Reduzir, reutilizar, reciclar e restaurar são os quatro Rs considerados fundamentais para um ecossistema sustentável e foram abordados na abertura do II Simpósio de Restauração Ecológica do Estado do Rio de Janeiro (II SIMERJ). A cerimônia de abertura do encontro ocorreu na quinta-feira, 18, e teve a presença de docentes e especialistas ambientais. Os convidados debateram os impasses e as possíveis soluções para a recuperação florestal.
A Diretora do Departamento de Biologia, professora Rejan Rodrigues, explicou o início do processo de reversão do quadro de degradação ambiental no Rio de Janeiro, na década de 1980. De acordo com ela, o bioma do estado estava sendo muito impactado, e um grupo de jovens recrutantes da Escola de Florestas da UFRRJ (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro), em conjunto com a instituição do Jardim Botânico, começou a desenvolver a ideia de revegetação como forma de amenizar os problemas.
– No final dos anos 80, o estado ganhou a condição de intervenção modesta, fruto do pioneirismo de jovens, que, com poucos recursos, foram capazes de levar adiante o atual rumo da restauração florestal. Se não fosse pelo esforço desses indivíduos, hoje não teríamos perspectivas de reversão do quadro.
De acordo com Rejan, o simpósio é uma oportunidade para promover um diálogo entre a produção de conhecimento da área acadêmica e as experiências de campo. Rejan qualificou o momento atual como “caos ambiental” e afirmou que uma conferência como essa possibilita discutir e entender as percepções da academia junto a produtores e as empresas.
Responsável por introduzir uma das mais importantes restaurações no estado, o representante da Sociedade Brasileira de Restauração Ecológica (SOBRE) Luiz Fernando Duarte comentou que o II SIMERJ é uma forma de reforçar uma reunião ambiental que começou a ser pensada há mais de nove anos. Duarte lembrou que o debate sobre a revegetação teve início com a criação da Rede Brasileira de Restauração Ecológica (REBRE).
– Uma das propostas da Rede era difundir o conceito de restauração, ampliar a discussão e compartilhar o protagonismo para que outras pessoas que tinham interesse se sentissem inseridas no processo. Fomos muito bem sucedidos, e um dos resultados dessa ação foi a criação da Sociedade Brasileira de Restauração Ecológica.
O Reitor da PUC-Rio, padre Josafá Carlos de Siqueira, S.J., destacou a biodiversidade como um bem de caráter universal e a necessidade de discussões interdisciplinares a respeito dos rumos tomados por ela ao longo dos anos. Padre Josafá ressaltou que a biodiversidade ultrapassa fronteiras nacionais e é responsável por prestar um serviço de equilíbrio ambiental em escala planetária.
– É importante fazer o uso do princípio da interdisciplinaridade, ou seja, ter diversas áreas do conhecimento participando para buscar soluções para a complexidade do problema da biodiversidade. Hoje, não é mais possível um campo de conhecimento isolado dar conta de todos os obstáculos, devemos reconhecer que, trabalhando juntos, conseguimos vencer os desafios.
Um dos organizadores do simpósio, o professor Richieri Sartori, do Departamento de Biologia, destacou o projeto mutirão da Prefeitura do Rio de Janeiro como uma das principais ferramentas para a restauração ecológica. Segundo o professor, o projeto está presente em mais de 140 comunidades carentes com milhares de mudas plantadas desde 1984.
– O mutirão tenta fazer da melhor forma possível para que se tenha o retorno das florestas no município. E grande parte do que nós vemos hoje da recuperação florestal foi feita pelo projeto.
Integrante do Instituto Internacional para Sustentabilidade (IIS) Renato Crouzeilles comentou que o trabalho com metas e planos de restauração brasileiro tem alcançado muitos avanços e consagrou o país como um exemplo dessa iniciativa no mundo. Para ele, independentemente da situação governamental, a sociedade deve continuar com o engajamento cada vez maior na defesa da revegetação.
A cerimônia de abertura também teve a participação da representante do Pro Mudas Rio, Marina Figueira, de uma das a organizadoras do II SIMERJ Stella Mata, e do pesquisador do Instituto do Jardim Botânico do Rio de Janeiro Massimo Bovini.