"As teorias formam nossa visão de mundo e contribuem para o caráter"
02/10/2017 14:04
Natália Oliveira

Em palestra do IRI, o pesquisador Piki Ish-Shalom, da Universidade de Jerusalém, trabalha a ideia de prognósticos teóricos para propor benefícios à sociedade.

Para o pesquisador e teórico Piki Ish-Shalom, PhD em ciências políticas, tudo que fizemos no passado terá consequências no presente e no futuro, assim como no filme De volta para o futuro (Robert Zemeckis, 1985). Em palestra do Instituto de Relações Internacionais (IRI), chamada It takes time Forecasts, Democracy and Academia (Demanda tempo: Previsões, democracia e academia), o professor, nascido em Jerusalém, ressaltou a importância dos trabalhos acadêmicos com a finalidade de propor algo produtivo para a sociedade. O debate, no Auditório IRI 2, reuniu alunos e doutorandos da área internacional.

Doutor Piki Ish-Shalom com mediação da professora do IRI Anna Leander. Foto: Matheus Aguiar

No filme de ficção-científica, o personagem Marty McFly (Michael J. Fox) testa um carro, produzido pelo Dr. Emmett Brown (Christopher Lloyd), para ser uma máquina do tempo. Eles voltam ao passado e percebem as consequências das próprias atitudes no futuro e fazem de tudo para reverter a situação. A relação entre tempo e espaço foi utilizada pelo professor Ish-Shalom ao debater a questão de democracia e previsões. Para ele, o primeiro passo é teorizar o seu dia para que se vejam as consequências de se fazer previsões:

— Nós teorizamos os nossos dias a partir da nossa rotina. Por exemplo, se não planejarmos o horário em que iremos acordar no dia seguinte, perderemos a hora de ir para o trabalho ou para a faculdade. Então, passamos a perceber a relevância desses pequenos prognósticos.

O professor da Universidade Hebraica de Jerusalém também atrela as previsões com a democracia. Em sua visão, as hipóteses feitas no meio acadêmico devem estar de acordo com o significado de democracia: governo em que o povo exerce a sua cidadania. Assim, a teoria influencia quem somos e no que nos tornamos. Ele também alerta para o perigo as teorias que não seguem esta visão:

— Há teorias que estão do lado oposto da democracia. Elas pregam a censura, e esse não deveria ser o lado explorado. Teorizar tem um peso enorme. Por exemplo, as pessoas que leram Max Weber ou Karl Marx seguem os seus princípios ou, no mínimo, apoiam os ideais. As teorias formam a nossa visão de mundo e contribuem para o nosso caráter.

Além disso, Ish-Shalom atentou que fazer previsões tem a finalidade de propor benefícios à sociedade.

— Ao teorizar, não devemos esquecer as várias classes sociais, jamais priorizar, somente, a classe alta. Se fizermos bons prognósticos, as pessoas poderão ter mais noção dos seus direitos. 

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