A quarta edição do Ranking de Universidades Empreendedoras (RUE) será divulgada no dia 3 de outubro, e a PUC-Rio é candidata a permanecer no topo dos indicadores mais uma vez. Com quase três décadas de experiência na área, a Universidade se destaca na cultura empreendedora, adquirida ao longo deste tempo. O “tripé” formado pelo Centro de Empreendedorismo, o Instituto Gênesis e a Empresa Júnior é a base da união entre teoria e prática que faz da PUC-Rio um expoente no setor. A revista britânica Times Higher Education (THE) elegeu a Universidade como a número um da América Latina no contato com a indústria por conta da junção entre pesquisa, estudo e atuação no mercado.
Elaborado pela Confederação Brasileira de Empresas Juniores (Brasil Júnior), o RUE recolhe dados fornecidos tanto pelas universidades quanto pelos alunos das instituições. Além da cultura empreendedora, outras cinco dimensões são exploradas: inovação, infraestrutura, internacionalização, extensão e capital financeiro. Em 2019, participaram 123 instituições de ensino superior, mas a estimativa para 2021 é de que 150 sejam analisadas.
Responsável pela Coordenação de Ensino de Empreendedorismo e Inovação (CEMP), a professora Flávia Cavazotte reconhece o pioneirismo da Universidade na criação de uma área de ensino para desenvolvimento de metodologia empreendedora. Inaugurada em 1997, a CEMP conta hoje com aproximadamente 1.200 alunos matriculados por semestre nas mais de 20 disciplinas exclusivas do domínio adicional. A professora observa, ainda, a mudança na percepção e na prática ao longo dos anos. Saber inovar e contornar as adversidades dentro de uma empresa se tornaram capacitações cada vez mais procuradas pelas firmas em novos profissionais. Esta formação permite a oportunidade de a pessoa tanto dar início a negócios inéditos, como aprimorar outros já existentes.
– A visão do empreendedorismo exclusivamente como a criação de uma empresa era restrita porque focava no empreendimento, e não dava a atenção devida ao empreendedor. Hoje, olhamos o empreendedorismo como uma prática de um agente que é capaz de ter impacto em qualquer ambiente onde estiver. Isto ocorre por sua maneira de pensar ampla, focada em oportunidades e atenta a necessidades, pela sua disposição para tomar risco e explorar novas oportunidades – afirma.
O diretor do Instituto Gênesis, João Gabriel Hargreaves, salienta o papel desta unidade complementar na ligação entre o mercado e as inovações desenvolvidas na PUC-Rio. O engenheiro ressalta a primeira posição da Universidade no ranking da THE no contato de instituições de ensino superior com a indústria, que – segundo o engenheiro – está constantemente em busca de inovação. O diretor destaca o papel do Gênesis para receber os aperfeiçoamentos gerados de processos de ideação dentro da Universidade e verificar se os novos produtos podem ser multiplicados e valorados. Entre os clientes atendidos pelo Instituto, estão grandes empresas como a Vale e a Oi.
– A PUC-Rio é um celeiro de inovação. O DNA da PUC é a inovação. Quando você tem uma universidade com uma área de pesquisa muito forte, você tem um grande número de ideias e inovações sendo testadas e trabalhadas no meio acadêmico. O Gênesis está sempre estudando o mercado, para que estimulemos a criação de empreendedores ou de carreiras dentro da própria Universidade, que tenham sentido para o mercado – aponta.
A presidente da Empresa Júnior PUC-Rio (EJ), Maria Luiza Faria, enxerga a iniciativa como uma oportunidade de fomentar a mentalidade empreendedora entre os universitários. Fundada em 1995 por Silvério Zebral e Bruno Lessa, a EJ é uma empresa de consultoria formada apenas por alunos de graduação que acumula trabalhos de sucesso, como a parceria com a pizzaria Domino’s, cujo resultado foi a promoção “Terça em dobro”. Por outro lado, a Empresa Júnior trabalha majoritariamente com microempreendedores. Um destes clientes foi o quiosque Kakumi, localizado em frente à PUC. A EJ desenvolveu um plano de divulgação da marca, que, assim como muitos estabelecimentos, sofreu com os impactos da pandemia da Covid-19.
– A gente fez um vídeo institucional para o Kakumi, de divulgação do delivery, contando um pouco de sua história, como são feitas as comidas, como funciona o dia a dia. Eles eram clientes muito participativos, amavam tudo que a gente fazia, se emocionavam. Todo mundo chorou na última entrega. Foi um projeto muito especial. É uma oportunidade muito bacana de a gente conseguir ter esse impacto social dentro do ambiente da PUC – conta a presidente.
Multiplicidade de saberes
O professor do IAG – Escola de Negócios PUC-Rio Francis Berenger assinala o campus da Universidade como um facilitador para a formação e o avanço de projetos porque alunos de diferentes áreas do saber e idades se encontram e constroem juntos novas ideias. Berenger ressalta o apoio da Reitoria ao longo dos anos, que retirou a visão do empreendedorismo como uma atividade complementar na PUC-Rio e deu a ele posição de destaque em toda a Universidade.
– Hoje, o empreendedorismo está pulverizado em todos os centros e departamentos. Existe uma cultura que implica necessariamente em uma disseminação capilar em toda a instituição. No campus da Universidade, você vê a diversidade e multiplicidade dos saberes em um espaço geográfico delimitado. Os alunos estão se esbarrando nos pilotis, no bandejão, nas salas de estudo, na biblioteca. Essa troca entre estudantes das mais diferentes áreas e estágios de ensino é fundamental para o desenvolvimento empreendedor – analisa.
Também do IAG, o professor Marcos Rego enxerga a institucionalização da cultura empreendedora nas universidades brasileiras como algo positivo para a educação e o país. Segundo ele, um negócio fracassado gera, entre outros fatores, uma descrença no empreendedorismo e, por isso, não encara o RUE como uma competição entre instituições. Doutor em Administração de Empresas, Rego acredita que o ensino do empreendedorismo é fundamental para o sucesso de um negócio. Para o professor, conhecimentos de mercado, do ambiente onde se vai atuar, da concorrência e do produto ou serviço oferecido são exemplos de pilares importantes que devem ser estudados antes haver um investimento em uma startup.
– Quanto mais empreendedores de sucesso tivermos no Brasil, novos surgirão, maior competitividade, qualidade e entrega aos clientes teremos. No final, a sociedade como um todo será beneficiada. Nosso principal objetivo como universidade não é ficarmos em primeiro lugar no ranking, mas, sim, termos uma cultura empreendedora e bons indicadores – completa.