Publicada em: 15/04/2008 às 16:30
Panorama


J. Carlos é eternizado Nas páginas dos livros
Carol Vaisman

Nome de rua no Rio de Janeiro e enredo da escola de samba Acadêmicos da Rocinha para o carnaval de 2009, J. Carlos é também objeto de estudo do caricaturista e jornalista Cássio Loredano e da professora do Departamento de Artes e Design Julieta Sobral. Juntos, coordenaram o projeto de digitalização das revistas O Malho e Para Todos publicadas entre 1922 e 1930, período em que foram dirigidas artisticamente por J. Carlos.

 

José Carlos de Brito e Cunha ou, simplesmente, J. Carlos, ficou conhecido, no Brasil, por seus trabalhos como chargista, ilustrador e caricaturista. Sua produção é usada, até hoje, como retrato fiel da cultura, moda e costumes da sociedade brasileira da primeira metade do século XX, época em que viveu. No entanto, essa memória histórica estava sendo perdida ao longo dos anos.

 

Patrocinado pelo Programa Petrobrás Cultural, o projeto de Loredano e Julieta deu vida nova às revistas que, por terem sido impressas na década de 20, em papel jornal, estavam se degradando com o passar do tempo. Além da digitalização dos exemplares, dois livros foram publicados, recentemente, como parte do projeto: O Vidente Míope e O Desenhista Invisível, ambos constituídos a partir do conteúdo do material resgatado.

 

O primeiro, organizado por Loredano e escrito pelo historiador Luiz Antonio Simas, traz a crônica visual dos anos 20 feita por J. Carlos. Escrita por Julieta, a segunda obra revela o lado menos explorado do artista: o de designer gráfico. E é por abordar o período em que J. Carlos estava nos bastidores, na direção das revistas, que o segundo livro leva o título de O Desenhista Invisível.

– Esse livro mostra um J. Carlos que concebe o layout das publicações e dirige a diagramação. Ele está ali, mas você não vê o camarada. O que se vê não são os traços dele, e sim, a concepção, analisa Loredano.

 

O lado vidente e “mediúnico” do artista também é lembrado e homenageado no título da primeira obra. Sujeito antenado, J. Carlos, como conta Loredano, previu que São Paulo iria romper com a política do café com leite e falou sobre a Segunda Guerra Mundial, vinte anos antes de seu início. “Nos anos 20, ele errou feio. Os acontecimentos estavam se precipitando e ele, aparentemente, não percebia. Foi uma súbita miopia no vidente”, explica o jornalista.

 

Se ele errou na previsão, acertou no desenho. É, principalmente, o J. Carlos designer que encanta Julieta. “Ele permanece absolutamente presente como fonte de estímulo à criação dos alunos. Ele não foi um pré-designer e sim um designer completo, inovador e arrojado”, afirma a professora.

 

Para ver o material digitalizado acesse www.jotacarlos.org

 

 

Edição 197

 


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