A lembrança viva de Marielle Franco
19/12/2018 15:41
Ana Carolina Moraes

Nima inaugura espaço ecológico dedicado à ex-aluna e vereadora, conhecida pelo ativismo socioambiental

Roosevelt Fideles faz a revelação da placa em homenagem à Marielle. Foto: JP Araújo

A PUC-Rio ganhou mais uma área sustentável no campus. O Espaço Marielle Franco foi inaugurado na última sexta-feira, dia 14, na Estação Ambiental do Núcleo Interdisciplinar de Meio Ambiente (Nima). A área, que já contava com dez composteiras e uma casa ecológica, agora também tem uma pracinha sustentável nomeada em homenagem à ativista. A intenção dos professores do Nima é usar o local para as atividades do Núcleo, como o encerramento do projeto Jornadas Ecológicas, e manter a memória de Marielle viva para as futuras gerações que visitarem a Estação.

A inauguração do espaço ocorreu exatamente nove meses depois do assassinato da vereadora e emocionou Roosevelt Fideles, supervisor técnico do Nima e responsável pela revitalização da área. Ele lembrou da ligação de Marielle com o núcleo e dos projetos que foram realizados quando ela era estudante de Ciências Sociais na PUC. Segundo Fideles, por causa da ativista, foi possível realizar um projeto de educação ambiental em duas escolas públicas no Complexo da Maré, com a criação de hortas para aumentar o contato das crianças com a terra.

- Após a revitalização da área, veio a ideia da homenagem, pois Marielle Franco trabalhou aqui no Nima. Durante o período em que ela estudava na PUC, conseguimos realizar um projeto de educação ambiental na Maré. Foram quase três anos de atuação em dois Centros Integrados de Educação Pública (Cieps) na Nova Holanda. Criamos hortas e fizemos diversas oficinas, atendendo mais de 2 mil alunos. Eu não acredito muito em coincidências, mas exatamente hoje, dia 14 de dezembro, fazem nove meses da morte da Marielle, e acho que ela ficaria muito feliz com essa área aqui. Eu também estou muito feliz – disse o supervisor.

O composto produzido no local pelos estagiários é colocado em garrafas reutilizadas. Foto: JP Araújo

Na Estação, há uma mesa feita de um carretel de bobina e bancos de pallets reutilizados, que compõem a pracinha e passarão a servir de abrigo para os estudantes que visitam a Universidade semanalmente para o Jornadas Ecológicas. O projeto de educação ambiental ocorre na PUC desde 1998 e tem o objetivo de ensinar sobre cidadania e consciência ecológica para alunos de escolas públicas e privadas. São 42 paradas por todo o campus, que tem uma grande variedade de fauna e flora, de acordo com o professor. Um dos pontos altos da visita é uma mangueira que tem cerca de 400 anos de idade.

- Este ano, trabalhamos com alunos da Escola Municipal Luiz Delfino, aqui da Gávea. Mas também já recebemos alunos do Teresiano, Escola Parque, entre outros. Trabalhamos a educação ambiental na prática, devido à riqueza que o local tem, como o rio que cruza o campus e essa Mata Atlântica maravilhosa. A Universidade tem características muito bacanas que nos proporcionaram a criação deste roteiro, inclusive algumas plantas que podem ser encontradas apenas aqui e no Jardim Botânico – comentou Roosevelt.

Os responsáveis pela manutenção do espaço são os estagiários do Nima. Eles também realizam o acompanhamento das Jornadas e, por isso, têm contato direto com os alunos visitantes. A estudante de Direito Maria Cláudia Lafraia afirmou sentir a sensação de dever cumprido quando as crianças retornam e se lembram do que foi ensinado na última visita.

- É muito gratificante trabalhar com eles, porque a gente sabe que essas crianças não têm contato com muitas áreas verdes no seu dia a dia, e nem com espaços livres para plantar. Então, eles ficam chocados quando chegam aqui na PUC, e é muito gratificante poder ensiná-los sobre a natureza. Nós damos uma semente para eles plantarem e depois, quando voltam, eles podem ver o crescimento daquela planta. Agora, com a praça Marielle Franco, temos a oportunidade de ensinar ainda mais, porque eles são muito curiosos e vão perguntar quem ela foi. Assim, poderemos informá-las não apenas sobre o seu ativismo social, mas também sobre o seu ativismo ambiental – disse Maria Cláudia.

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