Viagem arquitetônica
05/03/2015 00:00
Alessandra Monnerat / Fotos: Gabriela Doria, Pedro Myguel Vieira e Weiler Filho

Como diferentes estilos e projetos de urbanismo construíram o visual da cidade que conhecemos atualmente

A fachada da Igreja do Mosteiro de São Bento foi concluída em 1641 com duas torres e um frontão triangular

"Não mais que uma cerca de pau-a-pique e casas de palha”. Em 1565, essa era a aparência que tinha a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, segundo descrição do Provincial da Companhia de Jesus no fi nal do século XVI, padre Pero Rodrigues. Fundado por Estácio de Sá em uma estreita faixa de areia entre os morros Cara de Cão e Pão de Açúcar, o Rio apresenta hoje muito mais do que as casas de palha do passado. De monumentos religiosos do período colonial a exemplares prédios modernistas, a cidade reúne um rico legado arquitetônico, que ajuda a contar a história desses 450 anos.

Capital do Brasil por quase dois séculos, o Rio se tornaria um depositório de exemplos da arquitetura de vários períodos. Caso raro, segundo o coordenador da pós-graduação em História da Arte e Arquitetura no Brasil da PUC-Rio, João Masao Kamita.

- O Rio tem uma série de obras que marcaram a história da arquitetura. Não existe uma área histórica de arquitetura colonial concentrada, por exemplo. Mas existe um conjunto de vários momentos da história, algo raro de encontrar em outras cidades.

Reunir um patrimônio cultural tão rico provou-se um grande desafio para a história carioca. Em diferentes períodos da urbanização da cidade, a especulação imobiliária e os interesses econômicos dificultaram o equilíbrio entre a preservação de monumentos arquitetônicos e o crescimento de empreendimentos prediais. Segundo o professor Alfredo Britto, do Curso de Arquitetura e Urbanismo da PUC-Rio, um dos exemplos mais marcantes de perdas para o conjunto da paisagem urbana do Rio foi justamente o coração das primeiras ocupações da cidade: o Morro do Castelo, cujo desmonte começou em 1922.

- A derrubada do Morro do Castelo é contraditória. É uma perda para o Rio de Janeiro porque uma das características negativas foi a perda dos pontos de sua origem, a Cidade Velha, na região da Praia Vermelha, e o morro do Castelo. As edificações que existiam na constituição original do Rio foram destruídas. Eram elementos fundamentais para se entender a história da cidade.

O Morro do Castelo foi escolhido como o segundo núcleo da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro depois que invasores franceses foram expulsos em janeiro de 1567. O então governador-geral, Mem de Sá, transferiu a ocupação do sobrinho Estácio, morto em batalha, para um lugar estrategicamente mais seguro, elevado e mais longe da baía.

No morro, as edificações seguiram a tradição de cidades medievais portuguesas. No primeiro século, os destaques eram os monumentos religiosos: o Colégio dos Jesuítas e a Fortaleza do Castelo, ambos de 1567, a Igreja da Sé, de 1588, que fi cavam no topo da elevação. Hoje, o que sobra desse conjunto é a Ladeira da Misericórdia, que termina em aproximadamente um terço da antiga rua. O casario do morro descia por vielas em direção aos lugares mais planos, como explica o arquiteto Augusto Ivan Pinheiro, assessor estratégico e de legado da Empresa Olímpica Municipal.

- A cidade logo que subiu no morro começou a descer em direção ao que chamamos de várzea. Ali, na Praça XV, surgiu a Rua Direita, que hoje é a Rua Primeiro de Março, a mais antiga que a cidade tem.

Atualmente, a Rua Primeiro de Março apresenta uma configuração muito parecida com a da época. Ela ligava os morros onde havia as construções jesuítas, no Castelo, e as beneditinas, no São Bento, que existem até hoje. Além dessas congregações, havia ainda a dos franciscanos, que também escolheram um morro para se instalar: o de Santo Antônio, no Largo da Carioca.

Igrejas como a do Mosteiro de São Bento, na Praça Mauá, de 1641; a do Carmo, na Rua Primeiro de Março, de 1761; e a da Ordem Terceira de São Francisco da Penitência, no Largo da Carioca, de 1748, formam um dos conjuntos mais representativos da época da colonização. As fachadas, simples, contrastavam com os interiores barrocos riquíssimos com detalhes em talha dourada.

No caminho da Rua Primeiro de Março está uma das construções mais proeminentes do período colonial: o Paço Imperial, de 1743, na época Casa dos Vice-Reis e, posteriormente, de Governadores. O prédio do engenheiro militar português José Fernandes Pinto Alpoim que, além do palácio, desenhou também o Arco do Teles, de 1743, do outro lado da Praça XV.

O Aqueduto da Carioca foi uma das maiores construções civis do período colonial: levava água de Santa Teresa à Praça XV

Naquele local se reuniria boa parte da história da cidade na época. Um porto importante seria preservado como cais de acesso. Mas o então Largo do Paço também receberia obras de engenharia definidoras, realizadas pelo vice-rei Dom Luís de Vasconce los e Souza, inspiradas no Rossio de Lisboa. A mais importante foi a canalização da água, que vinha do Morro de Santa Teresa, descia pelo Aqueduto da Carioca (os populares Arcos da Lapa) e chegava até o Chafariz do Mestre Valentim, inaugurado em 1789, e que existe até hoje.

- A água foi tão importante quanto os trens e os bondes no desenvolvimento da cidade. Sem água, ficou todo mundo apertadinho. Quando se pôde canalizar a água, com obras de engenharia como o chafariz do Mestre Valentim e o Aqueduto da Carioca, a cidade pôde se expandir com mais facilidade. O século XVIII é o momento dos chafarizes - resume Augusto Ivan.

As obras mais importantes relacionadas à agua são o Aqueduto, de 1725, a maior construção de período colonial, feita inicialmente com canos de ferro e depois refeito com pedra, cal e barro. São 18 metros de altura e 270 metros de extensão. Existem ainda o Chafariz da Glória, de 1772; o Chafariz do Lagarto, de 1786, na Cidade Nova; o Chafariz de Paulo Fernandes Viana, de 1817, no Centro. Todos eles ainda de pé.

O Chafariz da Pirâmide, de 1779, projetado por Mestre Valentim, recebia canalização do Aqueduto da Carioca

Mas apesar das obras de engenharia, o Rio de Janeiro ainda era uma cidade pequena, limitada pelos quatro morros que definiram a ocupação inicial. Ao Norte, ficavam os morros de São Bento e da Conceição, e ao Sul, os do Castelo e Santo Antônio. A restrição também era arquitetônica: nas casas, a clausura das mulheres portuguesas da época podia ser vista pelo uso de treliças muxarabi, que permitiam às senhoras presas no interior observarem a rua e, ao mesmo tempo, se refrescarem com o vento de fora. Mas tudo isso mudaria com a chegada da Família Real à cidade, em 1808.

- Quando os portugueses chegaram, eles fi caram estarrecidos, achando que aqui era uma “mouraria”. Paulo Fernandes Viana, chefe da polícia e engenheiro militar, é quem vai cuidar da infraestrutura para acomodar a corte - esclarece Augusto Ivan.

Mais do que leis que regulamentavam novas construções e posturas municipais, Dom João VI também trouxe consigo um número de pessoas que girava em torno de 15 mil. Toda essa gente, desabrigada, precisava de um lugar para morar. É aí que entra o papel do Aposentador Real, que designava as residências que os brasileiros deveriam desocupar para dar lugar aos recém-chegados portugueses. O próprio príncipe regente não tinha uma casa para chamar de sua.

A Quinta da Boa Vista, que seria residência da Família Real até 1889, era em 1808 o lar do comerciante português Elias Antônio Lopes, e considerada a melhor casa da região. Elias logo se adiantou para entregar o lugar a Dom João e, assim, obter os favores do regente português. A casa seria reformada pelo arquiteto inglês John Johnston e ganharia o estilo neoclássico, baseada na obra então inacabada do Paço D’Ajuda, em Lisboa.

Além das importantes construções erguidas pela Família Real, a contribuição mais significativa que a corte trouxe para a arquitetura da época foi o estabelecimento de um estilo formal. O neoclássico era centrado nas linhas da Academia Imperial de Belas Artes, fundada em 1826, em consequência da chegada da Missão Artística Francesa, em 1816. Augusto Ivan diz que este é um momento defi nidor para a arquitetura da cidade.

- O século XIX vai encontrar uma cidade mais crescida do que foi o século XVIII. O estilo vai mudar. A arquitetura neoclássica vai ganhar muita força no Brasil, vinda da Europa. Gradativamente, a arquitetura neoclássica vai mudar a cara da cidade. É uma arquitetura mais elaborada, que se aprende na escola. Não é espontânea como a colonial, que é quase artesanal. A neoclássica, não, é introduzida com a chancela do arquiteto mais famoso depois do Mestre Valentim, Auguste Henri Victor Grandjean de Montigny.

Casa França-Brasil, de Grandjean de Montigny, é o primeiro registro do neoclássico no Brasil

A Academia Imperial de Belas Artes seria a primeira escola de arquitetura no Brasil, e funcionava em um prédio projetado por Grandejan de Montigny. A obra, porém, foi demolida no século XX e hoje o terreno abriga um estacionamento. O portal neoclássico do prédio foi preservado e fi ca no final da alameda de palmeiras imperiais do Jardim Botânico. Grandjean faria do Brasil sua casa, e fi xaria residência na Gávea, em uma mansão neoclássica que ainda hoje pode ser visitada no campus da PUC-Rio. Mas a obra mais importante do arquiteto é a Casa França-Brasil, então o edifício da Alfândega, erguido em 1820 e o primeiro registro do estilo neoclássico no Brasil.

Herança dessa época também é o novo cuidado com o espaço público, observado na reforma do Passeio Público, feita em 1864 pelo paisagista francês Auguste Glaziou, que também projetou o Campo de Santana, inaugurado em 1880, ambos em estilo romântico. A planta da cidade também mudaria radicalmente. O porto seria transferido da Praça XV para o Cais do Valongo, para esconder as atividades negreiras. O Rio se expande para dois polos opostos: São Cristóvão, lar do príncipe regente, e Botafogo, onde D. Carlota Joaquina escolheu se assentar. O professor Kamita explica que o crescimento da ocupação da cidade pode ser lido conforme o momento arquitetônico de cada prédio.

- A ocupação é uma espécie de mapa, que você pode ir lendo a cidade, atravessando os bairros, para entender tempos diferentes. São Cristóvão, em um certo momento, quando Dom João VI achou que ali seria um lugar ideal para construir seu palácio, floresceu a parte imperial, com alguns palacetes enormes. Mas a própria elite não quis ir para lá, foi para o outro lado, onde Carlota Joaquina escolheu, que era o balneário, as praias do Sul. Ali nasceram as chácaras. São Cristóvão, que era imperial, logo depois foi abandonado e virou um bairro industrial.

O século XIX será o momento dos palácios no Rio de Janeiro. Mudanças trazidas pela Família Real e pela opulência da produção de café incentivaram a construção de palacetes no Catete, como o Palácio do Catete, de 1867, e, no Centro, o Palácio do Itamaraty, de 1854. A chegada de novas riquezas traz também outras pessoas, e o caráter cosmopolita que a cidade começa a aparentar culmina em um novo estilo de arquitetura no fim do século: o ecletismo, ainda muito presente na paisagem carioca, segundo o professor Kamita.

- Aqui talvez seja um dos lugares que mais tem essa arquitetura de virada do século XIX para o XX, chamada de Ecletismo. A Belle Époque está lá. A Praça Paris, na Glória, foi meio esquecida, mas ainda está lá.

O termo eclético, como o próprio nome sugere, se refere à livre escolha de elementos arquitetônicos de diferentes origens e períodos do passado, que se combinam originando um novo estilo. A abóbada renascentista, a ogiva gótica, as colunas romanas, todas se juntam para criar um efeito de grandiosidade e riqueza. Essa aparência seria uma importante ferramenta para refletir o momento da cidade na virada de século, em que começava a surgir planos como o do prefeito Pereira Passos, em 1903.

Inspirado pela reforma urbana de Paris, capitaneada em 1853 pelo Barão Georges-Eugène de Haussmann, Pereira Passos derrubou cortiços, eliminou ruas estreitas medievais e abriu um grande boulevard, a Avenida Central. Engenheiro por formação, o prefeito aliou a reforma do centro da cidade à reforma sanitarista comandada por Oswaldo Cruz. O objetivo era moldar o Rio à imagem de Paris e inserir a cidade em um contexto mundial das cidades cosmopolitas.

Herança dessa época é o complexo da Cinelândia, onde se concentram prédios ecléticos de grande importância, como a nova sede da Biblioteca Nacional, de 1910, o Theatro Municipal, de 1909, o Museu Nacional de Belas Artes, de 1908, e o Palácio Pedro Ernesto, de 1923, onde atualmente funciona a Câmara dos Vereadores. As construções evocavam similares parisienses e incorporavam influências diversas, como notado no Salão Assyrius do Municipal. Todos os prédios ao redor da Praça Floriano Peixoto ainda estão preservados e em uso, com uma exceção importante: o Palácio Monroe, de 1906, demolido em 1976 sob circunstâncias até hoje pouco esclarecidas.

A onda de transformações urbanísticas continuaria nas décadas seguintes. No final da década de 1920, o prefeito Antônio Prado Júnior encomendou ao arquiteto francês Alfred Agache um plano de renovação urbana, que lançou a ideia de grandes vias de ligação na cidade, além de medidas de contenção de enchentes e o primeiro plano do metrô. Na década de 1930, o prefeito Pedro Ernesto promoveria mais obras públicas de saneamento. No início da década de 1940, o prefeito Henrique Dodsworth também faria transformações radicais na paisagem urbana ao abrir a Avenida Presidente Vargas e o Corte Cantagalo.

O Museu de Arte Moderna é uma das obras mais conhecidas do arquiteto Affonso Eduardo Reidy

O próprio estilo arquitetônico da época também seguiria a tendência de transformações, com o surgimento do Modernismo, um movimento que combateria muito o Ecletismo. Em 1945, o prédio do Ministério da Educação e Saúde, hoje Palácio Gustavo Capanema, incluiu o Rio de Janeiro na rota de cidades mundiais com um im- portante patrimônio modernista, como afirma o professor Kamita.

- Aqui no Rio há obras de arquitetura moderna exemplares. A cidade tem um conjunto que faz com que todo mundo que quer entender a arquitetura moderna venha para cá, para ver os conjuntos residenciais Pedregulho e Marquês de São Vicente, e uma obra de caráter urbanístico e paisagístico fundamental que é o Aterro do Flamengo.

Na equipe que coordenou o projeto do Palácio Capanema estão nomes que entrariam para o panteão da arquitetura moderna brasileira, como Oscar Niemeyer, Lúcio Costa, Affonso Reidy e o paisagista Roberto Burle Marx. Os brasileiros foram assessorados pelo franco-suíço Le Corbusier, que deixou na construção as marcas dos seus Cinco Pontos para a Nova Arquitetura: a construção sobre pilotis, o terraço-jardim, a planta e a fachada livres de estruturas e as janelas em fita, cobrindo toda a fachada. Esses elementos buscavam construir uma relação entre os jardins, a arquitetura e a paisagem circundante.

O prédio é tão marcante na história da arquitetura brasileira que ganhou, à época, um poema-homenagem de Vinicius de Moraes, publicado no jornal carioca Folha da Manhã, em dezembro de 1946, sob o nome Azul e Branco. Sobre os famosos painéis de azulejo, projetados para o andar térreo pelo pintor Candido Portinari, o poetinha escreve: “Concha e cavalo marinho/ Os ágeis sinuosos/ Que o raio de luz/ Cortando transforma/ Em claves de sol”.

Outras construções importantes continuariam a surgir nas décadas seguintes, como o Museu de Arte Moderna, assinado por Affonso Eduardo Reidy em 1954. Mas a arquitetura moderna no Rio seria defi nitivamente coroada na década de 1960, com uma obra grandiosa: o Parque do Aterro do Flamengo, de 1965. O projeto era parte de uma série de transformações urbanas executadas no governo de Carlos Lacerda, segundo Britto.

- No governo Lacerda, ele faz uma grande obra de abastecimento de água, do Sistema Guandu. Foi uma obra para resolver o problema de abastecimento de água do Rio de Janeiro. E, sobretudo, ele criou o Aterro do Flamengo, que é uma das obras mais extraordinárias, um parque urbano à beira-mar. Um caso raro no mundo, de uma extensão grandiosa. E trouxe um grande benefício para a população do Rio de Janeiro.

Do arrasamento de parte do Morro de Santo Antônio, no centro, criou-se uma área aterrada entre a Ponta do Calabouço, onde fica hoje o Museu Histórico Nacional, e a curva do Morro da Viúva. A arquiteta e paisagista autodidata Lota Macedo Soares criou uma equipe multidisciplinar, composta por nomes, como Reidy e Burle Marx, para desenhar um parque que combinasse a fruição das paisagens do Rio com melhores condições de lazer para os habitantes. O professor Kamita considera esta uma iniciativa exemplar.

- No primeiro momento, quando se vê aquela faixa disponível, querem construir edifícios administrativos, apartamentos... Mas resolveu se fazer um parque, com pistas que até hoje são muito estruturais para a cidade. Foi tão bem concebido que ainda está bem dimensionado, não tem engarrafamento. E, simultaneamente, é um parque público dos mais frequentados hoje. E se achava que era incompatível fazer pistas de grande fl uxo de velocidade com um parque. Mas o Aterro do Flamengo é diferente. Aquilo foi um exemplo de urbanismo e paisagismo.

Após os anos 1960, tudo mudaria no Rio de Janeiro. A começar pelo baque da perda da condição de capital para Brasília que afetou signifi cativamente a cidade em termos econômicos. Além disso, o Golpe Militar, em 1964, marcaria o início de um período obscuro,em que o pós-modernismo, na arquitetura, seria quase inexistente nesse período. Segundo o professor Britto, foi um momento de forte perda do patrimônio do Rio.

- Passamos por um período de Ditadura Militar. A sociedade não podia se manifestar. A cidade, dirigida por um sistema autocrático de visão quase exclusivamente mercantil, teve seu solo muito utilizado para isso. Com isso, derrubou- -se muito patrimônio que deveria permanecer, para ser substituído por investimentos imobiliários.

A situação foi contornada com a criação de instrumentos como as Áreas de Preservação do Ambiente Cultural (Apac) e de projetos como o Corredor Cultural. Hoje, a maioria do patrimônio do Rio está preservada. A partir dos anos 1990, o momento é de retomada na construção civil.

Museu de Arte do Rio, projetado por Paulo Jacobsen e Claudio Bernardes, une prédios: um modernista e outro eclético

Augusto Ivan aponta a renovação da área portuária como um dos projetos de obras mais radical na cidade atualmente. Ele comenta que o projeto gerou iniciativas de desenvolvimento da economia local, como cursos profi ssionalizantes, para que os moradores permaneçam na área renovada. E diz que há obras de qualidade contemporâneas.

- É um fenômeno que está ocorrendo em escala muito grande. Há coisas de qualidade sendo feitas lá no Porto. Tem o Museu do Amanhã, que é um projeto do Santiago Calatrava, um arquiteto espanhol, importante. Tem o Museu de Arte do Rio, feito pela dupla Jacobsen e Bernardes. É uma bela ideia fazer um casamento de um prédio modernista com um prédio eclético através daquela cobertura meio ondulada que tem por cima. O Norman Foster, que é um dos mais importantes arquitetos do mundo, tem um projeto naquela área.

Segundo Britto, a arquitetura de hoje pode ser defi nida em uma palavra: coletividade. Para ele, a cidade do futuro será feita não apenas pelos arquitetos, mas por todos os cidadãos. Para isso, é necessário evoluir a consciência urbana dos cariocas à medida que a democracia do país amadurece.

- O que caracteriza a arquitetura hoje é a transferência do pensamento dos arquitetos a favor da coletividade. Pensar que a arquitetura não pode fi car restrita a uma classe social privilegiada, resolver as soluções de ambientes públicos e da população carente. A sociedade sempre olhou para o espaço público como sendo terra de ninguém. Mas a terra pública é de todos - você, eu, todos temos responsabilidade. Evoluímos, mas ainda somos muito imaturos em matéria de cultura urbana. Temos que conhecer primeiro a cidade para ter uma relação amorosa com ela. Recebemos da cidade, mas também temos que doar para ela.

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