, Pink Floyd, Beatles e Nelson Freire são algumas das referências do jornalista. E ele revela que desenvolveu durante a vida um método: ao ouvir uma música, sempre procurou relacionar com a história de quem a compôs ou a interpretou.
– Sempre escutei um pouco de tudo, e muitas bandas de rock que eu gostava tinham o costume de fazer arranjo musical para o clássico. O primeiro gênero de rock que escutei foi o rock progressivo, que, por coincidência, tem elementos tanto do próprio gênero quanto da música clássica.
Dapieve observa que a música clássica é a raiz dos gêneros musicais. E comenta que álbuns de rock como The Wall, da banda Pink Floyd, e Tommy, do grupo The Who, são qualificados como “óperas rock”. Segundo o autor, os compositores clássicos foram os responsáveis por sistematizar a estrutura teórica das notas, algo que foi assimilado por outros gêneros musicais que surgiram posteriormente.
– No século XVII, os compositores europeus clássicos organizaram as notas de tal maneira a facilitar os instrumentos a conversarem entre si. Sendo assim, as músicas no Ocidente são dessa maneira porque há 300, 400 anos, os musicistas clássicos concluíram que, para fazer com o que os instrumentos tocassem juntos, deveriam simplificar as notas.
Ao longo da produção e seleção dos textos, o crítico sentiu dificuldade para escolher o título da coletânea. Segundo ele, o principal objetivo era achar um título que, dentre todos em cogitação, fosse capaz de explicitar o valor sentimental da música, mas sem perder o caráter informativo. Dapieve conta que nos 25 anos em que escreveu como colunista, produziu mais de 200 crônicas que abordavam temas relacionados à música. Por isso, revela que a seleção dos textos foi um exercício árduo e minucioso.
– Escolher cem crônicas de um trabalho de 25 anos de coluna foi uma tarefa difícil. Além de comunicar imediatamente a informação, os textos também deveriam ser relevantes ao público, de tal forma que sobrevivessem ao olhar do leitor.
O livro é uma combinação de crônicas sobre os diversos gêneros e as experiências pessoais do jornalista com a música. Para Dapieve, essa compilação apresenta também o valor emocional construído entre o público e a obra de arte. De acordo com ele, cada um produz um olhar diferente diante da arte, que muitas vezes tem relação com o momento pessoal vivido pelo indivíduo.
– Os textos sempre tinham um pouco da pegada de tentar explicitar informações sobre a música com a emoção provocada por ela, mas sem ser uma afirmativa exata. Não é a última palavra sobre o Pink Floyd, é a minha palavra e a minha história naquele momento.
Em um dos textos, por exemplo, Dapieve explica por que Wish you were here é a música de sua vida, em outro, relata a experiência do show do Radiohead na Praça da Apoteose em 2009. Mas apesar das inúmeras inspirações citadas no livro, o professor realça os grandes nomes, combinados entre o rock e o clássico, importantes no repertório pessoal. Para ele, os ícones do clássico são Bach, Mozart e Beethoven; e, do rock, Elvis Presley, Os Beatles e Os Rolling Stones.