A crista da onda é o limite
15/03/2010 16:00
Valdir Figueira

Adapt Surf reúne atletas deficientes físicos que vencem suas limitações, como Fernanda Tolomei, aluna da PUC.

Fernanda afirma que deficiência não é sinômino de incapacidade e põe a frase em prática

O tiro que o surfista Henrique Saraiva levou em 1997, durante um assalto na Lagoa, Zona Sul do Rio, que lhe custou momentaneamente a locomoção das pernas, poderia ser o fim de uma relação do jovem, à época com 18 anos, com o mar. No entanto, Saraiva preferiu inovar, e passou a surfar ajoelhado. Foi o primeiro passo para que, dez anos depois, fosse fundado o Instituto Adaptação e Surf, ou simplesmente AdaptSurf, em sociedade com antigos amigos, o fisioterapeuta Luiz Phelipe Nobre e a esposa, Luana Nobre, professora de Educação Física.

Com aulas aos sábados, no Posto 2 da Praia da Barra da Tijuca, das 11h às 16h, e aos domingos, no Posto 11 da Praia do Leblon, das 10h às 15h, a entidade, sem fins lucrativos, reúne atualmente 30 surfistas, todos com algum tipo de deficiência, antigos ou novatos. Os alunos contam com a ajuda de voluntários como instrutores e da total atenção dos fundadores. Além das aulas práticas, eles convivem com ensinamentos comuns ao esporte, como a importância de manter uma boa alimentação e de preservar a natureza.

Em comum, o engajamento e a determinação daqueles que não aceitam limitações impostas pelas variadas deficiências, como é o caso de Fernanda Tolomei, de 20 anos, estudante do 5º período de Psicologia da PUC. A má formação da mão esquerda jamais significou grandes obstáculos para Fernanda. Surfista desde os 15 anos, quando ganhou uma prancha de presente de aniversário, a estudante sempre praticou esportes e nunca deixou de participar das Olimpíadas do colégio Marista São José, na Tijuca, onde estudava.

Sua mãe, Regina Tolomei, viu na televisão o anúncio do projeto do AdaptSurf, e orientou Fernanda a iniciar as aulas. Além de Regina, seu pai, Sérgio Tolomei, e seu irmão, Felipe Tolomei, são tidos como seus grandes incentivadores. Fernanda estagia desde o semestre passado no Núcleo de Apoio e Inclusão da Pessoa com Deficiência (NAIPd), na própria PUC, e dá o recado para quem se julga sem condições de alcançar determinados objetivos:

- Tudo é possível, desde que haja força de vontade, e o esporte é uma abertura. Vale a pena se dedicar, pois deficiência não é sinônimo de incapacidade. Seria bom que todos conhecessem a AdaptSurf para concluir isso.

Para quem aceita o convite de Fernanda e deseja ser voluntário, basta acessar o site da ONG (www.adaptsurf.org.br) e enviar um e-mail para a equipe. Excelente oportunidade de lidar com surfistas que, além de atletas, representam um grande exemplo de vida, e fazem todos os sócio-fundadores do AdaptSurf concordarem, em uníssono: o esforço de cada um deles é a principal motivação para a entidade seguir adiante.

Edição 226

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