Professor indiano Sankaran Krishna, da Universidade do Hawaii, discute a atualidade do pensamento pós-colonial durante encontro na PUC-Rio

As consequências do pós-colonialismo para os dias atuais e o pensamento político em tempos de crise existencial foram alguns dos temas abordados pelo professor indiano Sankaran Krishna, da Universidade do Hawaii, na Aula Inaugural do Instituto de Relações Internacionais (IRI/PUC-Rio) no dia 8 de abril. A pesquisa de Krishna enfoca os estudos pós-coloniais, os conflitos étnicos e o nacionalismo na Índia. Atualmente, ele realiza diversos trabalhos a respeito do desenvolvimento econômico em países de terceiro mundo, da desigualdade social e do nacionalismo emergente.

Segundo o professor, o início da modernização e o desenvolvimento econômico indiano, na década de 1492, trouxe custos para as populações indígenas e às classes subalternas. Para ele, ficou evidente que o capitalismo é incompatível com a contínua sobrevivência no planeta como espécie, pois atua em contraposição às necessidades, interesses e bem-estar social.

O professor citou o livro ‘‘Globalization and Postcolonialism: Hegemony and Resistance in the Twenty-first Century’’. Na obra escrita por ele, Krishna argumenta a existência de um mundo inter-relacionado entre as diferentes culturas, a importância da história na construção de realidades contemporâneas e a influência das experiências pessoais na criação das narrativas sobre o mundo.

 - Como o colonialismo deve ser entendido para o presente em que vivemos, deve ser uma questão que formulamos e argumentamos, ao invés de algo que geramos abstratamente com base na inclusão teórica ou etnograficamente de espírito aberto.

 

 O pesquisador analisou a relação entre o desenvolvimento econômico de determinadas regiões indianas e a ideologia política atuante no local. De acordo com ele, os distritos mais pobres são os com maior insurgência de cunho maoísta, corrente comunista baseada nos ensinamentos de Mao Tsé-Tung, do Partido Comunista da China. Krishna ainda destacou que os locais com menor poder aquisitivo na Índia têm forte presença indígena quando comparada aos outros.

O professor discorreu sobre as três narrativas que compõem a tríade dominante da sociedade indiana. A primeira narrativa, para ele, refere-se à transcendência das sociedades; a segunda relaciona-se ao conjunto de ideias de cada indivíduo, com a propensão de produzir o que é bom para a sociedade; e a terceira aborda a evolução e a origem das espécies de Charles Darwin.

De acordo com Krishna, o pós-colonialismo traz a possibilidade de mudança política e a capacidade de fazer a diferença cada vez maior. Isso porque, para ele, o período assegura que o ponto de produção da sociedade precisa estar sempre voltado para uma mudança política progressiva.

- O pós-colonialismo não significa o fim do colonialismo, e sim a não definição dele. Não está acabado, está em progresso. O colonialismo está em progresso porque o sistema dos estados das nações ainda está desdobrando.