Marielle como inspiração
02/04/2019 17:46
Núbia Trajano

O projeto COMUNIPUC retorna as atividades com apresentação do grupo Marielle Malês

O grupo Marielle Malês se apresenta no Anfiteatro Junito Brandão. Foto: Bia Cortes

O encontro que marcou o retorno das atividades do projeto COMUNIPUC foi dedicado à memória da ex-aluna Marielle Franco. A reunião foi embalada pelo repertório do grupo de sambistas Marielle Malês e trouxe uma nova roupagem para o projeto criado por padre Paul Schweitzer, professor emérito do Departamento de Matemática. Segundo a coordenadora do COMUNIPUC, professora Patricia Rodrigues, de Cultura Religiosa (CRE), a ideia é estreitar os laços entre as pessoas por meio do poder transformador da arte.

Professor de graduação de Marielle, o diretor do Departamento de Ciências Sociais, Ricardo Ismael, participou do sarau. Ele a definiu como uma aluna interessada e sempre disposta a fazer mais do que era pedido em sala de aula. Ismael foi orientador de Marielle em um projeto de iniciação científica e também do TCC que ela elaborou para o término do curso.

- Ela tinha uma vocação de liderança, e isso ocorria de uma forma muito natural, sem forçar a barra. Era uma pessoa carismática. Ela participou da comissão de formatura e foi uma das líderes desse grupo de pesquisa. Uma pessoa que falava com todo mundo, defendia seus ideais, sua luta, mas sem deixar ninguém de lado.

Ismael disse que, até a formatura da estudante, manteve uma relação estreita com Marielle. Ele observou que a vontade de aprender e a gana para obter conhecimento eram características fortes na personalidade da socióloga.

  Eu acho que, na verdade, você pode falar que ela foi subindo uma escadinha em sua trajetória, que nesse período em que ela estava na PUC, ela privilegiava a informação. Quer dizer, nós percebíamos aquela aluna atenta na sala de aula queria alguma coisa a mais. Fazia parte de um grupo de pesquisa, para poder ter uma formação ainda melhor. Não conseguiram calar ela, por mais brutal e covarde que tenha sido o assassinato.

A coordenadora do COMUNIPUC disse que o desejo é proporcionar aos participantes do projeto uma interação maior, com atividades lúdicas, mas ao mesmo tempo conscientes. A ideia, de acordo com Patrícia, é que professores e alunos tenham lazer e busquem reflexão a partir do que foi proposto. Patrícia observou ainda que é importante incentivar nos grupos o sentimento de solidariedade com a história do outro. Patricia destacou que o tributo à Marielle está de acordo com o legado da Pastoral: trabalhar com os direitos humanos

- Acho que temos muito que trabalhar esse sentimento de sororidade. Posso não ser o público alvo, foco inicial da maior parte dos abusos, mas o que atinge uma irmã minha, me toca. Acho que é isso que está faltando, essa sensação coletiva. E não deve ser menor aquilo que não acontece comigo. A longo prazo, vai tocar a todos. A luta de um é a luta de todos. Precisamos falar da injustiça que ainda assola nossa vida.

Pamella Mariano integrante do grupo Marielle Mallês. Foto: Bia Cortes

 Composto por quatro mulheres negras, o grupo Marielle Malês criou para o encontro do COMUNIPUC um repertório que lembrasse as ideias defendidas pela vereadora. A vocalista e cavaquinista Waléria do Cavaco disse que envolver o nome da Marielle com a causa do grupo é algo delicado e de grande responsabilidade.

 - A Marielle virou mártir para todas as pessoas. E, para nós, acho que é uma responsabilidade grande, porque é um fato atual. É um privilégio participar de um encontro como esse. Com certeza muita coisa vai mudar depois de tudo que está acontecendo. A morte dela não foi esquecida, pelo contrário, acendeu ainda mais a chama.

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