Desafio sobre rodas
30/07/2019 17:22
Letícia Messias

Equipe de carros off-road da PUC-Rio ganha campeonato estadual pela segunda vez

Reptiles Baja se consolida como a melhor equipe de carros off-road do Rio de Janeiro. Foto: Dada Ferreira

A Reptiles Baja foi a vencedora da IV edição de Baja Rio, que ocorreu no dia 27 de julho, em Maricá. Com o resultado, a PUC-Rio se consolida como a melhor equipe de Baja do Rio de Janeiro. Com o objetivo de formar melhores profissionais, o projeto multidisciplinar é formado, principalmente, por alunos de engenharia. Organizada pela Sociedade de Engenheiros Automotivos do Brasil (SAE), a equipe representa a Universidade em competições regionais e nacionais todos os anos.

Promovida por ex-integrantes de equipes de Baja, a competição estadual é menor, mas funciona com os mesmos moldes das que são estruturadas pela SAE Brasil. Com sete carros nas provas, a equipe Reptiles Baja não apresentou dificuldades na maior parte das etapas, que vão desde provas de segurança e apresentação de projeto até fases de resistência. Entre outros ganhadores estão a equipe do CEFET, que conquistou o segundo lugar, e a UFF de Volta Redonda, que ficou em terceiro.

A principal missão do projeto Baja SAE é desafiar os estudantes a colocarem em prática os conhecimentos obtidos em sala de aula, com foco no mercado de trabalho. As equipes universitárias devem projetar e construir um veículo off-road capaz de suportar terrenos acidentados e diversas condições climáticas. Coordenada pelo professor do Departamento de Engenharia Mecânica da PUC-Rio, José Alberto dos Reis Parise, cerca de 20 alunos compõem a equipe Reptiles, atualmente comandada pela estudante de Engenharia Mecânica Marina Moraes.

– O objetivo da nossa equipe é formar melhores profissionais, fazer as pessoas aprenderem mesmo. Aqui conseguimos praticar e aplicar muita coisa que vemos na sala de aula, e isso também estimula muito a nossa autonomia, porque somos obrigados a aprender coisas novas. Muito do que fazemos no carro, mais a fundo, não vemos na faculdade. Tem que ter uma pesquisa por fora, e isso é muito legal para nos estimular – disse Marina.

Marina Moraes é capitã da equipe Reptiles Baja. Foto: Maloni Cuerci


Uma das maiores dificuldades destacadas por Mariana é conciliar o tempo de construção do veículo e as atividades acadêmicas, além do cronograma limitado. Segundo ela, em menos de seis meses, tempo entre as competições nacionais e regionais, a equipe deve realizar diversas inovações e mudanças. Além disso, a cada dois anos é preciso reconstruir o carro para se adequar ao regulamento da competição, que é dividido em várias etapas.

– Quando chegamos lá, temos que passar pela prova de segurança. A competição tem um regulamento extenso, porque são alunos criando o protótipo. Então eles têm que garantir que o carro é seguro, para que mesmo que haja algum acidente, não tenha nenhum dano à pessoa que está pilotando. Os juízes seguem todos os pré-requisitos para avaliar se estamos aptos ou não. Se não seguirmos um deles, temos que voltar para nosso box, consertar e voltar para apresentar para eles. Se não for apresentada uma solução que cumpra todos os itens, não podemos competir, porque a vida do piloto é colocada em risco.

Caso a equipe consiga passar pela etapa de segurança estática, ainda é preciso enfrentar as provas de segurança dinâmica, onde é avaliada a capacidade do carro em passar pelos obstáculos que as provas exigirão dele. Testes de aceleração, velocidade, suspensão e tração são algumas das fases obrigatórias. Após esse período, o grupo precisa realizar as apresentações do projeto e, por fim, o enduro, uma prova de resistência.

– É uma pista grande, com certos obstáculos, mas não tão grandes, não exigem tanto do carro. Na competição nacional são quatro horas de carro rodando, com todas as equipes ao mesmo tempo, e ganha quem consegue fazer a maior quantidade de voltas. No Baja Rio, são duas. Como o carro fica muito tempo rodando em uma pista muito acidentada, é quase como uma prova para ver qual carro não quebra. Tem que ser bastante resistente para superar os obstáculos e resistir o tempo de prova.

Naja é o último veículo fabricado pela equipe. Foto: Maloni Cuerci


Aluno de Engenharia Mecânica e piloto na equipe Reptiles, Bruno Critsinelis afirmou que um dos desafios do Baja Rio é que, diferente das competições nacionais e regionais, esta é concentrada em apenas um dia, mas ainda exige todas as etapas. De acordo com ele, a equipe se dedicou na preparação do carro para as provas durante as duas últimas semanas, com treinamentos de apresentação e adequação do veículo ao regulamento. Ele explicou que, nos treinamentos de piloto, são ensinadas táticas para uma boa performance nas competições.

– Eu já tinha competido o último Baja Rio, que ganhamos também, em janeiro, e fui o segundo piloto no nacional. Desde então, passei a ser o primeiro piloto da Reptiles. Estar dentro do carro em uma competição é representar a equipe, a PUC-Rio, o trabalho que fizemos de meses, anos, e que está na minha mão. É uma responsabilidade muito legal.

Segundo Marina, para a construção de todo o projeto, a equipe conta com duas formas principais de arrecadação de verbas. A primeira delas é a Universidade, o grande fornecedor de recursos financeiros. Além disso, existem patrocínios na parte de produtos, como tintas, impressão 3D, componentes elétricos e até mesmo cursos de análise estrutural, para que os participantes aprendam mais sobre mecânica. O incentivo, geralmente, vem de empresas que têm interesse em contribuir com equipes universitárias.

A equipe levou o troféu de melhor do Rio no último sábado. Foto: Maloni Cuerci


A Reptiles Baja alcançou o 19º lugar entre 85 equipes na última competição nacional, no início do ano. Nas regionais, entre todas as equipes do Sudeste, o grupo conquistou a 10º posição em 2018. Para Marina, a expectativa é de que, nas próximas competições, os problemas das edições passadas sejam resolvidos e que seja superada a melhor posição obtida até então, quando alcançaram o 6º lugar, há dois anos. A equipe, no entanto, é relativamente recente. Com dez anos de existência, o grupo só está há apenas seis anos com carros. A Associação de Baja no Brasil, por outro lado, já tem 25 anos.

Apesar de ser uma equipe composta em grande maioria por alunos de engenharia, estudantes de qualquer curso ou período podem participar do processo seletivo. As inscrições abrem duas vezes ao ano, em março e no início de setembro. Segundo Critsinelis, um dos princípios da Reptiles é a ajuda não só entre os membros da equipe, mas entre participantes de outras universidades também.

– Nós nunca esperamos que alguém entre sabendo de alguma coisa, então criamos um planejamento para cada um. Algumas pessoas têm medo de entrar na equipe, por não saber muito sobre carros, principalmente mulheres. Mas nossa maior vitória é ver mulheres dentro da equipe. Sempre buscamos ajudar como que podemos, e é isso o que queremos sempre manter. Do que adianta vencer a competição se não tiver mais nenhum carro na pista? É o que falamos sempre nas reuniões antes das competições. Estamos sempre melhorando e tentando melhorar.


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