Monteiro Lobato – Vida e obra
31/08/2018 10:25
Luana Vicentina

O Encontro Infanturas: Monteiro Lobato - vida e obra celebra os 70 anos da morte do escritor.

Exposição de obras do autor. Foto: Gabriela Azevedo

Os 70 anos da morte do escritor Monteiro Lobato foram relembrados na Universidade por meio do Encontro Infanturas, que promoveu uma exposição e uma mesa redonda composta por integrantes do Instituto Interdisciplinar de Leitura (iiLer) e pesquisadores que estudam a trajetória do escritor. No encontro, realizado na quarta-feira, 29 de agosto, os participantes discutiram as fases da vida de Lobato e o legado dele para a literatura brasileira.

A professora Rosana Kohl Bines, do Departamento de Letras, foi a mediadora da mesa, que contou com a presença do professor de Literatura Brasileira da UNESP João Luís Ceccantini, do diretor do iiLer, professor Alessandro Rocha, da escritora e roteirista Luciana Sandroni e da professora Eliana Yunes, do Departamento de Letras e do iiLer.

José Renato Monteiro Lobato, que morreu em 1948, é um dos autores mais lidos no Brasil do século XX. As obras de Lobato estão imortalizadas na cultura nacional por meio de personagens como Jeca Tatu e a turma do Sítio do Pica-pau Amarelo. Lobato sempre tratava a temática da sociedade brasileira em publicações, e algumas das abordagens literárias do escritor são questionadas e estudadas até hoje.

O encontro celebrou os 70 anos da morte de Lobato. Foto: Gabriela Azevedo

Ao falar da atuação de Lobato como editor, Ceccantini lembrou que este só foi reconhecido como um dos patronos do editorial brasileiro no fim da vida. Para o professor, Lobato foi uma peça fundamental para esse movimento, mesmo frisando que, à época, já existia um grande incentivo nacional para a modernização do modo de publicar livros no país.

— O Lobato é tão lembrado por sua literatura infantil, mas ele fez muito mais do que isso, ele atacou muitas frentes. Uma das coisas mais fascinantes de sua vida é que, nos seus mais de 40 anos, ele dedicou uma década à questão do saneamento público e a questão da saúde no Brasil. Da mesma maneira ele tinha muito claro que, enquanto não houvesse leitura e educação, o país patinava, não saía daquilo.

 

O cenário atual de polêmicas que gira em torno do escritor foi um dos tópicos abordados pela mesa. Em 2014, o Supremo Tribunal Federal (STF) recebeu um mandato de segurança para que fosse discutida a retirada do livro Caçadas de Pedrinho da lista de leitura obrigatória em escolas públicas, sob a alegação de que a obra é racista.

A partir de janeiro do próximo ano, as obras de Lobato entrarão em Domínio Público e poderão ser livremente comercializadas. Para Ceccantini, que define a carreira de Lobato como uma montanha russa, devido às críticas e aos picos de aclamação nacional direcionados ao autor, este é um momento muito delicado, em que deve haver uma preocupação coletiva com as próximas gerações de leitores e com o modo que o escritor lhes será apresentado.

 

— Agora Lobato, que já teve seus momentos de herói na história da cultura brasileira, vive uma espécie de momento de vilão, muito associado ao politicamente correto. A gente vive um momento em que querem censurar Lobato. Só vamos imprimir os livros do Lobato se eles tiverem uma bula.

Emília — personagem de Lobato imortalizada na cultura brasileira. Foto: Gabriela Azevedo

Luciana Sandroni contou como a obra de Monteiro Lobato influenciou sua vida profissional e a levou a escrever diversos livros inspirados nas obras do autor e, posteriormente, a participar da equipe de roteiristas na adaptação de O Sítio do Pica-pau Amarelo, que foi ao ar na TV Globo, em 2001. A professora Eliana Yunes também compartilhou a experiência dela com o escritor e admitiu que as características da personagem Emília moldaram a personalidade curiosa, inconformada e questionadora que ela cultiva.

 

O diretor do iiLer, professor Alessandro Rocha, ressaltou a maneira de Lobato enxergar as diversas perspectivas de um mesmo ponto de observação e como isso é criticado pelo padre Sales Brasil no livro A Literatura Infantil de Monteiro Lobato ou Comunismo para Crianças.

 

— Folheando esse livro, fui percebendo como os argumentos do padre Sales são bem elaborados, e o que mais me interessava era que tudo o que ele criticou no Lobato era o que me deixava admirado por ele.

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