Histórias de amizade e conhecimento
06/04/2018 12:57
Paula Ferro

Seminário resgata o trabalho de Ricardo Benzaquen, professor do Departamento de História que morreu no início do ano passado

O decano Júlio Diniz, a diretora Maria Elisa Noronha de Sá e o decano Luiz Roberto Cunha Foto: Thaiane Vieira

Professores e alunos se reuniram no auditório do RDC para lembrar do sociólogo, professor e antropólogo Ricardo Benzaquen, que morreu em fevereiro de 2017. A abertura do seminário História, Cultura e Amizade: homenagem a Ricardo Benzaquen de Araújo teve a presença do Decano do Centro de Ciências Sociais (CCS), professor Luiz Roberto Cunha, do Decano do Centro de Teologia e Ciências Humanas (CTCH), professor Júlio Diniz, e da diretora do Departamento de História, Maria Elisa Noronha de Sá. Os professores Hans Ulrich Gumbrecht, da Stanford University, e Luiz Costa Lima, do Departamento de História, relembraram as características de Benzaquen.

Historiador formado pela Universidade, Benzaquen deu aula no Departamento de História durante mais de 40 anos. Ele é referência no estudo da obra do escritor Gilberto Freyre, um dos principais intelectuais do país. O livro Casa Grande e Senzala e a obra de Gilberto Freyre nos anos 30 recebeu o Prêmio Jabuti de Melhor Ensaio em 1995.

Para o Decano do CTCH, professor Júlio Diniz, algumas das principais características de Benzaquen eram a formação multidisciplinar e a integração entre diferentes áreas do conhecimento. Ele também era mestre e doutor em Antropologia. Diniz disse sentir falta da “inteligência poderosa” do colega e amigo e considera que herdou parte da construção intelectual dele.

— O Ricardo foi um dos professores mais importantes da Universidade. Ele representava o espírito universitário, simbolizava uma ponte entre os campos do conhecimento. Lembro um pouco do verso de Carlos Drummond de Andrade que diz “Fica um pouco do teu queixo no queixo de tua filha”. Não sei dizer ao certo o que ele mudou em mim, mas com certeza carrego parte da sua construção intelectual no meu discurso.

O cientista político Hans Ulrich Gumbrecht relembra Ricardo Benzaquen

O cientista político e professor Hans Ulrich Gumbrecht, da Stanford University, amigo de Ricardo Benzaquen desde 1982, relembrou momentos da amizade. Segundo Gumbrecht, Ricardo era “uma pessoa viva, que vivia muito e gostava de viver”. O alemão considera importante a homenagem e o resgate das obras de Benzaquen para ampliar a mensagem deixada por ele.

— Trazer de volta o trabalho de Ricardo reacende a dor da perda, mas torna a vida mais rica. É preciso resgatar o seu perfil para tentar conjurar a sua presença aqui e intensificar a dor da sua ausência. Ricardo tinha uma fragilidade forte. Ele tinha uma lucidez sobre o estado da doença, mas não se deixou abalar por isso.

Segundo Luiz Costa Lima, professor emérito do Departamento de História, que lecionou para o antropólogo durante a graduação, é preciso investir na conversão da voz de Benzaquen em memória escrita. Para ele, as obras publicadas pelo professor não correspondem à grandiosidade do seu trabalho. A diretora do Departamento, Maria Elisa Noronha de Sá, que foi aluna de Ricardo Benzaquen, se emocionou ao recordar do professor. Para ela, Ricardo deixou um legado para a Sociologia, a História e a Antropologia.

— Os livros de Ricardo são clássicos para quem estuda Ciências Sociais no Brasil e também no exterior. Ele era um homem de formação múltipla, que conversava com a literatura, com a filosofia e talvez esse seja o seu maior legado, além da inteligência aguçada que ele tinha.

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