José de Anchieta: o sentido teológico de uma canonização
10/06/2014 16:51
Prof.ª Maria Clara Bingemer

Professora Maria Clara Bingemer, Vice-Decana do CTCH, conta sobre o sentido da canonização

O canário de ascendência judaico cristã nova José de Anchieta nem imaginava que tantos séculos depois de sua passagem pela *terra brasilis* seria objeto de tamanha atenção por parte da mídia e subiria aos altares como santo. Era bem jovem quando sentiu o chamado de Deus e entrou na Companhia de Jesus como irmão. Chegou ao Brasil com 20 anos de idade. De suas mãos floresceu a cidade que hoje é a mais importante do país: São Paulo. Além disso, é de enorme importância sua atuação junto aos índios, aos quais cuidava não apenas de catequizar como também de defender dos abusos dos colonizadores portugueses, que muitas vezes os brutalizavam, escravizando-os e tomando-lhes as mulheres e filhos. Também se destacou no campo das letras. Compôs a primeira gramática da língua tupi que, na América Portuguesa, foi chamada de “língua geral” e se tornou o principal instrumento de comunicação entre europeus e nativos. Sua canonização é o selo de sua vida, inteiramente dedicada a Deus e aos outros, em incansável doação e incessante trabalho. Canonizando Anchieta, a Igreja reconhece e proclama que aquele batizado, aquele cristão seguiu de muito perto as pegadas do Mestre e Senhor Jesus Cristo e por isso pode servir de testemunho e exemplo para todos os cristãos. Ao mesmo tempo em que não hesita em denunciar e condenar pecados, a Igreja não faz o mesmo com pecadores, indivíduos que possam ser classificados como “perdidos” por seu comportamento negativo. Parte do princípio que por maior que seja o pecado, a graça de Deus o supera e pode salvar aquele que se distanciou do caminho da verdade e do amor mesmo no último minuto de sua vida. No entanto, após cuidadoso processo que pode durar anos – como foi o caso com Anchieta – a mesma Igreja se alegra em canonizar santos. É com júbilo que proclama que aquele ou aquela que é conduzido aos altares é como um farol que iluminará as vidas de seus irmãos e irmãs mostrando que na fragilidade humana o Espírito triunfa da argila e da fraqueza realizando coisas grandes que atestam a presença e a força de Deus. Assim foi com José de Anchieta, que consentiu em que Deus se apossasse de toda a sua pessoa e dele fizesse um instrumento para a paz, a justiça e a verdade. O Brasil conta, pois, com mais um santo para o qual pode olhar para inspirar sua vida e ao qual pode pedir intercessão e ajuda. São José de Anchieta, rogai por nós.

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