Organizado pelo Departamento de Letras, o Laboratório de Psicolinguística e Aquisição da Linguagem (LAPAL) oferece o primeiro BABYLAB da América Latina, que estuda os processos mentais que transcorrem durante a produção e compreensão da linguagem e o modo como a criança as desenvolve. O BABYLAB é mantido com verbas da Fundação de Apoio à Pesquisa do Rio de Janeiro (Faperj).
O trabalho consiste em uma série de testes para, assim, verificar se uma criança percebe diferentes contrastes que surgem no som da fala. Segundo a coordenadora do LAPAL, Letícia Maria Sicuro Corrêa, essas variações são formas importantes para a identificação do sistema gramatical da língua. Elas ganham forma do primeiro ano de vida até os três anos, e, aos cinco, ela terá identificado tudo que é relevante na língua oral. De acordo com Letícia, a partir desse entendimento, o que a criança aprenderá na escola serão aspectos da língua mais vinculados à língua escrita, que, por sua vez, estão mais relacionados ao registro formal da fala.
Letícia explica que a aquisição da língua materna começa pela prosódia, ou seja, a entonação da língua, e já nos primeiros meses de vida o bebê começa a identificar diferenças entre os sons. Aos dois meses, a criança começa a produzir vogais. Aos dez meses, quando são iniciados os experimentos no BABYLAB LAPAL, ela passa a categorizar determinados tipos de palavras, com propriedades necessárias para estruturar frases.
– Nesse momento, ela está entrando no sistema da gramática, colocando a língua para funcionar. E é isso que nos interessa para a pesquisa, que é quando ela começa a fazer distinções da natureza sintática e morfossintática.
Nos experimentos, as mães sentam com os bebês, de idade de dez a 18 meses, em frente a uma televisão. A criança, então, visualiza imagens e sons variados que são reproduzidos em alto-falantes estrategicamente posicionados em uma cabine. A tela é desligada, e, posteriormente, é verificado o tempo que a criança ficou olhando para a imagem durante o momento em que eram oferecidos estímulos sonoros. Isto é considerado o tempo de atenção para o tipo de informação lingüística que é transmitido.
O Laboratório de Psicolinguística também executa projetos com crianças em idade escolar, que trabalham o desenvolvimento linguístico por meio de técnicas de manipulação de brinquedos, imagem ou produção, nas quais são usados fantoches para estimular a fala. Em uma vertente mais aplicada, o LAPAL identifica crianças com problemas no desenvolvimento da linguagem, ou do que é chamado Distúrbio Específico da Linguagem ou Transtorno Específico da Linguagem.
A professora explica que essas crianças, no geral, têm desenvolvimento cognitivo normal, mas a linguagem é comprometida. Para contribuir nesse diagnóstico, são feitos testes de avaliação de habilidades lingüísticas para a identificar problemas no âmbito da sintaxe e na compreensão de sentenças complexas, que podem decorrer de um problema específico da linguagem, mas que também podem transcorrer de um transtorno, como o Déficit de Atenção.
O LAPAL funciona na PUC-Rio desde a década de 1990 e, além do trabalho com crianças, também realiza estudos com adultos. Em uma cabine com rastreador ocular, são trabalhadas técnicas de leitura automonitorada, em que aparecem pedaços de sentenças na tela, e é feita uma medição do tempo de leitura. Com isso, é possível visualizar o tipo de sentença que causa dificuldade de processamento e é viável avaliar o que demanda maior esforço na compreensão das estruturas.