Profissionais de diferentes especialidades atuam em serviço especializado no combate às sequelas da doença

O Departamento de Medicina da PUC-Rio criou um ambulatório especializado para o tratamento de síndromes pós-Covid - algumas pessoas apresentam sequelas como falta de ar e dor de cabeça. Médicos, fisioterapeutas, psicólogos e outros profissionais da área estão reunidos no ambulatório São Lucas para elaborar o diagnóstico correto e encontrar os melhores caminhos para o caso de cada paciente.

No Brasil, estima-se que são mais de 1,5 milhão de casos de síndrome pós-Covid. Ela é caracterizada pelo surgimento de sequelas causados pela ação do Sars-CoV-2, cerca de três a quatro meses após a fase aguda da doença. Entre os problemas identificados estão infarto, arritmia, depressão, perda de memória, falta de ar, dificuldade de raciocínio, fadiga e dores intensas, diarreia crônica, perda de cabelo e distúrbios de pele, fraqueza muscular, crise de pânico, entre outras. Mal-estar e queixas como dores de cabeça e perda de olfato tendem a se resolver sozinhos, mas se houver incômodo intenso é necessário entrar em contato com um médico.

As sequelas se apresentam em diferentes intensidades para cada indivíduo, e alguns até relatam mais de uma ao mesmo tempo. Ainda não se sabe sobre a causa exata desses problemas, mas, segundo a médica Isabela Braga, do ambulatório São Lucas, pacientes com doenças pré-existentes podem ter quadros mais graves do que pessoas saudáveis. Não há um padrão de sintomas para aqueles que sofrem de síndrome pós-Covid, mas existem cuidados a serem tomados.

- Ainda não há medicamentos para evitar estas sequelas, então aconselho que cuidem da saúde. Pode ser clichê, mas as pessoas que têm uma boa saúde e bons hábitos têm maior chance de se recuperar de doenças no geral, por enquanto, esta é a melhor maneira de se prevenir – observa a médica.  

Ao contrário da crença popular, não são apenas os idosos que sofrem com as complicações da doença. Ex-aluno da PUC-Rio, Rafael Miranda, de 36 anos, contraiu a doença em agosto de 2020 e foi internado na UTI para pacientes com Covid porque foi diagnosticado com uma tromboembolia pulmonar. Ele passou quatro dias na UTI e mais sete na enfermaria para tratar a doença. Por causa das complicações que ficaram, Rafael ficou afastado do trabalho na Marinha por cinco meses.

- Comecei a sentir uma dor muito forte nas costas. Após alguns exames, a médica detectou que eu estava com uma tromboembolia pulmonar e que provavelmente era sequela da Covid, pois existiam outros casos como o meu. Não cheguei a ser entubado, mas precisei de oxigênio durante todo o período.

O jornalista afirma a falta de ar e as dores na região pulmonar persistiram mesmo após o fim da doença. Ele conta que precisou fazer fisioterapia respiratória por oito meses e que nas duas primeiras semanas em casa precisou dormir sentado devido à dor. Ele lembra que ficou apreensivo porque sabia quais seriam os efeitos da doença, uma vez que, um ano atrás, os médicos ainda tinham pouco conhecimento sobre a enfermidade e a ação do novo coronavírus

- Senti muito medo, porque estava com uma sequela da Covid e, como era algo novo para os médicos, poderia agravar a qualquer momento. Durante a internação, com fortes dores e sob efeito de morfina, cheguei a pensar que morreria. Nessas horas a gente percebe o quão frágil a vida é.

O funcionamento do ambulatório

Com uma equipe vasta que é capaz de atender às diversas necessidades dos pacientes em um mesmo local, o ambulatório São Lucas tem como objetivo ajudar, em todos os níveis, a população que sofre com estas sequelas. Segundo a médica Isabela Braga, os integrantes da equipe elaboram um questionário de triagem que vai permitir identificar as necessidades dos pacientes e encaminhar para as especialidades necessárias para cada caso,  o que vai tornar o atendimento mais rápido e eficiente.

- O objetivo do projeto é poder ajudar a população que está sofrendo com as síndromes pós-Covid a se recuperar de maneira multidisciplinar. Por isso, temos no ambulatório uma equipe médica completa que conta com médicos, fisioterapeutas, psicólogos e psiquiatras, e até assistentes sociais.

Pessoas com sintomas de síndrome pós-covid devem entrar em contato com o  ambulatório São Lucas,  que fica  na  Estrada  da  Gávea,  36-B. A consulta, cujo valor é de R$90, deve ser agendada pelo número (21) 99220-1002 ou pelo site  www.med.puc-rio.br/ambulatorio.