Espaços democráticos
15/03/2019 13:16
Luana Vicentina

Aula inaugural de Departamento de Geografia tratou dos riscos da democracia brasileira e os espaços em que ela se configura.

Aula Inaugural do Departamento de Geografia no auditório B8. Foto: Maloni Ribeiro.

O espaço político e as diferentes formas que ele assume foram objeto central da análise proposta pela professora titular da UFRJ, Iná Elias Castro, que ministrou a aula inaugural do Departamento de Geografia, nesta quarta-feira, 13. Com o tema Porque a Geografia precisa falar de democracia, partidos e eleições, a aula marcou o início do semestre para os futuros geógrafos da Universidade.

Iná abordou as diferenças entre democracia direta e democracia representativa, de acordo com as perspectivas do filósofo Jean-Jacques Rousseau, e explicou como as crises na democracia podem ser, na realidade, fruto das próprias sociedades democráticas. Para ela, os sistemas de representação, reforçados nas redes sociais, acabam por impulsionar a politização das opiniões imediatistas, o que, segundo a professora, torna a democracia disfuncional e demagógica.

— Um tempo atrás, dizia-se que a internet facilitaria a democracia, podendo chegar a democracia direta, por meio do contato entre governante e governados. Mas o que se vê atualmente, contrariando essa ideia, é que o ativismo digital impossibilita a negociação e consensos mínimos necessários ao processo decisório em ambientes democráticos.

Professora Iná Elias Castro. Foto: Maloni Ribeiro.

Entre os riscos da democracia mencionados pela professora, o ativismo digital foi fortemente criticado por ela. Iná afirmou que o espaço virtual gera cacofonia de vozes e alimenta debates rasos, com a “tribalização dos grupos digitais” e a impossibilidade de controle das “paixões”.

— Movimentos sociais são necessários, mas a Geografia deve considerar adequada a sociedade que se organiza e aprimora a política institucional, dando importância à atuação dos deputados e dos partidos políticos.

Para Iná, a perda dos democratas nos Estados Unidos, em 2016, pode ser consequência do apoio exclusivo às minorias em detrimento da cobrança da realização de ações concretas no âmbito governamental. A professora apontou que esse cenário se reflete na política brasileira e no resultado das urnas no final do ano passado.

Lattes

Doutora em Ciências Políticas, a Professora Titular do Departamento de Geografia da UFRJ também coordena o Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Política e Território - GEOPOL. Na área de Geografia Política, desenvolveu estudos sobre o regionalismo e o discurso político na Região Nordeste e agora analisa as relações entre o sistema político-institucional e o território.

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