A XXIII Semana de Meio Ambiente PUC-Rio reuniu professores, alunos e funcionários em workshops para atualizar a Nova Agenda Socioambiental da Universidade, desenvolvida desde 2016, debatendo metas e projetos que possam dar conta das questões ligadas à biodiversidade e ao consumo de água no campus.
A primeira parte do workshop “Água e Biodiversidade”, no primeiro dia, foi centrada em consolidar as ideias discutidas no ano passado, ou seja, as três primeiras partes da agenda: Princípios (conceitos e ideias que deverão nortear a ação visando a um grau ótimo de sustentabilidade socioambiental na Universidade); Diagnóstico (“leitura” da Universidade que deverá sintetizar desafios e oportunidades presentes e futuros); e Diretrizes (nível mais amplo de orientação para o conjunto de ações a serem propostas, oferecendo uma resposta direta ao diagnóstico e visando a atender aos princípios). No segundo momento, os participantes se juntaram para discutir as metas e os projetos, ideias práticas para realizar as metas, associadas aos custos.
Participantes discutiram o gerenciamento dos recursos hídricos no campus, com planos e ações que otimizem o processo de preservação e o uso sustentável da água. Foi diagnosticada a descentralização da administração dos recursos hídricos, o que dificulta a obtenção de informações para a sustentabilidade. A PUC-Rio tem potencial para ser um polo de desenvolvimento de projetos sustentáveis em recursos hídricos, com a criação de novas tecnologias de combate ao desperdício e de reuso de água. O desenvolvimento dessas tecnologias representará muitos benefícios para a Universidade, tanto em nível ambiental como financeiro.
Iniciativas de projetos de uso sustentável de água já são feitas, como a captação de águas pluviais pelo Departamento de Artes e Design e o reaproveitamento de água dos aparelhos de ar-condicionado pelo Laboratório de Físico-Química. Além disso, houve mudanças nos banheiros da Universidade. Foram instaladas torneiras com temporizadores e válvulas de descarga com controle de fluxo.
Uma das conclusões dos grupos de trabalho foi que conhecer a biodiversidade é o primeiro passo para a conscientização. É essencial, também, reintegrar o humano à natureza, destacou o professor de Biologia Henrique Rajão: “Mesmo estando em um campus verde, não necessariamente percebemos isso. Estamos sempre distraídos, distanciados e apressados, e não percebemos a natureza ao nosso redor”.
No fim do workshop, alunos apresentaram seus projetos para alcançar metas propostas e debatidas. Para reaproveitar os recursos hídricos naturais disponíveis, foi sugerida a captação da chuva nos tetos dos edifícios e através de asfalto permeável, reuso da água do bebedouro e adoção de um sistema de captação dos aparelhos de ar-condicionado. Com o objetivo de conscientizar as pessoas sobre a importância da biodiversidade do campus, os participantes propuseram a inserção de uma disciplina prática sobre os projetos e o incentivo a educação ambiental aos novos alunos, divulgando os projetos do Núcleo Interdisciplinar de Meio Ambiente (Nima) em eventos como “Meu Primeiro Dia na PUC”. Outra ideia apontada foi ampliar o acesso a informações sobre a potencialidade e complexidade da biodiversidade do campus para a comunidade PUC e a sociedade em geral, divulgando ações de conservação e recuperação.
Rajão sustenta a ideia da urgência de olharmos com mais atenção e cuidado para a natureza, e alerta sobre os riscos do cenário atual:
– Sustentável é algo que se sustenta, que dura. O homem está usando a Terra como se fosse um supermercado, mas o produto está acabando. Nosso sistema econômico hoje favorece a falência da população humana. O planeta não sustenta esse esquema de compra e venda incessável.
A agenda
A nova Agenda Socioambiental da PUC-Rio é baseada nos tópicos Biodiversidade, Água, Energia, Atmosfera, Materiais, Resíduos e Educação Ambiental, e atualiza a atual, que entrou em vigor em 2009, resultado de acordo coletivo entre os gestores da Universidade e seus alunos, funcionários, professores, e colaboradores a fim de tomar decisões e adotar medidas que estimulem o desenvolvimento sustentável do campus.
A professora Maria Fernanda Lemos, diretora do Departamento de Arquitetura e Urbanismo e colaboradora do Núcleo Interdisciplinar de Meio Ambiente (Nima), destacou a colaboração coletiva em torno da agenda, que beneficiará a todos os envolvidos:
– A agenda é um instrumento de gestão, e o nosso objetivo aqui é a sustentabilidade da Universidade. Esta agenda é um documento que tem legitimidade, é um pacto construído com todos os alunos, professores, funcionários que quiseram participar. Construímos esse pacto que diz o que a comunidade PUC espera que a Universidade faça para ficar mais sustentável.
Maria Fernanda frisou ainda a importância da discussão na Semana de Meio Ambiente, chance de um diálogo entre alunos, professores e funcionários de diversas áreas:
– A Semana de Meio Ambiente está sendo um espaço para termos um processo amplamente participativo, com discussões olho no olho. Debatemos ideias, dialogamos, discutimos e tentamos construir um pacto que possa orientar a ação da Universidade para ser mais sustentável. Aqui é um espaço interdisciplinar. Cada um traz o que sabe da sua área e vamos juntando, coordenando, hierarquizando, selecionando, e realmente gerando conteúdo, fazendo pesquisa, aprendendo.