Diversidade na Educação
05/04/2019 17:40
Gustavo Magalhães e Letícia Messias

A Aula Inaugural do Departamento de Educação aborda o multiculturalismo na formação de professores

A professora Ana Invenicki participou da aula inaugural. Foto: Maloni Cuerci

Múltiplas culturas, identidades, respeito e valorização das diferenças. Esses conceitos estão implicados quando se fala em uma formação multicultural de professores. Apesar da temática recorrente, na prática existe uma tensão entre a priorização da diversidade e o desejo pela homogeneidade dentro das salas de aula. É o que afirmou a professora titular da UFRJ Ana Ivenicki durante a Aula Inaugural do Departamento de Educação, realizada no dia 28.

Na valorização da cultura representada por festas, feriados e ritos, por exemplo, a professora explicou que há uma abordagem folclórica ou liberal. O multiculturalismo crítico, por outro lado, trata as questões culturais e propõe atividades reflexivas. A abordagem pós-colonial, segundo Ana, é influenciada pela pós-modernidade e, em linhas gerais, prioriza o entendimento de que existem diferenças mesmo em um grupo de pessoas com características comuns. Já no decolonial, a questão é descolonizar os saberes e fazer uma revolução no currículo, como explicou a professora.

— Quando penso em currículo multicultural, em formação de professores, penso nas respostas. Não só numa dimensão contemplativa. Um dos sentidos do multiculturalismo é exatamente que tipo de resposta nós estamos dando.

Para Ana, o currículo multicultural pode e deve articular com as diversas áreas do saber e reforçar a construção de identidades plurais. Contudo, ela enfatiza que essas visões não são modelos fixos e nem parâmetros universais, uma vez que fazem parte de um discurso dentro de vários outros.

— A linguagem contida nos currículos representamas também produz identidades, e isso é muito forte porque pode estar minando a autoestima de algumas pessoas e invisibilizando outras. Como professores, temos um impacto muito grande na vida dos alunos. Sabendo que a linguagem representa, mas também produz identidades, podemos pensar de outras formas.  

Público acompanha a aula. Foto: Maloni Cuerci

      

A professora falou sobre a categoria identidades, a qual dividiu em individuais, coletivas e institucionais. Segundo ela, as identidades individuais correspondem à forma que cada um tem para se constituir como um ser independente e livre, moldado à própria maneira. A identidade coletiva aparece como forma de identificação de indivíduos com uma união em busca de interesses comuns, como, por exemplo, a pauta feminista. Já a identidade institucional diz respeito à postura que as instituições assumem em relação à diversidade que a constitui.

Para Ana, é preciso ter visão proativa na tentativa de elucidar questões e promover multiculturalismo por conta própria, e reativa para lidar com preconceitos e repressões às identidades individuais dentro das instituições.

— O preconceito não é novo, mas a conscientização é uma luta. Não temos respostas prontas. É preciso ter estratégias que, nesse sentido, são uma construção coletiva.

A PhD em Educação evidenciou que, por mais que pauta multicultural pareça, à primeira vista, de fácil execução, a aplicação é mais complexa. Ela apontou a seleção de informação, a inter-relação dos conhecimentos regionais, nacionais e internacionais e o limitado espaço para a pluralidade como desafios para a implementação do currículo não só na formação de professores, como também dentro e fora das salas de aula.  

— O ideal é a gente provocar a crítica à desigualdade e preconceito. A diversidade se impõe e precisa ser levada em consideração. A diversidade nos enriquece.

Mais Recentes
Alunos terão desconto em moradia universitária
PUC-Rio fechou parceria com Uliving, maior rede deste tipo de serviço no país
Álvaro Caldas lança quinto livro de sua carreira
Nos anos de pandemia, a janela se tornou uma ligação vital para mundo exterior
Tecnologia, Inovação e Negócios no Instituto ECOA
Encontro reúne alunos e convidados para discutir o fornecimento de água e saneamento no Rio de Janeiro